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A edição mais recente do Melhor de SãoPaulo da Folha premiou o Osso, uma churrascaria especializada em cortes maturados a seco (dry aged) como melhor restaurante para comer carne na cidade.
Em outros guias, têm sido aclamadas casas especializadas em parrillas ao estilo argentino ou uruguaio, com preparo de gado wagyu e com cortes novos para a cidade, como o denver steak, o flat iron e a entraña.
Enquanto o público paulistano mergulha em novas experiências com churrascarias, a tradição também mantém sua popularidade. É o caso do Rodeio, casa que completa 65 anos em 2024 e que permanece atrelada a uma proposta clássica já consagrada na cidade.
Tradição foi uma das palavras mais proferidas pela superintendente do restaurante, Silvia Macedo Levorin, durante um almoço recente no Rodeio do shopping Iguatemi. Após mais de seis décadas, o restaurante sempre evitou seguir modas ou dar guinadas na sua proposta. Nunca entrou na onda dos rodízios, que por muito tempo dominaram a cena de churrascarias, não apelou a cortes mais diferentes da ementa popular no Brasil, não abandonou a picanha. Tudo para “manter os valores da empresa e os processos tradicionais”, explica. “Não dá para reinventar o boi”, diz.
A proposta pode soar um tanto anacrônica, e uma visita ao salão cuidadosamente decorado, com toalhas brancas e serviço formal pode contrastar com a ideia que algumas pessoas têm de um churrasco, mas a casa mantém seu apelo. Prova disso é que os dois endereços estão sempre cheios e lá são servidas 4,8 toneladas de carnes por mês.
Assim, os clássicos continuam dominando o menu.
Se é para falar em tradição, talvez poucos restaurantes do mundo ainda sirvam o que o Rodeio chama de beef tea (chá de carne, R$ 75). Trata-se de um caldo preparado com carnes e ossos longamente cozidos com temperos e que remete aos “bouillons”, sopas restauradoras que estavam no surgimento dos primeiros restaurantes da história, na França. O caldo chega em uma xícara, quente, quase translúcido e dá uma impressão de leveza, mas é encorpado, tem um toque picante e parece preencher o estômago, energizando imediatamente.
Entre as carnes, a costela de boi (R$ 248) é macia e suculenta, daqueles cortes que se desfazem no garfo e cujo sabor se espalha pela boca deliciosamente.
O prato mais famoso da casa é a picanha fatiada (R$ 298). Servida bem fina, ela perde o apelo de textura e de ponto mais mal passado que tem sido valorizado por casas mais contemporâneas em cortes grossos, mas ganha sabor pelos toques de caramelização dos dois lados e fica bem saborosa. A carne é finalizada no salão, em pequenas parrillas de inspiração argentina instaladas no centro do restaurante, mas cuidadosamente planejadas para evitar que a fumaça se espalhe pelo ambiente.
Também tem clássico entre as sobremesas. O rodeio volta décadas ao passado com um creme de papaia com cassis que foi moda em todo o país nos anos 1980 —e que pode surpreender quem acha que é um preparo ultrapassado. Gelado e com textura macia de um sorvete, tem um toque que lembra baunilha e é bem refrescante, fechando bem uma refeição cheia de carnes.
Uma das poucas inovações da casa é que ela atualmente oferece pratos mais pensados para clientes que não comem carne —mesmo que ainda sejam poucos. Além de saladas servidas com folhas e legumes picados e temperados, com texturas heterogêneas e boa refrescância, a cozinha também oferece um risoto de brie e aspargos (R$ 155) que tem ganhado adeptos.
E é uma guarnição vegetariana que se destaca mesmo no meio de muitas carnes. O palmito assado (R$ 88) é capaz de valer a visita ao restaurante. Servido macio, tem sabor delicado e é acompanhado por manteiga e alcaparras.
A manutenção da repetida tradição faz com que o Rodeio tenha um público fiel, que frequenta a casa regularmente, conhece os garçons e se sente em casa no salão do restaurante, com uma relação quase familiar, segundo Levorin. “O cliente do Rodeio nem precisa olhar o cardápio”, diz.
Não há dúvida de que o restaurante faz parte da história gastronômica da cidade, mas se o cliente tiver limites financeiros, é bom olhar com atenção o menu e avaliar os custos de cada pedido para não se assustar. Uma refeição completa na casa pode passar facilmente de R$ 500 por pessoa.
Isso porque um almoço pode começar com o couvert (R$ 45) para poder experimentar os deliciosos pães de queijo servidos quentinhos, incluir o beef tea (R$ 75) de entrada para conhecer o interessante caldo restaurador, e passar por uma salada mista (R$ 68).
De prato principal, não pode ficar de fora a famosa picanha fatiada para uma pessoa (R$ 298), que merece ser acompanhada pelo excelente palmito assado (R$ 88) e talvez de um popular arroz rodeio, versão do popular biro biro com batata, cebola, ovo e bacon (R$ 88). Para finalizar, tem o creme de papaia (R$ 53). É verdade que seria comida demais para uma pessoa só, mas daria um total de R$ 715, sem contar o serviço.
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Fonte: Folha de São Paulo