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Uma torrefação de café paulistana formada por mulheres e dedicada a comercializar apenas grãos cultivados por agricultoras foi arrombada e teve equipamentos furtados na madrugada do Dia Internacional da Mulher.
Na manhã do último dia 8 de março, ao chegar à sala onde fica a sede da Punga, na sobreloja de um imóvel na avenida Pedroso de Morais, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, a sócia Elis Bambil tomou um susto.
A porta estava arrombada, o local estava revirado, e vários equipamentos haviam sido furtados.
Segundo Bambil, os criminosos levaram desde eletrônicos, como a televisão e as balanças de precisão usadas nos cursos de preparo de café, até utensílios, como cerâmicas próprias para competições de baristas –que custam caro.
Pelos cálculos das proprietárias da micro torrefação que tem apenas seis meses de existência, o prejuízo é de cerca de R$ 10 mil.
Como é uma pequena empresa com pouco tempo no mercado, a Punga precisou pedir ajuda dos clientes para se reerguer. Por isso, lançou uma campanha virtual na qual o consumidor pode contribuir com valores a partir de R$ 15 e ganhar recompensas. Quem apoiar com R$ 40, por exemplo, já terá direito a um pacote de café de 250 g.
A Punga é uma torrefação e escola de cafés especiais fundada por Bambil e por Keiko Sato. Além de fornecer para cafeterias, também vende pacotinhos de café para o consumidor final.
Todo o projeto da empresa é voltado para a valorização do papel da mulher na cadeia produtiva. Os grãos são produzidos por agricultoras, e os cafés são vendidos com nomes de mulheres que foram importantes para o desenvolvimento do setor ou para as vidas das sócias.
O próprio nome da empresa é uma homenagem a Maria Emília Vieira, conhecida como Punga, uma mulher negra que vendia café e quitutes no centro de São Paulo no século 19.
“A ideia é basicamente prestar homenagem e trazer à luz essas mulheres do café”, diz Bambil. “A gente sabe que ainda não é um espaço igual, onde muitas vezes não temos a mesma voz de homens”.
De fato, o setor ainda é fortemente dominado por homens. As grandes fabricantes de café do Brasil têm homens brancos nos principais cargos de chefia. No campo, a realidade não é diferente. Dados do Censo Agropecuário de 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que, em um universo de 5,07 milhões de estabelecimentos rurais, 4,11 milhões (81,3%) são geridos apenas por homens.
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Fonte: Folha de São Paulo