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O clima no Lollapalooza, que ocorre no Autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo, estava pouco convidativo neste sábado (23), com lamaçal, uma chuva fraca e incessante e um vento frio que não deu trégua.
Os artistas desse segundo dia do festival encontraram uma plateia embrulhada em capas de chuva, entre cenas de tênis e botas inteiramente marrons, cobertos de terra molhada, escorregando entre um show e outro.
Além da locomoção, o dia também foi marcado pelo principal desafio dessa edição —o headliner Kings of Leon subiu ao palco Budwiser, o principal do evento, com a difícil missão de tapar o buraco deixado pelo cancelamento por motivos misteriosos do Paramore. O resultado passou longe do ideal, com alguns fãs entusiasmados, mas pouco vigor que valesse o espaço e o horário que ocuparam na programação.
Em contraste, os Titãs, que fecharam a noite no palco Samsung Galaxy, mostraram como suas canções estão enraizadas na memória brasileira, e foram ovacionados, num show de cerca de duas horas, encerrando a turnê “Encontro”, que rodou o país em mais de 40 apresentações.
Houve ainda shows do Thirty Seconds to Mars e do Limp Bizkit, em um dia que, embora tivesse mais atrações dedicadas ao rock, também teve apresentações de brasileiros de diversos gêneros, como a do rapper Xamã, do funkeiro Kevin o Chris e da cantora Manu Gavassi.
Kings of Leon
O headliner reuniu um público menor que qualquer outro show equivalente nos últimos anos do festival. Era fácil chegar bem perto do palco sem grandes esforços, ao contrário do que aconteceu na noite de sexta, 22, enquanto o Blink-182 tocava.
Na última passagem pelo festival, em 2019, a banda também mostrou seu rock comportadinho em um dia de forte chuva e também estava escalada para o palco principal do evento. Não era difícil prever que o efeito seria exatamente o mesmo da época, senão maior.
Para tentar contornar a situação ingrata de tocar para um público que não pagou para vê-lo, o quarteto preferiu se dedicar à parte mais queridinha de sua trajetória.
Apareceram no setlist, por exemplo, canções antigas como “Manhattan”, “Radioactive”, “Find Me”, “Supersoaker” “Molly’s Chambers”, lançadas entre 2003 e 2016.
Mas foi só com seus maiores sucessos, “Use Somebody” e “Sex on Fire”, do álbum que alavancou a carreira do grupo em 2008, “Only by the Night”, que o Kings of Leon conseguiu lembrar por alguns minutos o porquê de estar em uma posição como a de hoje.
Titãs
Depois da segunda música, o público já gritava o nome dos Titãs no show da banda na edição deste ano do Lollapalooza Brasil. A banda de rock levou ao festival o show da turnê “Encontro”, que passou por estádios em capitais do país nos últimos meses.
A prática se repetiu ao longo de toda apresentação, que aconteceu depois do Kings of Leon, atração principal deste sábado (23) no festival. Bastava um aceno ao público para que o coro com o nome da banda voltasse a ecoar.
A primeira parte foi toda dedicada à fase punk e anárquica, incluindo “Diversão”, “Lugar Nenhum” e “Homem Primata”, entre outras. Antes de “Tô Cansado”, Branco Mello se dirigiu à plateia para falar sobre a felicidade de poder estar no palco do Lollapalooza após superar um câncer.
A sensação que ficou é de que o cancioneiro dos Titãs está tão incrustado na música popular brasileira que nem quem não é fã passa imune. Até os vendedores ambulantes deram uma pausa no trabalho para pular e cantar junto com a banda na sequência de “Flores” e “Televisão”.
Se faltava à turnê de reunião uma provação fora de seu público mais cativo, os Titãs tiveram um bom termômetro de popularidade e alcance no Lollapalooza. Em termos de animação e engajamento, esteve à frente inclusive do headliner do dia, o Kings of Leon.
Limp Bizkit
Foi difícil alcançar o palco em que tocou a banda Limp Bizkit no Lollapalooza em razão do lamaçal causado pela chuva que caiu o dia inteiro em São Paulo.
Representante do metal alternativo, a banda Limp Bizkit tentou deixar a programação deste sábado mais roqueira. Fazendo o público bater cabeça desde o início do show, com “Break Stuff”, o vocalista Fred Durst chegou dizendo que era um prazer estar de volta ao Brasil. O grupo tocou no país pela última vez há oito anos.
A performance da canção “My Way”, lançada em 2000, foi uma das mais celebradas pela plateia. Os fãs foram ainda mais arrebatados em seguida com “Behind Blue Eyes” (2003), um dos hits do grupo. O show foi sustentado pela nostalgia de uma banda que fez sucesso nas décadas passadas.
O Limp Bizkit encerrou sua apresentação sem outros pontos altos, mas de forma correta. Parece ter sido bom o suficiente para os fãs, que cantavam empolgados, mas não para prender o resto do público, que saiu mais cedo que o de praxe para enfrentar a lama e assistir o Kings of Leon em outro palco.
Thirty Seconds to Mars
A banda de rock criada no fim dos anos 1990 foi escalada para a programação do festival após seis anos sem vir ao Brasil. E, ainda que não seja muito popular hoje em dia, havia demanda pelo show —na plateia, cheia até o fundo, pessoas comentavam sobre a nostalgia que sentiam ao ouvi-los.
