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A organização do Festival de Berlim confirmou neste sábado (3) que convidou para a abertura do evento deste ano dois membros do Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita do país. A produção também declarou que continua a apoiar valores democráticos e que se posiciona contra o extremismo da direita política.
Os convidados do partido no caso são Kristin Brinker e Ronald Gläser, ambos deputados federais eleitos no ano passado.
O pronunciamento do festival acontece após a divulgação de uma carta aberta de denúncia e protesto pelo convite. O documento foi assinado por mais de 200 profissionais do audiovisual alemão, incluindo diretores de cinema, produtores e programadores de festivais, e diz que a decisão é incompatível com as bandeiras do evento, que defende a empatia, a consciência e a compreensão.
O grupo ainda pede que o festival reconsidere o convite e volte atrás, no que diz ser uma oferta ofensiva e insensível à segurança e o bem estar de todos os convidados.
“Nós não acreditamos que a cerimônia de abertura possa ser considerada um lugar seguro para pessoas das comunidades de judeus, mulheres, pessoas não brancas, LGBTQIA+, deficientes, Roma e Sinti e testemunhas de Jeová, que, entre outros, enfrentaram perseguição e um genocídio nas mãos de um outro movimento de extrema-direita e nacionalista-conservador na Alemanha”, escreve o grupo na carta aberta.
Em resposta, a Berlinale declarou ao The Hollywood Reporter que o protocolo do festival envolve convidar democraticamente os políticos eleitos pelo país, e que todos os membros da AfD chamados para a abertura venceram as últimas eleições para o Bundestag e a câmara dos deputados. “De acordo com os resultados, eles também são representantes de comitês políticos voltados à cultura e outros grupos. Isso é um fato e nós temos que aceitá-lo como tal”, afirma a organização.
O festival ainda reforçou sua posição a favor da democracia: “Pessoas, incluindo representantes eleitos, que agem contra nossos valores fundamentais não são bem vindos na Berlinale. Nós expressaremos isso de maneira clara e enfática em uma carta aos representantes da AfD, bem como em outras ocasiões”.
A AfD no momento não faz parte do governo alemão, mas na última votação conquistou em torno de 20% do eleitorado do país. O partido se diz contra a imigração e a população islâmica, com a maioria dos votantes morando no leste alemão. Nas últimas semanas, a AfD voltou ao noticiário graças a protestos em todo o país, que pedem por seu banimento da política nacional e classificado como antidemocrático.
Ronald Gläser, um dos convidados para a abertura do festival este ano, foi eleito deputado graças às suas declarações provocantes, que também o levaram a ser alvo de protestos para sua renúncia em 2019.
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Fonte: Uol