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Adam Sandler foi para o espaço pela primeira vez na carreira. O ator lança na Netflix esta semana o filme “O Astronauta”, em que estreia no gênero da ficção científica após trabalhar por décadas em comédias. A premissa também é bastante diferente, obrigando-o a atuar sozinho por quase toda a história e com apenas uma criatura de CGI de companhia.
“Eu li o roteiro e achei interessante o filme ser uma versão romântica e, ao mesmo tempo, não romantizada do gênero”, diz Sandler em uma entrevista por vídeo. “Ele tinha uma energia que nunca havia visto e com a qual nunca havia trabalhado.”
Na história, o ator vive Jakub, o astronauta do título, que está em uma missão solitária para investigar os limites do sistema solar. Com a nave no piloto automático, Jakub passa os dias verificando os equipamentos, se mantendo em forma e fazendo o garoto-propaganda oportuno. A sua única companhia são as mensagens de vídeo da equipe do programa espacial tcheco e de sua esposa, Lenka —papel de Carey Mulligan.
Os problemas começam quando o desbravador percebe que a sua amada não dá notícias há dias. O que ele não sabe é que Lenka decidiu terminar o casamento por e-mail, em uma mensagem que foi interceptada pela agência. Sem o contato da esposa e isolado por tempo demais, Jakub entra em crise no espaço.
As coisas se complicam de vez quando o astronauta descobre uma companhia na nave. Ele descobre nos compartimentos um alienígena com forma parecida com o de uma aranha gigante, que se apresenta como um refugiado de milhares de anos de vida. A criatura, que fala em inglês, se chama Hanus e tem o poder de visitar as memórias dos outros, o que a transforma no psicólogo espacial ideal de Jakub.
Essa impressão ganha corpo na voz de Paul Dano, que dubla Hanus com uma voz muito calma e aveludada. “Eu queria que o meu personagem soasse como algo muito zen, mesmo quando nós avançamos em direção a algo assustador”, diz o ator.
O filme também é uma experiência diferente para ele, que volta a dublar um personagem depois de “Onde Vivem Os Monstros”, de 2009. Segundo Dano, o perfil de Hanus o atraiu ao papel, bem como a chance de trabalhar com Adam Sandler em uma história estranha.
“Lendo o roteiro, percebi o quão belo Hanus era. Ele é uma aranha que viaja pela galáxia por milhares de anos, encontra esse humano solitário e decide ajudá-lo na viagem e com seus problemas.”
“O Astronauta” é baseado no livro homônimo do theco Jaroslav Kalfar, mas por vezes ele lembra os filmes de ficção científica dos anos 1970 e 1980 feitos em países do leste europeu. A nave, por exemplo, cerca Jakub de equipamentos analógicos, com direito às mensagens transmitidas com a resolução de um vídeo cassete. A trama, por sua vez, é uma grande alegoria espacial que se debruça por temas como o luto e a depressão em um olhar sentimental, que internaliza as dores dos personagens.
Mas o espectador que pensar em nomes como o do polonês Piotr Szulkin e do russo Andrei Tarkovski já fará mais que o próprio diretor, Johan Renck. “Eu não assisto a muitos filmes, eu sou mais dos livros”, diz o cineasta sueco.
“Eu gosto de trabalhar com minha intuição, com instintos que traduzam o meu tipo de imaginário, tom e sentimentos. Os meus projetos são muito pessoais, é como eu gosto de fazer as minhas coisas.”
Renck é uma figura particular para Hollywood. Ele começou a carreira como cantor, sob o pseudônimo Stakka Bo, e chegou ao topo da indústria ao dirigir a minissérie “Chernobyl”, em 2019. Mas ele emplacou primeiro como diretor de clipes de música, obtendo o seu primeiro grande sucesso com o vídeo de “Hung Up”, cantado por Madonna em 2005.
O sueco prendeu a atenção do público de vez em 2015, quando dirigiu “Blackstar”, clipe de música crepuscular de David Bowie. O vídeo, com quase dez minutos, divide semelhanças com “O Astronauta” na ambientação espacial e no flerte com a morte —o Major Tom, famoso personagem de Bowie, aparece como um esqueleto logo no início.
Quando questionado sobre a comparação, o diretor se diverte com a proximidade dos dois trabalhos. “Pensando agora, Jakub é parecido com o Major Tom”, diz Renck. “Os dois estão sozinhos no espaço, eles passam por dificuldades na comunicação com a Terra e a saúde mental deles está péssima com a solidão.”
Mas Renck encara “O Astronauta” por um ângulo diferente de “Blackstar”, voltando o filme às relações humanas. Ele diz até que a produção tem um quê semibiográfico, mesmo que nunca tenha ido para o espaço, porque a trama o lembrou dos seus casamentos e namoros.
“Este filme discute como lidamos mal com nossos relacionamentos apenas porque priorizamos outras coisas sob eles. O sucesso na profissão, os valores narcisistas, nossas vaidades, tudo isso acaba acima de nossas relações com pessoas próximas da gente.”
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Fonte: Uol