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Considerado por muitos críticos um dos maiores filmes-concerto de todos os tempos, “Stop Making Sense”, registro de shows da banda nova-iorquina Talking Heads, dirigido por Jonathan Demme está completando 40 anos. E enfim o público brasileiro terá a oportunidade de ver a cópia remasterizada em 4K da obra, lançada no final do ano passado, em duas sessões no IMS Paulista neste mês.
Filmado em três apresentações no teatro Pantages, em Los Angeles, em dezembro de 1983, “Stop Making Sense” capturou o Talking Heads em seu auge criativo, no lançamento do quinto LP, “Speaking in Tongues”.
Formado em Nova York em meados dos anos 1970 por David Byrne (vocais e guitarra), Chris Frantz (bateria), Tina Weymouth (baixo) e Jerry Harrison (teclados, guitarra), o grupo fez parte de uma notável geração do rock americano, junto a nomes como Ramones, Blondie e Television.
Embora as bandas apresentassem sonoridades distintas —os Ramones mais pesados e agressivos, o Blondie, mais comercial e pop— esses grupos, que se apresentavam num clubinho chamado CBGB’s, formaram a geração considerada a pioneira do punk.
O Talking Heads era a mais “artística” dessas bandas. Byrne, Frantz e Weymouth haviam se conhecido numa escola de arte e design e, antes do Talking Heads, tinham uma banda chamada “Os Artísticos”. O som combinava elementos minimalistas do punk rock com letras espertas e um pé na música étnica, especialmente em batidas africanas.
Quem assiste a “Stop Making Sense” percebe de cara a ambição artística e estética da banda. Antes dele, filmes-concertos se limitavam a registrar shows, sem interferir neles. Um bom filme-concerto era aquele que conseguia capturar a “essência” do artista.
Mas em “Stop Making Sense”, o diretor Jonathan Demme pôs câmeras em cima do palco, coreografou sequências em que os músicos praticamente atuavam para as câmeras, e criou uma iluminação especial para a filmagem.
O resultado foi muito diferente do que se conhecia até então por registros de shows. De certa forma, o filme capturou o espírito dos videoclipes da então nascente MTV, surgida em 1981.
“Stop Making Sense” foi lançado em 1984 e ajudou a popularizar o Talking Heads. O álbum seguinte da banda, “Little Creatures” (1985), foi seu maior sucesso comercial, atingindo a marca de Platina Dupla (2 milhões de cópias) nos Estados Unidos.
Infelizmente, marcou também o início do rompimento do grupo, em 1991, causado principalmente pela vontade de David Byrne de lançar sua carreira-solo. Frantz e Weymouth, casados desde 1977, haviam lançado em 1981 um projeto paralelo, chamado Tom Tom Club.
A separação não foi amigável. Byrne foi acusado de tomar crédito individual por canções que haviam sido compostas em conjunto e de vender o catálogo da banda sem anuência de todos. Em entrevistas recentes, ele próprio disse que não era “a pessoa mais fácil do mundo” naquele período. Nos anos 1990, Frantz, Weymouth e Harrison formaram uma banda chamada The Heads e fizeram uma turnê sem Byrne, que os processou.
Desde o fim do grupo, os quatro se reuniram pouquíssimas vezes, incluindo a indução do Talking Heads ao Hall da Fama do Rock, em 2002. Desde então, não haviam mais se juntado, até que, em 11 de setembro de 2023, os quatro foram entrevistados pelo cineasta Spike Lee, grande fã da banda, durante o Festival de Cinema de Toronto no ano passado, numa sessão que celebrou o relançamento do filme.
Lee começou a entrevista afirmando que considera “Stop Making Sense” o maior filme-concerto já feito, e foi visto dançando —assim como toda a plateia— durante a exibição do filme. Quando o cineasta pediu à baixista Tina Weymouth para escolher suas músicas prediletas do filme, ela respondeu: “Ah, Spike, isso é como pedir para eu escolher qual dos meus filhos eu amo mais!”
Felizmente, a tensão entre os membros não foi vista na reunião. “Talking Heads era uma banda tão boa”, disse o baterista Chris Frantz. “Peço licença para um autoelogio, mas é tão bom estar de volta com meus companheiros de banda hoje”. David Byrne disse ter se emocionado ao ver o filme com uma plateia: “É por isso que vamos ao cinema! É muito diferente de assistir no meu laptop!”
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Fonte: Uol