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Já passou a metade do Carnaval e, diga aí, o que você comeu entre um bloco e outro? O pessoal se joga na folia com tanta força que acaba esquecendo de se alimentar direito.
Não pode. Saco vazio não para em pé.
Se o Brasil não tem comida típica de Carnaval, a Europa tem várias. Oportunamente, quase sempre é um doce. Energia abundante e imediata para repor o estrago da farra.
Em Nápoles, o Carnaval pede um sortimento de frituras doces, como rosquinhas ou coisas semelhantes ao nosso bolinho de chuva. E há o sanguinaccio dolce, creme de chocolate que eles usam para chuchar essas massas.
O sanguinaccio não nasceu como um doce de chocolate. Até pouco tempo atrás —final do século 20—, seu principal componente era sangue. Sangue de porco. Pode parecer estranho ou até repugnante, mas não é de todo incomum na doçaria italiana.
Em 1992, porém, a venda de sangue de porco ao consumidor final foi proibida na Itália. O sanguinaccio passou a ser feito com uma receita que para nós, brasileiros, é bem mais palatável.
A aparência desse doce napolitano remete ao brigadeiro de colher.
O sanguinaccio, porém, é bem menos doce. O chocolate –que aparece em dose dupla, cacau em pó e barra de chocolate amargo– se impõe com uma intensidade que nenhum brigadeiro tem.
Outra importante diferença é a textura. O sanguinaccio é um chocolate quente engrossado com um pouquinho de amido de milho (maisena).
Depois de gelado, torna-se um creme comparável àquelas sobremesas lácteas de supermercado. Quanto ao sabor, é infinitamente melhor.
Sou o primeiro a estimular o improviso na cozinha, mas confeitaria é outra história. Melhor seguir a receita (ou arcar com o risco de estragar a comida), que vem com as quantidades em gramas. Até o leite.
Por isso, recomendo muito fortemente a compra de uma balança de cozinha. Custa 20 contos, menos do que duas cervejas no bloquinho.
Fora esse pequeno aborrecimento, é uma receita facinha, facinha. Rápida. E deliciosa. Dez, nota dez, sucesso garantido.
SANGUINACCIO DOLCE
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: fácil
Ingredientes
35 g de cacau em pó
100 g de açúcar
20 g de amido de milho
1 g de canela em pó
250 g de leite integral
15 g de manteiga sem sal
50 g de chocolate amargo em barra, picado grosseiramente
Confeitos para decorar (opcional)
Modo de fazer
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Numa tigela, peneire o cacau, o açúcar e o amido de milho. Adicione a canela e misture tudo.
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Adicione o leite frio aos poucos, mexendo com um batedor de arame para não empelotar.
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Transfira para uma panela e aqueça em fogo baixo, mexendo sempre.
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Quando o creme engrossar (cerca de 10 minutos), junte a manteiga e o chocolate. Misture bem e desligue o fogo (vão sobrar alguns pedacinhos de chocolate sem derreter).
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Transfira para um refratário e deixe na geladeira por pelo menos duas horas, tampado, antes de servir. Se quiser, decore com granulado ou confeitos de sua preferência.
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Fonte: Folha de São Paulo