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Janeiro é mês de comprar vinho barato. É mês de liquidações em várias importadoras. Passadas as festas, elas precisam dar uma renovada no estoque, vender aquilo que não saiu tanto, abrir espaço para as apostas do novo ano. Então, as promoções de início do ano costumam ser ótimas.
Este ano, estou achando que tem um pouco menos de ofertas no mercado (o que talvez indique que o movimento de fim de ano foi acima do normal), mas pode ser impressão minha. Não tenho números que provem isso.
O importante é que tem várias promoções e que vale muito a pena aproveitá-las. Vale para comprar uma ou duas garrafas, é claro, mas vale ainda mais ainda para fazer um estoque ou montar uma pequena adega. Por via das dúvidas, vou fazer aqui sugestões pensando que você está montando uma adega e no que alguém precisa ter na sua primeira adega (mas nada impede que você compre só um ou dois rótulos, que fique bem claro). Veja o que não pode faltar na sua pequena adega:
Um bom espumante
Disse e repito, os espumantes nacionais são ótimos e há vários por preços muito bons no mercado. Você pode dar uma olhada no meu post de Réveillon e escolher por ali algo que agrade. Ter bons espumantes no Brasil, no entanto, não significa que a gente não deva tomar espumantes estrangeiros. O mundo é cheio de possibilidades. Não vamos nos limitar! E, já que é para investir num estrangeiro, sugiro que você parta logo para um bem bacanudo.
Uma grande escolha é o Gramona La Cuvée, que custa R$ 349,90 e está por R$ 209,94 na Grand Cru. Para os sócios da Confraria Grand Cru, ele sai ainda mais barato:R$ 178,45. Você certamente já ouviu falar dos cavas, os espumantes espanhóis feitos pelo método tradicional, o mesmo de Champagne. Pois é, por muitas décadas, o Gramona foi um dos cavas de maior prestígio.
Até que, em 2019, ele e outros oito produtores abandonaram a denominação cava (por considerarem que ela estava sendo condescendente demais com produtos de baixa qualidade) e criaram uma marca com regras bem mais rígidas, a Corpinnat (que quer dizer no coração de Penedés). Por enquanto, isso não é uma D.O. (denominação de origem), mas pretende vir a ser. Em resumo, é um espumante muito especial, que passa 30 meses sobre as borras finas e, portanto, tem aqueles aromas deliciosos de frutos secos e brioche, além da fruta.
A liquidação da Grand Cru, que tem lojas por todo o Brasil, inclui dezenas de rótulos.O número está sempre mudando, já que muitos rótulos esgotam. A promoção vai até dia 22 de janeiro.
Um chardonnay clássico
O objetivo de se ter uma pequena adega é, principalmente, ter à mão vinhos que você pode querer (ou precisar para uma harmonização, por exemplo). Então, é legal pensar em clássicos. Quer coisa mais clássica do que um chardonnay? Essa uva de origem francesa, mas que se dá bem em várias partes do mundo, costuma render vinhos que agradam todo mundo.
Claro, existem vários estilos de chardonnay, dos mais amadeirados e amanteigados aos mais frescos e frutados. Isso varia principalmente de acordo com o tempo e o tipo de barril de carvalho em que o vinho descansa. Se quer algo que agrade todo mundo, pegue um que tenha madeira, mas não tanta.
Uma boa escolha é o Marquês de Casa Concha Chardonnay, que de R$ 199,90 está por R$ 119,90 no Descorcha, site oficial de vendas da própria Concha y Toro. Ali há vários produtos em oferta. Este chardonnay passa 12 meses em barricas de carvalho francês, mas só 18% dessas barricas são novas, 92% são de segundo uso. Uma barrica de segundo uso já não transfere mais tantos aromas para o vinho.
Então, este chardonnay conserva aromas de fruta. Vem de um vinhedo chamado Quebrada Seca, no Vale do Limari, 400 quilômetros ao norte de Santiago. Ali o vento do mar é frio e faz com que as uvas amadureçam devagar e, com isso, preservem seu frescor. Já o solo tem bastante carbonato de cálcio. Isso traz mineralidade para o vinho. Uma ótima compra.
Um branco europeu
Uma adega (seja ela climatizada ou apenas uns tijolos sextavados empilhados em um canto seco e arejado onde não bata sol) precisa ter variedade. Não sendo climatizada, não é para guardar vinhos por vários anos. É para vinhos de consumo razoavelmente rápido. Mesmo assim, é bom ter algumas garrafas para aqueles dias em que você quer algo um pouco mais especial. Algo que surpreenda seus convidados ou para ser aberto num jantar a dois.
Gosto muito dos brancos da América do Sul, mas a variedade deles, embora esteja crescendo, ainda não é tão grande. A Europa tem trocentas uvas brancas diferentes. Cada uma delas produz um vinho de perfil diferente. Quem gosta realmente de vinho gosta de explorar.