Alguns fãs mais sortudos conseguiram chegar pertinho dos ídolos. Antes de entoar “Rescue Me”, o vocalista Jared Leto convidou cinco pessoas da plateia para subir ao palco com ele e o irmão. Enquanto os escolhidos tentavam alcançar o palanque, o cantor fez piada com a palavra “açaí”, em português mesmo.
Mas o momento mais curioso do show viria em seguida. Vestindo camiseta da seleção brasileira de futebol, Leto deu boas-vindas ao jogador Marcelo Vieira, do Fluminense. O brasileiro tocou com a dupla a música “Stuck”, do disco “It’s the End of the World But It’s a Beautiful Day”, lançado no ano passado.
O show terminou com a energia no alto ao som de “Close to the Edge”. A julgar pela empolgação do público, o Thirty Seconds to Mars tem muito a oferecer para a carreira de Jared Leto —talvez mais do que Hollywood tem dado a ele nos últimos tempos.
Kevin o Chris
Quando Kevin o Chris subiu no palco do Lollapalooza pela primeira vez, há cinco anos, ele era uma das grandes novidades da música brasileira. Na ocasião, o funkeiro foi convidado do trapper americano Post Malone e causou um alvoroço.
Em 2019, o funk 150 BPM, ou batidas por minuto, do qual Kevin é um dos maiores expoentes, estava no auge. Na noite deste sábado (23), quando ele subiu ao palco Alternativo do Lollapalooza, tanto ele quanto seu estilo de música são uma realidade estabelecida na música popular brasileira.
Kevin levou um show completo, esteticamente repaginado, ao festival. Emendou hits, como “Evoluiu”, embalando as músicas originalmente eletrônicas com riffs de guitarra, além de um teclado e um baixo.
Ainda que por vezes faça muitas concessões em relação à estética que o consagrou, o show de Kevin pode representar um caminho para o funk entrar cada vez mais no radar dos grandes festivais. As músicas estavam na boca do público, e um espetáculo completo e dinâmico como o dele tem o apelo de abrir os olhos de curadores mais conservadores em relação ao funk país afora.
Xamã
Xamã reuniu uma plateia numerosa para um show de meio da tarde, geralmente vazios, ainda mais no caso de chuva. Mas dava para notar também que muita gente, em especial no fundo da plateia, não conhecia o catálogo do artista —olhavam para o palco com curiosidade, sem cantar nem dançar.
O público se animou mais quando Xamã cantou “Malvadão 3”, seu maior hit, que viralizou no TikTok por causa da dancinha. Foi a partir dessa música que Xamã furou a bolha do rap, ficando mais conhecido entre artistas e fãs de outros gêneros musicais.
Chamou a atenção de Marília Mendonça, por exemplo, e com ela fez “Leão”. Foi este um dos melhores momentos do show, com Xamã dedicando a canção à rainha da sofrência, morta em 2021.
Manu Gavassi
Manu Gavassi subir ao palco Alternativo do com quase vinte minutos de atraso para um show bem executado, com covers de Rita Lee, hits adolescentes e algumas lágrimas.
Ela começou a apresentação ao som de “Pronta pra Desagradar”, música com pegada jazzística lançada em 2023, e seguiu com um apanhado de sua carreira que misturou singles e faixas de trabalhos como “Gracinha”, seu álbum de 2021 e “Vício”, EP de 2015.
Seu show começou a esquentar mesmo quando, em “Bossa Nova”, um áudio que Rita Lee mandou a elogiando fez o público vibrar. Gavassi, que já fez apresentações dedicadas a Lee e a tem como uma de suas maiores referências, emendou “Esse tal de Roque Enrow” e “Agora Só Falta Você”, sucessos da artista que morreu no ano passado.
Mas foi quando colocou óculos escuros e soltou um “bem-vindos à minha adolescência” que Gavassi capturou a maioria do público reunido ali, que esperavam para ouvir num festival de música canções que fizeram parte de suas vidas há mais de uma década.
“Caminho de Volta”, “Garoto Errado” e “Planos Impossíveis”, a maior música dela, ganharam coros e elogios da plateia que fizeram a artista chorar.
BK
BK lamentou a situação meteorológica, mas tocou seu show com a mestria de costume. Dos mais habilidosos rimadores de sua geração, ele foi de “Castelos e Ruínas”, álbum de 2016 que o projetou, com “Amores, Vícios e Obsessões”, “Caminhos”, a “Icarus”, trabalho mais recente, de 2022, com “Amanhecer” e “Se Eu Não Lembrar”, entre outras. Passou por “Gigantes”, disco de 2018, com “Julius”, e “O Líder em Movimento”, de 2020, com “Universo”.
Sem banda, só com um DJ, BK contou com outras quatro pessoas no palco fazendo dobras e harmonias de voz para adornar os instrumentais. Ainda chamou o parceiro Luccas Carlos para uma sequência de sucessos românticos, com “Planos” e “Músicas de Amor Nunca Mais”, além da filosófica “Quadros”.
Como assistir aos shows de casa
As principais apresentações podem ser vistas de casa pelo público. O canal Multishow transmite os shows dos palcos Budweiser e Samsung Galaxy, a partir das 14h30. O canal Bis, por sua vez, exibe as apresentações dos palcos Perry’s by Johnnie Walker e Alternativo. Quem não tiver acesso a uma televisão poderá assistir às transmissões via Globoplay.
Veja a programação de shows
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Fonte: Uol