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Se você partiu da Terra na última astronave, é provável que não esteja por dentro de uma das situações mais inusitadas ocorridas neste Carnaval de Salvador —mas, se você ainda não voou para além do infinito, deve saber que, na madrugada deste domingo, as cantoras Ivete Sangalo, de 51 anos, e Baby do Brasil, de 71, debateram o apocalipse em plena micareta.
“Todos atentos porque nós entramos em apocalipse. O arrebatamento [movimento que, de acordo com o cristianismo, será feito por Jesus para levar os escolhidos para o paraíso] tem tudo para acontecer entre cinco e dez anos. Procure o senhor enquanto é possível achá-lo. Obrigada, galera”, disse Baby, abrindo os trabalhos.
Segundo os soteropolitanos nas redes sociais, Baby tem este hábito carnavalesco —sua marca registrada é pregar entre as músicas, no meio da folia. Neste caso, com Ivete, ela fazia referência a um trecho da Bíblia—”buscai o senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto”, diz o livro de Isaías, capítulo 55, versículo seis.
Na setlist de Ivete, a música seguinte era o hit “Macetando”, feito junto com Ludmilla, mas que pareceu inadequado a Baby, que pediu “Pequena Eva”. “Eu vou cantar ‘Macetando’, porque Deus está mandando o ‘Macetando’, certo? É o ‘Macetando’ de Jesus”, disse Ivete. “Ô glória”, respondeu Baby.
A cena passou longe de ser uma briga —até porque, no fim, uma jogou beijos à outra, e ambas disseram se amar. Mas, para as redes sociais, o embate representou uma vitória da liberdade carnavalesca sobre o conservadorismo evangélico. O saldo das redes —Ivete ganhou pontos com o público enquanto Baby, já vista de forma caricata por alguns desde que se converteu, teria passado vergonha.
“Vamos combinar de não dar palco para Baby? No mais, Ivete mostrando porque é a maior de todas. Se saiu incisivamente e de forma elegante da palhaçada da crente”, postou o perfil Piloto de Fuga, no X, ex-Twitter.
“Para você ver o que o fanatismo imbecil cristão provoca na pessoa: em vez de ser um encontro mágico musical, Baby optou por fazer esse papel patético, ridículo e constrangedor”, opinou outro usuário. Há uma percepção geral de que é anticlimático o fato de Baby tentar pregar em meio à festa num trio elétrico.
Baby do Brasil se tornou evangélica no fim dos anos 1990. Ela passou a se chamar de “popstora”, junção das palavras pop e pastora. “Cabelo colorido, roupa louca e uma maneira diferente de interpretar as escrituras”, definiu. Depois, fundou a igreja Ministério do Espírito Santo em Nome do Senhor Jesus Cristo.
Em abril de 2012, ela deu uma entrevista ao apresentador Amaury Júnior, num programa da RedeTV. Na conversa, explicou como teria acontecido sua conversão.
Baby disse que já havia tido “várias experiências divinas”, mas que a grande provação aconteceu quando acordou em casa e um homem estranho, “com cara de possuído”, estava sentado ao seu lado, ameaçando tirar sua vida. A cantora relatou ter corrido até a cozinha, pegado uma faca para atacar o intruso, mas desistiu e resolveu “entregar sua vida a Deus”.
Nessa hora, disse Baby, o homem foi “fixado” no quarto e não conseguiu mais se mover. Outra experiência foi quando sentiu pingar em seu ombro o sangue de Cristo na cruz. “Tudo isso sem LSD, sem maconha, sem nada”, afirmou.
Baby disse ainda que conversa com Deus pelo menos uma hora por dia, que “Deus é tridimensional” e que “o céu é a quarta dimensão”.
No Canal Brasil, em entrevista ao programa “Espelho”, Baby foi ainda mais longe. “Tudo o que foi vivido foi vivido muito intensamente. A minha entrada com o senhor foi porque eu tive coisas muito ‘Poltergeist’. Aconteceram coisas absurdas, até porque eu cutucava muito o lado espiritual desde pequena, queria saber”, disse.
Baby do Brasil nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e começou a cantar na adolescência ao lado de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor, com quem formou os Novos Baianos. Na carreira solo, lançou hits como “Sem Pecado e Sem Juízo” e “Telúrica”.
Ela conta que não disse logo de cara aos amigos de banda que sabia cantar, porque tinha recebido um “comando divino”. “Eles viram minhas roupas loucas e me chamaram para fazer um show. Fiz um papel de atriz e fiquei calada. Era uma parada com Deus, eu precisava de uma testificação.”
Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo em 2019, a repórter Victoria Azevedo contou quantas vezes a palavra “Deus” foi dita —110.
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Fonte: Uol