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Uma mulher expressa sua angústia dançando sobre um palco de gelo, com piruetas, saltos e rodopios, em uma espécie de balé acrobático. Sobre ela, pendurada no teto por um fio dramaticamente imperceptível, está outra artista igual, que repete seus movimentos no ar como um reflexo.
Crystal, a personagem, dá nome ao espetáculo do Cirque du Soleil atualmente em turnê nos Estados Unidos e que chega ao Rio de Janeiro em junho, antes de uma temporada maior em São Paulo, entre julho e outubro. A apresentação, única da companhia a acrescentar patinação do gelo aos números circenses, agitou a paisagem preenchida por picapes e vegetação seca de Frisco, no Texas.
No enredo, Crystal é uma garota que sofre bullying na escola e tem uma relação conflituosa com os pais. Sua paixão é patinar no gelo e, em uma de suas fugas, o lago congelado se rompe e ela cai na água. A partir daí, tudo o que acontece em cena é fruto do delírio de Crystal.
Quase como uma mistura de “Alice no País das Maravilhas” e “Divertida Mente”, os 44 acrobatas e patinadores são personagens de um mundo fantasioso e suas performances são influenciadas pelas emoções da protagonista.
Se as apresentações do circo são conhecidas pelas acrobacias extravagantes, a soma da patinação do gelo exigiu treinamento extra. Os patinadores contratados exclusivamente para o espetáculo, criado em 2017, precisaram estudar sobre acrobacias, enquanto os acrobatas aprenderam a patinar.
“Antes de entrar para o Cirque du Soleil estávamos acostumados com outros patinadores ao nosso redor, não pessoas sendo jogadas no ar. Tem muitas coisas acontecendo sobre nossas cabeças nesse espetáculo, o que não é normal para nós” diz Michael Helgren, artista de “Crystal” e patinador profissional.
Em um dos números, ele é responsável por empurrar, patinando sobre o gelo, uma espécie de barra enorme de pole dance pendurada ao teto, que balança em movimentos pendulares para que outros artistas pulem de uma estrutura a outra, dando cambalhotas no ar —enquanto a plateia, em uma espécie de curiosidade mórbida, emite gritinhos de espanto ao testemunhar a capacidade física dos artistas.
Os corpos rápidos dos patinadores são constantemente acompanhados por holofotes graças a dispositivos GPS equipados em seus figurinos, enquanto um minucioso sistema de segurança, baseado em fios de aço e colchões antiderrapantes, sustentam as acrobacias aéreas.
Mas, apesar do investimento tecnológico, “Crystal” mantém figuras tradicionais da cultura circense. O palhaço, desajeitado, faz rir quando tenta fazer algum número mirabolante e dá tudo errado. Ele é o único a quebrar a ‘quarta parede’, jogando bolas de neve no público.
Já o malabarista é o maestro que comanda uma cena inteira de dança no gelo, ditando o ritmo dos patinadores com bolinhas cor de rosa. Músicas acústicas dão vida a todo o espetáculo, intercaladas por hits dramáticos como “Halo”, da Beyoncé, e “Chandelier”, da Sia.
Se nos Estados Unidos o Cirque conta com arenas de hóquei para a montagem de “Crystal”, no Brasil será necessário cuidado extra com a estrutura. Isso porque, caso o chão de gelo não seja mantido na temperatura adequada, seu amolecimento pode gerar acidentes.
Uma tenda enorme, utilizada para o espetáculo “Toruk”, abrigará o chão gelado dos dias 13 a 23 de junho no Rioarena, no Rio de Janeiro, e dos dias 5 de julho a 6 de outubro, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. Com 20 metros de altura, a estrutura pode abrigar até 3.500 pessoas.
O enredo também passará por alterações, segundo Crystal Manich, diretora artística do espetáculo que, por coincidência, leva o mesmo nome da protagonista. Mas o essencial, a jornada da adolescente em busca de aceitação, ainda é o foco da trama. “Acho que muitas pessoas se conectam com essa coisa de ter sido motivo de piada na escola, ou da desconexão com os pais”, diz.
A repórter viajou a convite da produção
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Fonte: Uol