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Há 50 anos, Roberto Carlos bate ponto no final da Globo com seus especiais. Agora, todas as edições, de 1974 a 2017, serão reprisadas no canal Viva a partir deste sábado. A retrospectiva que se estende até novembro dimensiona como o cantor virou rei com uma presença de palco singular, de bom-moço ousado, para além do tradicional romantismo das canções.
Para quem perder as exibições, sempre às 16h15, os programas também entrarão no catálogo do Globoplay.
O espectador encontrará lá uma figura diferente daquela que só se veste de branco e azul e aguarda convidados mais jovens (e que nem sempre dão liga) no seu palco.
Afinal, são 50 anos de história e, quando começou a ter esse programa só seu, Roberto era um jovem na indústria que tinha ídolos vivos a reverenciar.
Nas primeiras edições, o especial não se restringia a cenas de um show, mas era entrecortado por videoclipes. Já em 1974, vemos gravações de “Gaivotas”, com Antônio Marcos num pequeno iate em mar aberto, e “Haroldo, o Robot Doméstico”, com Erasmo Carlos acompanhados de marionetes.
O nível cresce no ano seguinte. Entre anedotas e causos, Roberto pesca e canta com Sílvio Caldas e Dorival Caymmi; toca violão com Caetano Veloso; entoa “O Homem” no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, num bonito clipe ao lado dos profetas de Aleijadinho.
Em 1976, é a vez de ter Tom Jobim ao piano por boa parte do programa, antes de encerrar com Carlos Galhardo, Aracy de Almeida, Moreira da Silva, Linda Batista, Isaurinha Garcia e Orlando Silva num jantar nada cênico (todos aparecem petiscando e fumando à beça). Cada um com direito a uma música, canções e estilos tão distintos —é um banquete visual para reconhecer figuras mais conhecidas pela voz.
Além dos convidados, o capixaba também está mais livre. Roberto ainda canta “Quero que Vá Tudo pro Inferno” —que ele vetaria do seu repertório após sua fase mais espiritual—, usa ternos multicoloridos, lenços no pescoço, camisa aberta, colares de ouro, fumando seu cachimbo, posando de poncho em Machu Picchu e jogando sinuca com Garrincha ou à praia com Pelé.
Suas mudanças, tiques e o enfraquecimento da força poética da sua obra a partir da segunda metade dos anos 1980 também se reflete na forma dos programas, até gradativamente virar a transmissão de um grande show, com intervenções da própria Globo. O Paulo Vieira ou influenciadores das últimas edições já foram Pedro Bial ou Ilze Scamparini nos anos 1990.
O aspecto familiar-natalino-religioso era mais evidente. Em 1974, ele aparecia ao lado de sua mulher e filhos, antes de cantar “Jesus Cristo” com “O Altar de Middelburg” de Van Der Weyden ao fundo. Depois daria espaço para dom Paulo Evaristo Arns falar sobre a pobreza da criança brasileira, ou cantaria com padre Zezinho e padre Antônio Maria.
Nos últimos anos, esse aspecto tem se restringido a um breve discurso de boas festas enquanto rolam os créditos, mais universal, com um fundo cristão, mas menos católico. É uma posição que sempre o acompanhou e o fez recusar, por exemplo, a gravar “Se Eu quiser Falar com Deus”, de Gilberto Gil, numa coletânea —já que é mais agnóstica que cristã.
Mas nesse percurso ainda há bons momentos: “Pede a Ela” com Tim Maia, participações de Wagner Tiso, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Jô Soares, Ultraje a Rigor —em suma, 50 anos da música popular de massa (quando em paz com a indústria, claro) desfilaram para suas câmeras. Valeria um programa só com essas melhores passagens.
Se não dão uma visão crítica de toda a carreira do rei, esses especiais, agora acessíveis oficialmente, são um registro único da música e da TV brasileira.
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Fonte: Uol