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Na primeira prova do líder da nova edição do Big Brother Brasil tudo aconteceu como na vida real para pessoas com deficiência. Ao se deparar com uma situação que era claramente excludente e poderia prejudicá-lo no primeiro teste de resistência do programa, o paratleta Vinícius Rodrigues foi obrigado a tirar a sua prótese já que o equipamento não pode molhar. É um retrato do tipo de exclusão e desdém que as pessoas com deficiência sofrem.
Ainda durante a prova, e depois do barulho que o acontecimento gerou nas redes sociais, a produção do programa arrumou a sua desculpa. Ela era bem precária, como também acontece na vida real.
“Vinícius, você combinou com a gente que iria vir com uma prótese que pode molhar. Se não for essa, podemos fazer a troca”, disse o apresentador. Permitir que o participante inicie a prova com o equipamento inadequado parece sadismo.
Como pessoa com deficiência, tenho paralisia cerebral desde que nasci. Fiquei um pouco irritado, mas não surpreso.
Fiquei irritado por considerar absurdo que o reality show de maior audiência e faturamento da televisão brasileira tenha criado uma situação excludente e demorado para resolvê-la. E não dá para alegar surpresa ou falta de experiência.
Primeiro, porque ninguém obrigou a TV Globo a selecionar um participante com alguma deficiência, ela fez isso por vontade própria e já que tomou essa atitude, deveria ter observado condições mínimas de equidade, isso deve ser feito antes da realização da disputa.
A Globo também não pode alegar que não sabia como lidar com a situação, porque já selecionou outra pessoa com deficiência para participar da atração —a também paratleta Marinalva, que ficou confinada no BBB 17.
A velejadora foi vítima de capacitismo, preconceito direcionado às pessoas com deficiência.
O participante Marcos Harter chegou a afirmar que ela usava muletas apenas para despertar o sentimento de pena nas pessoas.
Na manhã de hoje, um participante sugeriu o apelido de “Cotinho” para Vinicius, por causa de sua perna mecânica. Resta saber o que a produção fará sobre o assunto.
Uma curiosidade: em 2008, o então apresentador do programa, Pedro Bial, alertou aos confinados que não era correto utilizar o termo “mongolóide” para se referir à deficiência. Há, portanto, precedentes dentro do próprio jogo que permitem a conscientização.
A emissora se esforça para conseguir melhorar sua imagem junto a grupos aos quais historicamente ela dedicou pouca ou nenhuma atenção —os negros, os evangélicos e as pessoas com deficiência.
Nas novelas, personagens com deficiência passaram a ser interpretados por atores na mesma condição. No Fantástico, a repórter cadeirante Flávia Cintra fala sobre assuntos variados. Não apenas sobre sua situação.
Vinícius é a segunda pessoa com deficiência que participa do BBB. Esse número baixo pode indicar que a Globo ainda está aprendendo a lidar com a temática da deficiência quando precisa tratar dela fora de um ambiente controlado, como as novelas ou o jornalismo.
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Fonte: Uol