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Tássia Magalhães, 34, chef de reconhecimento internacional à frente do Nelita, 21º melhor restaurante da América Latina segundo o prêmio 50 Best, nem pensava em fazer gastronomia. Ela queria mesmo era cursar direito.
O gosto pela cozinha, no entanto, foi tomando forma quando a paulista de Guaratinguetá, cidade a 180 km de São Paulo, era adolescente. Aos 15 anos, um de seus hobbies era reproduzir as receitas que via no programa da apresentadora Palmirinha (1931-2023). “Eu era fascinada”, diz.
Quando prestou vestibular, se matriculou em uma faculdade de direito. “Gostava muito de cozinhar, mas não enxergava isso como uma profissão.” Foi seu pai, Ubirajara, que deu um empurrão para a mudança de profissão. “Ele foi um dos meus maiores incentivadores e me deu livros para entender gastronomia.”
Magalhães se formou cozinheira no Senac de Campos do Jordão, em 2009. Em seguida, foi a São Paulo fazer estágios.
O primeiro trabalho foi no Pomodori, restaurante italiano comandado na época pelo chef Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco. Entrou como estagiária e saiu como proprietária do negócio, onde trabalhou por quase dez anos.
Nesse meio tempo, em 2010, morou por um ano na Dinamarca e trabalhou em restaurantes como o Geranium, com três estrelas Michelin. Fez ainda uma breve passagem pela cozinha do Noma, eleito naquele ano o melhor restaurante do mundo pelo 50 Best.
No Pomodori, Magalhães se apaixonou pela cozinha italiana, que seria a base de seu trabalho. Começou como confeiteira, algo de que sempre gostou, mas ficava de olho no movimento da cozinha quente. Aos 23 anos, assumiu o restaurante, até 2018, ano que ela descreve como muito difícil em sua vida. “Meu pai tinha morrido e eu não sabia muito bem o que ia fazer”, diz.
Decidiu investir em projetos próprios, como o Riso.e.ria, especializado em arrozes, receita comum em sua família. A casa funcionou no Itaim Bibi e será reaberta pela chef. Do gosto pelas massas veio o Uno Masseria, que funcionou por delivery na mesma cozinha.
Um bolo de chocolate de sucesso fez nascer o Mag Market, cafeteria na qual a chef mostra seu lado confeiteiro, aberta há um ano no Itaim Bibi, e que renovará o cardápio de sobremesas em breve.
Seu principal projeto até hoje é o Nelita. A casa, inaugurada em maio de 2021 em Pinheiros, nasceu premiada. Com menos de um ano, entrou no 50 Best da América Latina em 39º. Na última edição, subiu 18 posições. Na cerimônia do prêmio, no Rio, a chef estava bastante emocionada.
“Não consigo fingir normalidade. Sempre fico nervosa. É um reconhecimento do nosso trabalho, de que as pessoas realmente estão gostando.”
Ela apresenta uma cozinha italiana mais delicada e autoral, sem massas clássicas. Há pratos à la carte e um menu-degustação a R$ 440, servido para só dez pessoas no jantar. O nome da casa é uma homenagem a sua mãe, Vani Helena.
Depois de passar por cozinhas formadas majoritariamente por homens, a chef decidiu montar uma equipe apenas com mulheres. No salão, no entanto, há homens que trabalham no atendimento. “Ainda existem dificuldades para as mulheres na cozinha, mas temos cada vez mais ganhado esse espaço”, afirma.
No ano passado, Magalhães foi eleita pelo prêmio francês La Liste como um dos novos talentos da gastronomia. Com os reconhecimentos, choveram convites para cozinhar em restaurantes do Brasil e em países como Argentina, México e República Dominicana.
Seu Nelita vai fazer três anos com um novo menu-degustação, em maio. Nele, vai contar em receitas a sua história. Que, numa mudança de rumos, foi da garota do interior que mal viajava para uma das chefs com agenda mais disputada.
Mag Market
R. Dr. Renato Paes de Barros, 433, Itaim Bibi, região oeste, @magmarket_
Nelita
R. Ferreira de Araújo, 330, Pinheiros, região oeste, @nelitarestaurant
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Fonte: Folha de São Paulo