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A temperatura subiu um pouco e a insistente chuva que transformou o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, em um lamaçal nos últimos dois dias de Lollapalooza deu uma trégua.
O clima ameno foi perfeito para que artistas como Gilberto Gil, SZA e Sam Smith entrassem em cena com shows arrebatadores para um público que finalmente pôde tirar as capas de chuva.
Houve ainda o show do funkeiro Livinho, que sofreu com um atraso de 20 minutos —do qual responsabilizou a organização do festival— que reduziu bem o tempo de sua apresentação. Nela, o cantor fez um tributo ao rei do pop Michael Jackson, reproduzindo seu figurino e sua coreografia.
SZA
SZA expurgou coletivamente a dor de cotovelo —dela e de uma multidão de dezenas de milhares de pessoas. Última headliner a cantar no festival este ano, a artista fez ressoar pelo Autódromo de Interlagos, em São Paulo, sua abordagem única das canções de sofrimento por amor.
Tocando no palco Budwiser, o principal, com uma plateia bem menos cheia que o Blink-182, na sexta, mas maior que a do Kings of Leon, no sábado, SZA subiu ao palco vestindo uma camiseta verde e amarela do Brasil. Foi recebida e saudada aos gritos e, depois de cantar umas três músicas, gritou de volta o nome do país.
Mais à frente, dançou no palco com bandeiras do Brasil, e soltou uma gravação saudando o público em português. Ela agradeceu aos brasileiros e aos povos indígenas do país por recebê-la.
Aos 34 anos, a cantora chegou ao país cheia de credenciais. Apesar de ter mais de dez anos de carreira, Solána Imani Rowe, seu nome de batismo, despontou mesmo na música em 2017, com o álbum “Ctrl”. Depois, em 2022, emplacou o hit “Kill Bill” e virou sucesso mundial com o disco “SOS”.
Ela começou com um trecho de “Open Arms”, passou por “Seek & Destroy” e fez o Autódromo explodir com “Love Galore”. A participação de Travis Scott no hit surgiu nos alto-falantes, de onde também vieram as backing tracks —faixas vocais pré-gravadas que servem como backing vocals.
SZA é a rainha da sofrência do pop americano, quem melhor consegue traduzir atualmente o sofrimento por amor em música. O repertório, majoritariamente romântico, também ditou o clima do show.
Greta van Fleet
O festival, ainda lamacento, terminou com os agudos estridentes e as guitarras pesadas da banda Greta van Fleet.
Algumas centenas de pessoas, as que migraram para o show do grupo após ouvir a sofrência da headliner SZA, continuaram sofrendo, mas para tentar atravessar a lama do chão sem escorregar e alcançar o palco onde tocava o Greta.
O jeito foi andar devagarzinho, a passos curtos, torcendo para não cair de cara no barro. Os que conseguiram foram recebidos pela performance de “Safari Song”.
O grupo roqueiro, formado por três irmãos e um amigo, alternaram poucas canções a momentos dedicados só a solos de instrumentos. O baterista Danny Wagner arrancou aplausos da plateia várias vezes.
Quem também impressionou foi o vocalista Josh Kiszka, dono de um alcance vocal raro de se ouvir. Com jeito de estrela do rock dos anos 1970, o artista fez bonito na tentativa de energizar o público cansado após um dia inteiro de shows.
Sam Smith
Um tanto mudou na vida de Sam Smith do momento em que tocou no Lollapalooza Brasil da última vez, em 2019, até a apresentação deste domingo, 24, no mesmo palco e horário daquele ano.
Na época, Smith já tinha a maior parte dos prêmios Grammy de sua carreira na prateleira e as canções românticas lançadas em seu primeiro álbum, “In the Lonely Hour”, de 2014, acomodadas no repertório do público do país.
Meses depois da apresentação no Lolla, no entanto, Smith declarou que era uma pessoa não-binária que gostaria de responder por pronomes neutros —ou seja, nada de “ele” ou “ela”.
No palco, essas mudanças se traduzem em performance, cenário, aparência e discurso. Smith cantou em um palco Samsung com um enorme corpo deitado de bruços de ponta a ponta, de onde sua banda tocava e por onde seus dançarinos circulavam. Na estrutura, apareciam escritas mensagens como “protejam as crianças trans” e “libertação”.
“Nem acredito que cinco anos desde que estivemos aqui. Queria agradecer por continuarem comigo. Muito aconteceu na minha vida e saber que vocês estão aqui é incrível”, disse na parte inicial da apresentação. “Esse show é sobre a liberdade de usar o que você quiser usar, cantar qualquer música que quiser cantar e ser o que você quiser ser.”
Smith começou o show com a sequência melódica “Stay With Me”, “I’m Not the Only One”, “Like I Can”, todas de seu celebrado primeiro álbum e que deram bastante espaço para mostrar logo de cara sua capacidade vocal, que fez o público vibrar a cada canção e acompanhar como em um grande karaokê.
Gilberto Gil
O artista baiano fez uma apresentação que esta edição precisava ter no seu último dia, considerando que o evento sofreu como nunca com cancelamentos de artistas, substituições às pressas e um line-up muito criticado.
No palco, hoje acompanhado de poucos familiares, ao contrário da turnê recente “Nós, A Gente”, Gil teve efeito parecido com o show dos Titãs, que fechou o sábado.
“Vocês tomaram conta da música mundial, hein, molecada? Aficionados, devotados. Viva a juventude brasileira”, disse Gil, em resposta ao calor do público do palco Samsung Galaxy, que cantou todas as músicas do baiano.
Foi um começo de noite alegre e otimista no autódromo, com o público celebrando momentos em que Preta Gil aparecia no telão, que o patriarca pedia um tempo para arrumar o seu cinto e também quando mais um dos muitos sucessos do artista, como “Realce”, “Vamos Fugir”, “Andar com Fé” e “Palco”, começava.
É como se Gil esticasse sua família para além dos laços sanguíneos do palco e incluísse na conta a plateia, que o trata com familiaridade e reverência ao mesmo tempo.
Livinho
Com quase 20 minutos de atraso, MC Livinho surgiu no palco do Lollapalooza vestindo chapéu com brilho, uma única luva prateada e paletó preto. Foi parte da sua homenagem ao cantor Michael Jackson, a quem ele vinha prometendo dedicar este show nas últimas semanas.
O funkeiro usou os primeiros minutos da apresentação para dançar passos conhecidíssimos do artista americano, ao som de um remix de clássicos como “Beat It”.
A homenagem a Michael pareceu um tanto apressada. Conhecido pelo seu bom alcance vocal, Livinho arriscou cantar uma música do astro. Fãs na plateia se perguntaram se o tributo, sobre o qual Livinho vinha divulgando tanto, se resumiria apenas àquilo. Depois trocou de roupa e cantou músicas do seu próprio catálogo.
Quando se aproximava das 17h45, o cantor anunciou que teria de terminar a apresentação antes do que pretendia. “Vou ter que encerrar agora. Queria fazer o show inteiro, mas atrasaram”, disse ele, sugerindo que a culpa do atraso não era sua, mas do festival. “Vejo vocês no meu show ou no próximo Lolla”.
Apesar do tempo curto, Livinho mostrou que tem cacife. Animou a plateia com “Pilantragem” e depois com “Cheia de Marra” —ambas ganharam arranjos diferentes dos tradicionais, mais sofisticados, que surpreenderam os fãs.
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Fonte: Uol