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Durante cerca de 70 minutos, a atriz Marisa Orth ocupa sozinha o palco do Teatro Bravos, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Apesar de ser seu primeiro monólogo em uma carreira de 40 anos, esta é a terceira vez que ela encena o espetáculo “Bárbara”, livremente inspirado no livro autobiográfico da jornalista Barbara Gancia, “A Saideira”.
A peça fica em cartaz de 1º de março até 28 de abril após uma temporada de estreia no Teatro Faap durante a pandemia de Covid-19, em que a plateia ficava restrita a 60% da capacidade, e outra curta no Teatro Renaissance, ambos em São Paulo. O espetáculo fez turnê pelo Brasil e foi visto por mais de 37 mil pessoas.
A apresentação começa no estilo stand-up comedy, com interação com o público, quebra da quarta parede e uma reflexão sobre o humor. Ao longo do espetáculo, se revezam em cena histórias das vidas de Marisa e de Barbara —que foram selecionadas do livro em um processo que envolveu o diretor e idealizador da peça Bruno Guida, a autora do texto Michelle Ferreira e a própria Marisa Orth.
Barbara Gancia, que publicou o livro sobre a dependência do álcool em 2018, não fez parte da montagem, mas já assistiu à peça, se emocionou e aprovou o resultado.
A trama explora a relação da jornalista com bebidas alcoólicas ao longo de 30 anos, mas também trata de outras compulsões e da superação da dependência. Apesar da temática séria, a peça tem tom bem-humorado ao representar os episódios, que não tratam apenas sobre momentos difíceis.
Em entrevista à Folha, Marisa Orth reconhece o papel do álcool na socialização e brinca dizendo que o público seria afastado da peça caso pensasse que a apresentação seria uma campanha contra a bebida. Ela conta que, ao final das sessões, é comum que espectadores que estão em remissão da dependência relatem sua experiência com a peça e com o vício.
“Já teve paciente que saiu da clínica e foi assistir à apresentação com o terapeuta”, conta. Outras pessoas da plateia, diz Orth, agradeceram-na por ajudar a entender parentes que conviveram com a dependência. A atriz também acredita que sua própria relação com o álcool mudou depois de dar vida a Barbara nos palcos.
Apesar de não ter parado de consumir bebidas alcoólicas, ela diz estar mais consciente nos momentos em que bebe e nos limites das pessoas. “A gente pensa que o dependente é aquele que está na calçada, mas tem um monte de dependente sendo produtivo”, diz.
Ela também afirma que o espetáculo extrapola a temática e trata de diferentes tipos compulsões, podendo se aplicar a videogame, celular, redes sociais e outras.
Tratar desses temas enquanto faz piada não é o mais difícil para Marisa Orth: ela conta que acertar o ritmo de um monólogo foi a parte mais complicada. Segundo a atriz, a peça tem muitas mudanças e é preciso entender o público para que ele não se perca ou se canse. “Tem cena realista, tem clínica, tem festa, tem eu, tem Barbara criança, e distribuir essa energia é difícil, mas é muito legal” diz.
Em uma espécie de spoiler, Marisa reforça que essa é uma peça que tem final feliz, “afinal Barbara Gancia está viva e maravilhosa”.
“Acho que é uma oportunidade do público voltar com aquele cunhado, aquele amigo que precisa de um toque, que tem dificuldade de compreender essas relações”, completa.
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Fonte: Uol