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A diretora brasileira Juliana Rojas e sua equipe receberam aplausos efusivos da plateia alemã na primeira sessão pública de “Cidade; Campo”, nesta segunda (19), um filme de coprodução do Brasil, Alemanha e França que está tendo sua première mundial no Festival de Berlim.
Estrangeiros apreciam porque é um daqueles filmes em que é possível ver como é a vida de seres humanos em outro país, outra cultura, e tanto a cidade quanto o campo de Rojas se abrem a detalhes tocantes.
Rojas é uma diretora talentosa, conforme seus três filmes anteriores podem atestar: “Trabalhar Cansa” (2011), “Sinfonia da Necrópole” (2014) e “As Boas Maneiras” (2017). Em “Cidade; Campo”, porém, ela se circunda de tão boas atrizes que a tarefa parece ficar mais fácil.
Podemos chamar de “campo > cidade” a primeira parte do novo filme, uma vez que a personagem de Fernanda Vianna é uma fugitiva do inferno em que se transformou sua chácara ou fazenda após o vazamento de uma barragem em Minas Gerais. Salvo engano, nem Brumadinho nem Mariana são citadas nominalmente, mas é disso que se trata.
Reduzida a nada, Joana se refugia na cidade, na residência de sua irmã, e vai transformar a dinâmica daquela família enquanto aguarda a indenização das mineradoras. Mais interessante, ela arrumará emprego como faxineira de um aplicativo “tipo o Uber”, como diz o garoto da casa.
“Me comoveu profundamente a história das barragens”, disse Rojas após a sessão. “A perda foi além da material, foi afetiva e cultural.” Assim os desabrigados perdem a foto de casamento, um vestido, todo o ambiente em que viviam.
No caso de Joana, ela lastima ainda a morte de seus diversos animais, mas principalmente de seu cavalo Alecrim, que aparece em diversos momentos e é inspiração de uma bela música cantada pela atriz. Trata-se, contou Rojas, de uma canção composta por sua mãe para um cavalo desse nome, que ela teve quando criança.
Na segunda história do filme, acontece a migração oposta, da cidade para o campo, quando duas namoradas largam a metrópole e se dirigem à chácara do recém-morto pai de uma delas.
A singeleza da primeira parte aqui adquire um enfoque mais místico, com fantasmas, ayahuasca e uma longa e corajosa cena erótica entre as duas moças, interpretadas por Mirella Façanha e Bruna Linzmeyer.
Sobre a cena, Façanha contou que foi ensaiada uma coreografia para que a filmagem ficasse mais confortável. “Mas a grande dificuldade foi em relação às pessoas que assistiriam. Não é comum você ver uma mulher preta e gorda fazendo uma cena dessas e precisamos desmistificar isso. Um corpo como esse pode ter afeto, pode ter tesão etc.”
Linzmeyer aplaudiu a colega e disse ser apaixonada pela cena. “E trago outro elemento”, disse. “Dois corpos sapatões, duas mulheres lésbicas exibindo seu tesão e contando a história delas. Não temos acesso a isso no Brasil e mesmo no mundo. Por isso, acabei de chorar ao assistir a cena de novo aqui.”
Entre as duas partes, algumas conexões acontecem. Entre elas, a visualização por diversas personagens de uma enorme luz vermelha ao lado da lua. É uma estrela, explicou Rojas, vindo em direção à Terra. Uma pitada de ficção científica para misturar os gêneros, bem como a diretora gosta.
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Fonte: Uol