Sugiro que você aproveite a liquidação da importadora Decanter e compre o francês Paul Mas Vermentino, que de R$ 124.90 está por R$ 87,43 nas enotecas de São Paulo (whatsapp 11 99736-3280) e Florianópolis (48 99972-3337) , ou por R$ 99,92 no site.
A vermentino é uma uva que dá no Norte da Itália, na Sardenha, na Córsega e no sul da França. No Piemonte, é conhecida como Roero. Na Provence e no Languedóc, como Rolle. A vinícola Paul Mas é do Languedóc, mas decidiu chamar seu vinho de vermentino. Talvez porque o rolle do sul da França não costume ter tanta expressão quanto o vermentino toscano, por exemplo. Este vinho, como tudo o que Jean-Claude Mas faz, de fato, é cheio de personalidade. Tem cítrico, frutas brancas, alguma mineralidade. Na boca tem certo corpo e uma boa acidez.
Um rosé da Provence
Não costumo indicar que as pessoas comprem rosés em liquidações porque rosés perdem o frescor e estragam com mais facilidade até mesmo do que os brancos. Muitos comerciantes aproveitam as promoções para se livrar de vinhos que já não estão tão bons. No entanto, acho que vale a pena investir no Château Lafoux 2021, que de R$ 192,00 está por R$ 124,80 no Bota-Fora da World Wine. É um bom vinho e a safra ainda é recente. Mesmo assim, é melhor consumi-lo logo.
Trata-se de Coteaux Varois en Provence que, como quem leu o meu texto Aprenda a decifrar o rótulo dos rosés da Provence sabe, é uma das denominações de origem da Provence, região do sul da França.
Frutado e floral, este vinho caí magnificamente numa tarde de verão à beira da piscina. No entanto, como tem ótima acidez, vai muito bem também com comida. Eu sugiro um salmão com batatas sauté e cogumelos a provençal.
A liquidação da World Wine é uma das maiores desta época do ano. Tradicionalmente, eles dão uma queimada no estoque todo janeiro. Tem vinhos com até 60% de desconto. Dura até o dia 31 de janeiro, mas os estoques vão acabando no meio do mês.
Um pinot noir especial
A uva pinot noir é conhecida por produzir tintos leves, ótimos para o verão. Como sua casca é fina, os vinhos feitos a partir dela costumam ter menos cor e menos taninos do que os de tintas mais conhecidas por aí, como a cabernet sauvignon ou a tannat, por exemplo. Sua ótima acidez, no entanto, garante vinhos longevos e complexos.
A máxima expressão de um pinot noir são os tintos da Borgonha, mas eles são caros demais e, mesmo com liquidação, eu não me arrisco a sugerir nenhum rótulo aqui, senão é capaz de eu apanhar de um desses leitores que reclamam dos preços dos vinhos mesmo quando eu sugiro para que eles experimentem rótulos caros de graça em feiras por aí, hahaha.
Se você tem dinheiro para um borgonha, vai encontrar alguns bons rótulos em promoção na World Wine, como o Pommard do Pacalet, que de R$ 1590,00 está por R$ 1090,00, e na Grande Cru, como o Domaine Michel Nöellat Nuits-Saint-Georges 2017, que de R$ 1120,00 está por R$ 784,63. Voltando aos simples mortais, vale comprar um pinot chileno especial, como o Cono Sur Single Vineyard Pinot Noir Block 21 Viento Mar, que de R$ 210,00 está por R$ 147,00 na La Pastina.
A Cono Sur é uma vinìcola boutique do grupo Concha y Toro, que trabalha de forma independente, com agricultura orgânica. Mesmo o pinot de entrada deles é gostoso, mas, como é época de liquidação, vamos aproveitar para comprar um pinot de um vinhedo especial voltado para o mar e, por isso, mais complexo e elegante?
Um Côtes-du-Rhône que serve de coringa
Tenho curtido muito os vinhos do vale do Rhône, no sudeste da França.,ultimamente. Eles têm corpo, mas não são pesados. Têm aromas de fruta, mas mantêm um perfil discreto, elegante. São ótimos para servir com uma variedade enorme de comidas. Tirando peixe, vão bem com quase tudo.
O perfil de um Rhône varia muito de acordo com a sub-região onde é produzido. Os do sul do Rhône, de denominações como Gigondas ou Vacqueyras, são mais potentes, encorpados e alcóolicos do que aqueles de denominações do Norte, como Hermitage ou Côte Rotiê.
Já o Côte-du-Rhône genérico é um vinho que pode ser feito com uvas de qualquer parte do Vale do rio Rhône. A maior parte delas, no entanto, são uvas do sul. Ainda assim, o vinho costuma ter corpo médio, com uma média intensidade de taninos. Isso faz dele um perfeito coringa. Sugiro que você prove o
Abel Pinchard Côtes-du-Rhône, que de R$ 148,90 está por R$ 74,45, na loja física da Casa Flora, no Brás. Você pode comprar também pelo whatsapp 11 98811-2126.
