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Uma das marcas luxo mais provocativas da atualidade, a Balenciaga tem enfrentado polêmicas, como o lançamento de uma bolsa inspirada em um saco de lixo preto ou a acusação de promover abuso infantil em uma campanha com crianças segurando ursinhos de pelúcia vestidos de couros e tachas sadomasoquistas.
Mas a série “Cristóbal Balenciaga”, que o Star+ lançou nesta sexta (19), com seis episódios semanais, não tratará de nada disso. A produção é centrada na história do criador da marca —Cristóbal Balenciaga, morto em 1972, aos 77 anos, basco que apresentou sua primeira coleção de alta-costura em Paris em 1937.
Estamos, então, diante de uma série histórica, uma homenagem, na qual um Balenciaga vivido por Alberto San Juan já na maturidade dará uma rara entrevista para uma respeitada jornalista de moda, abrindo os portões para o seu passado de glória. “A parte importante é a que não se vê. É o interior do vestido”, disse ele, certa vez, fornecendo a chave de porque seus vestidos eram tão estruturados, quase esculturais.
“É uma série histórica”, diz a criadora da série, Lourdes Iglesias. “É por isso que ela se chama ‘Cristóbal Balenciaga’, e não ‘Balenciaga’. Falamos do criador da marca. Esse das polêmicas recentes é o Demna Gvasalia [diretor criativo da marca desde 2015]”, diz ela.
Segundo Iglesias, a marca foi consultada e aprovou a série, mas não teve poder para pedir mudanças nem participou da produção em qualquer nível. Vale dizer que a marca já não está na família de seu criador. Foi vendida em 2001 ao grupo Gucci, que, por sua vez, foi vendida a um conglomerado empresarial.
Mesmo assim, Iglesias acredita haver algo de Cristóbal no trabalho de Gvasalia. “Alguma coisa sai dali. Há coisas que se baseiam nos arquivos. Acredito que todos os designers, Gvasalia também, vão aos arquivos de suas marcas, pegam ideias, transformam e modernizam”, diz.
Um arquivo certamente precioso, ainda mais para fazer uma série como esta. É claro que a produção visitou o acervo. “[Visitamos] para ver quais vestidos escolhíamos, para a figurinista Bina Daigeler, que teve que reproduzir cada traje. Ou seria impossível fazer esta série, porque todos os vestidos são baseados nos que ele fez.”
A figurinista, indicada ao Oscar por seu trabalho no remake de “Mulan”, detalhou o processo de recriação dos vestidos de Balenciaga. “Também tive acesso ao Museu da Moda, em Paris, onde vi o vestido de boneca e outras peças. Mas foi principalmente com base em fotografias e esboços que fizemos nossas réplicas. Fizemos muitos protótipos para chegar a um resultado satisfatório”, afirma.
Ao mesmo tempo em que “Cristóbal Balenciaga” não trata das polêmicas, a obra não se aproxima de como os super-ricos têm sido tratados nos últimos anos pelo audiovisual. Filmes como “Triângulo da Tristeza” e “O Menu” ou séries como “White Lotus” e “Succession” têm feito críticas avassaladoras sobre a vida dos milionários, e é claro que há milionários em “Cristóbal Balenciaga”.
“Evidentemente, suas clientes eram super-ricas”, diz Iglesias. “Eram todas da alta sociedade e, bem, ele é um homem que teve que conciliar suas convicções com a realidade. Suas clientes eram de um mundo e ele também gostava desse mundo. Mas teve que abstrair um pouco sua consciência política para que não fosse conflitante.”
A figurinista é mais incisiva. “Na moda, um item às vezes é extremamente caro porque a criação realmente levou muito tempo. Há uma grande qualidade em um tecido que pode ser caro por causa do processo e do material do qual ele é feito. Mas talvez, quando você olha para o que está acontecendo no mundo, é obsceno que algumas pessoas gastem esse dinheiro numa peça de roupa”, diz ela.
“Por outro lado, também é um belo ofício, que pode proporcionar a muitas pessoas um emprego, algo que você pode fazer com as mãos e que pode dar satisfação. É claro que tudo é muito questionável. Mas eu acho que a alta-costura é muito bonito. É algo que eu realmente queria mostrar nesta produção”, ela acrescenta.
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Fonte: Uol