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A Globo costuma caprichar nos primeiros capítulos de suas novelas, mas o que ela fez com “Renascer” chega a ser covardia. No bom sentido, é claro. Com a duração de um longa metragem, a estreia do remake da trama de Benedito Ruy Barbosa foi simplesmente impecável.
Tudo funcionou lindamente. O texto, as atuações, a direção, a fotografia, a caracterização, todos os elementos se combinaram para entregar um primeiro episódio desses de entrar para a história.
E isto era o mínimo que a emissora esperava. Quase todas suas novelas recentes, de todas as faixas horárias, bateram recordes negativos ao entrar no ar, amargando a pior audiência até então para uma estreia.
Ainda havia o fator “Terra e Paixão”. Será que o público não está farto de lutas pela posse de terras? Não seria o momento de criar uma trama urbana?
Mas, pelo que se viu nesta segunda (22), comparar a recém-terminada trama de Walcyr Carrasco com “Renascer” é quase o mesmo que comparar um sanduíche de uma rede de fast food com o cardápio de um restaurante cinco estrelas.
O curioso é que Benedito Ruy Barbosa consegue dar um ar mitológico a suas histórias e, ainda assim, soar mais crível e mais orgânico que os mal-ajambrados textos de Walcyr Carrasco.
Ruy Barbosa merece todas as loas, é lógico, mas não dá para ignorar o excelente trabalho que Bruno Luperi vem fazendo. O neto do autor original, que dois anos atrás conseguiu modernizar “Pantanal” sem desfigurá-la, agora alça voos ainda mais altos.
Na versão de 1993, a primeira fase de “Renascer” durou apenas três dias, e foi tão boa que gerou reclamações do público. Preocupada com o ritmo da novela, a Globo havia cortado muita coisa na ilha de edição.
Mais de 30 anos depois, o canal mostra que aprendeu a lição e dá à primeira etapa da saga de José Inocêncio a duração de 13 capítulos, pouco mais do que duas semanas. E Luperi aproveitou essa extensão para criar novos personagens, com a tarimba de um roteirista com muitos anos de experiência.
Um exemplo disso foi Cândida, que saiu da trama logo no início do segundo bloco. Muito bem interpretada por Maria Fernanda Cândido, a fazendeira viúva peita seus inimigos e vende sua propriedade falida ao forasteiro José Inocêncio, que acabou de chegar àquela região no sul da Bahia.
Quem vai ficar mais tempo no ar é o coronel Firmino, que tampouco dava das caras no original. Com o auxílio de um aplique nos cabelos, Enrique Díaz criou um verdadeiro réptil, ardiloso e repugnante.
Nem tudo é novidade, claro. A começar pelo famoso jatobá. A árvore majestosa aparece logo na primeira sequência, feito um símbolo fálico emergindo do meio da mata. José Inocêncio enfia sua peixeira no tronco do jatobá como que para tomar posse simbólica daquele lugar. Como se aquele falo fosse o dele.
Humberto Carrão está bem como o “coronelzinho”, que ressurge ainda mais simpático com seus empregados e mais preocupado com a sustentabilidade do que em sua primeira encarnação. E a novata Duda Santos não deve nada em encanto e brejeirice a Patrícia França, a primeira atriz a viver Santinha.
Segundo dados prévios do IBOPE, a estreia de “Renascer” marcou 25,6 pontos na Grande São Paulo, com pico de 26,4. Também alcançou respeitáveis 42% de share (a quantidade de televisores ligados no horário).
Para alívio da Globo, esses números são superiores aos da estreia de “Terra e Paixão”. E eu aposto que irão aumentar nos próximos dias.
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Fonte: Uol