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Os cafés da variedade geisha, originária da Etiópia, que costumam ser vendidos a preços exorbitantes, começam a entrar com maior força no mercado brasileiro. Com isso, já é possível encontrar opções por valores um pouco mais acessíveis. Em São Paulo, ao menos duas cafeterias estão vendendo pacotes por até R$ 50.
A premiada Pato Rei, com duas unidades na capital paulista, está com uma promoção até o fim desta semana na qual o pacotinho, que antes custava R$ 120, está saindo por R$ 60 (250 g).
A oferta surgiu por uma razão inusitada. A Enel iria fazer uma manutenção, na última sexta (15), na rede elétrica da região onde a cafeteria está instalada, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Como ficaria sem energia, o estabelecimento resolveu fechar e dispensar a equipe neste dia. Mas a Enel suspendeu a manutenção, e a cafeteria acabou fechando “em vão”. Para tentar reverter o prejuízo, fizeram uma promoção para impulsionar a venda do geisha, que é um dos cafés mais valorizados da casa.
Trata-se de grãos cultivados na Mantiqueira de Minas pelo produtor Luiz Paulo Pereira e submetido a um processo de fermentação anaeróbica. Com características típicas da variedade geisha, é floral e tem notas de mamão. Foi o café usado por Tiago de Mello, sócio do Pato Rei, no campeonato brasileiro de preparo de café coado –na ocasião, ele ficou com a terceira colocação.
Já a Flipo, cafeteria situada na Consolação, região central de São Paulo, vende um geisha cultivado na região vulcânica –área entre o sul de Minas e nordeste de São Paulo que pratica uma agricultura de altitude em solo vulcânico– por R$ 50 o pacote com 200 g. Ele não foge à regra dos cafés desta variedade e tem sabores florais e frutados, como notas de jasmim, mamão e limão.
O geisha (ou gesha) é uma variedade de café arábica que surgiu no vilarejo de Geisha, na Etiópia –não tem, portanto, nenhuma relação com as gueixas da cultura japonesa. Foi no Panamá, porém, que esta variedade de fato encontrou solo fértil e alcançou uma qualidade reconhecida mundialmente.
Hoje, é uma das variedades mais valorizadas no planeta. Geralmente produz um café muito aromático, com notas florais e acidez balanceada. Por isso, pode alcançar valores bastante elevados no mercado de cafés especiais –é comum eles serem arrematados em leilões disputados.
Essa valorização do geisha começou no início dos anos 2000 e tem crescido desde então. Em 2022, um microlote produzido pela fazenda Lamastus Family Estates, no Panamá, foi vendido em um leilão pelo impressionante preço de US$ 6.034 (aproximadamente R$ 30 mil) por libra –ou US$ 13.302 (cerca de R$ 65 mil) por quilo.
No Brasil, a variedade também tem alcançado valores recordes. No ano passado, um lote cultivado pela Orfeu em São Sebastião da Grama (a cerca de 250 km de São Paulo) foi vendido por US$ 130,30/lb-peso, ou R$ 84,5 mil por saca de 60 kg, o que corresponde a um valor de R$ 1.410 por quilo, se tornando o maior valor já pago em leilão por um café natural brasileiro.
Não à toa, os geishas são figurinhas carimbadas em competições de alto nível, como o World Barista Championship (WBC), que elege anualmente o melhor profissional no preparo de cafés do mundo, e o World Brewers Cup (WBrC), este focado nos coados. Dos nove vencedores do WBrC entre 2011 e 2019, sete conquistaram o título preparando cafés da variedade geisha.
É claro que a variedade não é o único fator decisivo para a qualidade do café. Muitas questões interferem na qualidade final da bebida, como terroir, manejo, processamento pós-colheita, torra etc. Logo, não basta ser de uma variedade considerada nobre. É preciso que o café passe por um tratamento qualificado ao longo de toda a cadeia.
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Fonte: Folha de São Paulo