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Como Nova York seria se fosse banhada pelo mar da praia da Baleia? E que cara São Paulo teria caso o verde do parque do Ibirapuera se espalhasse pelos bairros vizinhos?
Essas provocações foram imaginadas pelo fotógrafo Lucas Lenci, que as concretizou numa série de imagens montadas em programas de edição nas quais a natureza aparece de maneira proeminente nas grandes metrópoles do mundo.
“Como seriam as cidades se a gente tivesse se comportado diferente? Na minha cabeça elas seriam perfeitas”, afirma o artista, que reuniu um conjunto de 36 imagens das suas urbes dos sonhos no recém-lançado livro “Utopia”.
Ao longo do livro, vemos a imagem de uma cidade colada às montanhas rochosas que poderia existir, mas também a foto de um centro urbano perto demais de um rebanho de gado, constituindo um lugar obviamente fictício.
A sensação é de familiaridade e estranheza ao mesmo tempo, e o fotógrafo conta que sua intenção era causar desconforto no espectador. “A fotografia é um excelente instrumento para contar uma mentira”, afirma.
Lenci alcança seu objetivo ao combinar as imagens no Photoshop, software com o qual diz ter muita naturalidade, mesmo que tudo o que está no livro tenha sido efetivamente fotografado por ele —nenhuma das fotos foi tirada da internet.
O volume, portanto, é também um registro das andanças do fotógrafo paulistano nos últimos 15 anos, por lugares como as serras da Mantiqueira e do Mar, Jericoacoara, São Paulo, Dubai, Sri Lanka, Atacama e Tóquio. Mas nenhum deles está nomeado nas páginas, somente representado pelas suas coordenadas geográficas.
“Com as coordenadas geográficas, a gente está celebrando o meu deslocamento”, ele afirma, lembrando que os números e letras que determinam a latitude e a longitude de um ponto são as referências mais tangíveis de um lugar na Terra.
De acordo com o fotógrafo, omitir os nomes dos locais foi também uma forma de evitar o didatismo excessivo —para não deixar o livro com cara de álbum de figurinhas—, e de despertar a curiosidade de quem folheia, num jogo de tentar adivinhar os lugares em cada imagem.
Nascido em 1980, Lenci vem de uma família ligada à fotografia. Seu avô tinha um estúdio onde sua avó ajudava no quarto escuro de revelação dos filmes, e sua mãe chegou a trabalhar na revista Veja como fotojornalista. Formado em design e fotografia, ele atuou como produtor de diversos fotógrafos e capitaneou uma galeria de fotos durante nove anos.
O título do livro é inspirado na obra do humanista e romancista inglês Thomas More, responsável por cunhar o termo utopia num livro de mesmo nome publicado no século 16. Em grego, “tópos” significa lugar, e o prefixo “u” dá a ideia de negação. “Para colocar de maneira bem poética —o não lugar é a premiação da criatividade”, diz Lenci, sobre as suas imagens inventadas.
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Fonte: Uol