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CNN
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Nascido na pobreza – ele costumava chutar toranjas em Minas Gerais – Pelé terminou sua carreira como indiscutivelmente o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Ele era uma raridade; assim como Muhammad Ali, Pelé foi um astro do esporte, que transcendeu seu esporte.
O brasileiro trouxe alegria e criatividade a um esporte muitas vezes preso à rigidez e personificado o jogo bonito – “o jogo bonito.”
“Pele mudou tudo”, escreveu o atual internacional brasileiro Neymar Jr. após o anúncio da morte de Pelé.
“Ele transformou o futebol em arte, em entretenimento. Ele deu voz aos pobres, aos negros e principalmente. Ele deu visibilidade ao Brasil.”
Desde o deslumbrante jovem de 17 anos em 1958, a caminho de seu primeiro sucesso na Copa do Mundo, até a conquista do prêmio Bola de Ouro como jogador da Copa do Mundo de 1970, ao conquistar o terceiro título global, “Ó Rei” (“O Rei”) conseguiu quase tudo o que era possível no famoso amarelo e azul do Brasil.
E houve gols – muitos deles.
Pelé marcou 757 gols em 812 partidas oficiais pelo clube e pela seleção. No entanto, há divergências sobre quantos gols ele marcou em sua carreira. De acordo com a Reuters, a Federação Brasileira de Futebol e o Santos dizem que Pelé marcou 1.283 gols em 1.367 partidas, embora a FIFA coloque o número em 1.281 gols em 1.366 jogos.
Mas não foi apenas o número fenomenal de gols que ele marcou. Como sugere Neymar, Pelé também era um artista em campo.
“Mesmo que ele não tenha usado pincel ou caneta, mas simplesmente tivesse uma bola nos pés”, diz Don Riddell, da CNN Sport.
O mundo viu Pelé pela primeira vez na Copa do Mundo de 1958.
“Quando chegamos na Suécia ninguém sabia o que era o Brasil. Eles sabem sobre a Argentina… Uruguai. Foi uma surpresa para nós”, disse Pelé à CNN em 2016.
Aos 17 anos e sete meses, Pelé se tornou o jogador mais jovem a disputar uma Copa do Mundo, recorde que o brasileiro manteve até que Norman Whiteside, da Irlanda do Norte, alcançou esse marco em 1982.
Quase 15 anos depois de deixar o mundo entusiasmado na Copa do Mundo de 1958, Pelé pendurou as chuteiras para o Seleçãodeixando à sua nação o legado de ser o time de maior sucesso na história das Copas do Mundo e o time mais temido do futebol internacional.
O momento culminante de Pelé para o Brasil aconteceu na Copa do Mundo de 1970, no México, um torneio ainda mais romantizado por ser a primeira Copa do Mundo transmitida em cores.
Ao longo daquele torneio, Pelé abriu um rastro de esplendor tecnicolor, um borrão de amarelo e dourado, seduzindo e enfeitiçando os times adversários.
Seus quatro gols lhe valeram o melhor jogador do torneio, culminando com uma assistência para o gol de tirar o fôlego de Carlos Alberto na final contra a Itália.
“Vencemos a Copa do Mundo e acho que na minha vida esportiva (esse foi o ápice), sem dúvida”, disse Pelé à CNN.
O zagueiro italiano Tarcisio Burgnich resumiu adequadamente a genialidade sobre-humana de Pelé: “Eu disse a mim mesmo antes do jogo, ele é feito de pele e ossos como todo mundo. Mas eu estava errado.”
Mesmo os momentos em que Pelé não marcou ajudaram a cimentar o seu estatuto de lenda – nomeadamente o incrível bloqueio do guarda-redes inglês Gordon Banks a um poderoso cabeceamento do brasileiro num jogo da fase de grupos, que é amplamente considerada a maior defesa de todos os tempos.
“A defesa foi uma das melhores que já vi – na vida real e em todos os milhares de jogos que assisti desde então”, escreveu Pelé em uma postagem no Facebook de 2019 em homenagem a Banks após a morte do goleiro.
“Quando você é jogador de futebol, você sabe imediatamente o quão bem você bateu na bola. Acertei aquela cabeçada exatamente como esperava. Exatamente onde eu queria que fosse. E eu estava pronto para comemorar.
“Mas então esse homem, Banks, apareceu à minha vista, como uma espécie de fantasma azul.”
Apesar de ter jogado quase três anos de sua carreira no Santos, o dinamismo de Pelé, a majestade com a bola e a letalidade na frente do gol garantiram que ele se tornasse uma das primeiras estrelas negras globais do futebol.
Pelé admitiu à CNN em 2015 que tinha muito interesse da Europa em atravessar o Atlântico, mas optou por não fazê-lo por lealdade e “amor” ao Santos; mais uma razão pela qual ele é tão querido em seu país natal.
“Antes era uma profissão cheia de amor, agora é só uma profissão”, disse Pelé.
“Não existe esse amor de jogar pelo meu clube, pelo meu país. Claramente, um jogador de futebol precisa ganhar a vida com o jogo. É diferente da minha época.”
Tamanho foi o seu impacto como jogador de futebol que Pelé também se tornou o símbolo de um novo país, segundo um documentário recente da Netflix.
“Para lidar com isso, acho que ele cria esse personagem Pelé, alguém que quase abre mão de sua própria identidade para se tornar essencialmente o Brasil”, disse Ben Nicholas, codiretor do documentário sobre a vida do brasileiro, à CNN.
Além de assumir o peso das aspirações de um país no cenário mundial, a ascensão dos militares brasileiros em 1964, que demonstraram interesse no futebol como estratégia tática e política – em particular, visando a Copa do Mundo de 1970 como uma “questão de governo” – apresentou um problema para o apolítico Pelé, segundo o documentário da Netflix.
“Há uma frase realmente reveladora no final do filme”, disse o outro diretor do documentário, David Tryhorn, “onde você espera que Pelé nos dê talvez um ‘Pelé-ismo’, onde ele falaria sobre alegria e felicidade, mas na verdade ele fala sobre ‘alívio’”.
O debate sobre o futebol GOAT durará até o fim dos tempos – é Pelé? Ou é Diego Maradona? Ou Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo?
Mas o puro amor e adoração do Brasil por Pelé não pode ser igualado e vai além de apenas um excelente jogador de futebol, mas também um totem para uma nação.
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Fonte: CNN