Um Bordeaux tinto de qualquer tipo
Bordeaux é Bordeaux, um clássico. Tem de ter um. A maior região produtora de vinhos da França, Bordeaux tem uma produção gigante, com rótulos de vários preços. Ali se produzem alguns dos vinhos mais caros do planeta, como o Château Petrus, que está à venda no Mercado Municipal de São Paulo pelo módico preço de R$ 50 mil. Porém, à diferença da Borgonha, Bordeaux produz também vinhos de bom preço, que tem uma qualidade legal.
Como é tempo de liquidação, você pode comprar um não tão barato, mas que fica barato. Sugiro o Chateau du Colombier, um Bordeaux AOC, que de R$ 179,00 está por R$ 89,50, na Chez France. Comprando por televendas (11 94203-6819 ) e pagando por pix ou transferência, fica R$ 82,34.
Dois (ou mais) rótulos diferentões
A vida de uma pessoa que ama vinhos não pode ser só feita de clássicos. Há que haver um pouco de aventura. Quem diz que ama vinho e toma sempre a mesma coisa não tem a menor ideia do que está falando. É preciso sempre experimentar coisas novas e diferentes. Deixe algum espaço na sua adega para os diferentes e, de preferência, abra essas garrafas com amigos que tenham espírito um pouco aventureiro.
Já ouviu falar na uva cinsault? É uma uva do sul da França normalmente usada em blends. Na Europa, ninguém dá muita bola para ela, na verdade. No Chile, no entanto, atualmente estão fazendo varietais ou cortes de cinsault maravilhosos, com aromas de frutas frescas, delicados, leves, mas com estrutura e profundidade de boca que vêm da acidez.
Por lá, ela é considerada uma uva patrimonial, ou seja, uma uva que há pelo menos mais de um século está no Chile e, portanto, está super bem adaptada. Essas uvas patrimoniais chegaram antes da cabernet sauvignon, da carménère, da merlot. Foram plantadas em terrenos áridos e se adaptaram ao que eles chamam de secano. São de uma época em que o Chile produzia vinhos muito simples.
Ficaram esquecidas em regiões pobres e agora estão voltando com tudo, produzindo vinhos deliciosos nas mãos de enólogos competentes e criativos. O vinho Pedro Parra y Familia Pencopolitano, que de R$ 209,00 está por R$ 114,95, na World Wine, é um achado para quem quer provar um grande vinho de cinsault. É um corte com uva país, outra casta patrimonial, que tem um perfil parecido com o da cinsault.
Pedro Parra é um dos maiores, senão o maior, especialistas em solos do mundo. Sabe melhor do que ninguém tirar o que a terra pode dar de melhor para um vinho. Dá consultoria em várias partes do mundo.
Pedro Parra y Família é seu projeto pessoal. Com ele, produz vinhos de uvas compradas de pequenos produtores muito tradicionais perto de sua cidade, Concepción, que fica na foz do rio Bio Bio, bem ao sul de Santiago. Ao sul da cidade , está o Vale de Bio Bio. Ao norte, Itata. Um pouco mais ao norte, Maule. Essas três regiões reúnem um patrimônio vitícola gigante, milhares de hectares de vinhas velhas adaptadas ao secano. O Pencopolitano (cidadão de Concepción) é feito com uvas de Itata.
Provar vinhos de uvas novas é meu esporte predileto, mas há também outras maneiras de enlouquecer quando o assunto é vinho. Uma das minhas preferidas é provar vinhos de uvas conhecidas mas que foram vinificados de forma totalmente diferente da tradicional. Um ótimo exemplo é o Niepoort Nat Cool 2020, um tinto de um litro, que de R$ 207,90 está por R$ 145,30 ou R$ 123,70 para os sócios da Confraria Grand Cru.
Nat Cool vem de naturalmente cool, palavra inglesa que pode ser lida como fresco, frio, ou como legal, descolado. Feito da uva baga, a tinta mais famosa da região portuguesa da Bairrada, conhecida por gerar vinhos encorpados e potentes, o Nat Cool tem por objetivo ser fresco e leve. Para isso, o enólogo controla a extração de taninos na hora de macerar o suco da uva com as cascas, entre outras técnicas. O vinho não passa nem perto de barricas de carvalho. É tudo no inox. É vendido jovem e recomenda-se ser bebido gelado. Provei só um pouquinho numa feira, mas adorei.
Feitas as sugestões, gostaria de lembrar que a maior parte das compras terá o acréscimo do preço do frete. Então, se você quiser realmente montar uma adega, reabastecer a adega que já tem ou fazer um estoque para o próximo feriado, comprar várias garrafas, talvez fosse mais lógico comprar tudo em um ou dois sites ou lojas. Nesse caso (e nos outros também), as minhas sugestões podem servir como guia. Não precisam ser tomadas literalmente. Mais importante é o raciocínio por
trás de cada escolha.
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Fonte: Folha de São Paulo