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A Melitta, uma das líderes no mercado nacional de café, parece não se preocupar com as grandes aquisições das suas concorrentes. Em vez de também ir às compras, foca na diversificação do seu portfólio, sobretudo por meio de lançamentos de rótulos gourmet, a fim de aproveitar a alta desse segmento.
Em entrevista ao Café na Prensa, Marcelo Barbieri, CEO da empresa na América do Sul, fala sobre ações que a Melitta implementou para reduzir a pegada de carbono, mas não detalha planos para elevar a rastreabilidade dos grãos que adquire –um ponto ainda sensível para o setor.
Manter-se competitivo diante de aquisições da concorrência é um dos desafios da Melitta.
No ano passado, por exemplo, a JDE, empresa que tem em seu portfólio marcas como Pilão e L’Or, adquiriu os ativos de café e chá do grupo JAV, que inclui as linhas de café Maratá, com forte presença sobretudo no Norte e Nordeste do Brasil. A JDE é a segunda maior empresa de café do Brasil; a Maratá era a quarta, depois exatamente da Melitta.
Em 2020, o grupo 3corações, líder do setor, também fez movimentos importantes, ao adquirir as operações de café da Mitsui Alimentos e entrar no crescente mercado de leites vegetais por meio de uma joint venture com a Positive Brands, da A Tal da Castanha.
Barbieri diz, por email, que, “embora haja um movimento mais expressivo voltado para aquisições por parte dos concorrentes, o Grupo Melitta permanece competitivo ao escolher estrategicamente quais novos passos dar, ao mesmo tempo que prioriza oferecer um portfólio cada vez mais robusto e diversificado”.
No Brasil desde 1968, a companhia alemã é dona de rótulos como Café Bom Jesus, adquirido em 2006, e Café Barão, que passou a integrar o grupo em 2017.
“O Grupo Melitta tem em seu histórico aquisições estratégias, considerando o mercado nacional de café e a jornada da marca no país”, diz. “A Melitta prioriza levar ao mercado de café produtos que carregam a essência da marca e que a destacam perante o consumidor que procura por excelência em um café fresquinho”.
Questionado sobre o crescimento das linhas gourmet, Barbieri diz que a companhia não só acompanha a tendência como faz parte dela. “A Melitta foi a primeira marca nacional a trazer para o varejo a linha de cafés gourmet Melitta regiões brasileiras”, diz.
Ele anuncia, inclusive, que a empresa acabou de colocar no mercado o rótulo gourmet Terras Capixabas 100% canephora –que vai na contramão do senso comum segundo o qual café 100% arábica é necessariamente melhor.
Questionado sobre o nível de rastreabilidade dos grãos de café adquiridos pela Melitta e quais medidas concretas estão sendo tomadas para melhorar a sustentabilidade e garantir condições de trabalho dignas para os cafeicultores, Barbieri não dá números nem detalha ações.
Diz apenas que “o Grupo Melitta integra a Plataforma Global do Café, associação multistakeholder dedicada a promover a sustentabilidade em direção à visão de um setor cafeeiro próspero e sustentável para as próximas gerações e ao lado de parceiros locais e internacionais. A frente estabeleceu a Iniciativa de Ação Coletiva intitulada Bem-Estar Social, que visa promover melhoria das condições de vida e trabalho de produtores e trabalhadores nas duas principais regiões produtoras de café no Brasil, estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A companhia, assim como outras instituições, atua como membro financiadora desta iniciativa e acompanha periodicamente os resultados alcançados.”
A questão da rastreabilidade sempre foi um assunto delicado para o setor. As principais marcas de café compram sua matéria-prima de intermediários e normalmente não têm comprovações sobre o caminho que o café percorreu, razão pela qual não é possível aferir se ele veio de uma fazenda com cumprimento de normas ambientais e sociais adequadas.
Tanto é que as plantações de café estão entre os segmentos com mais casos de pessoas flagradas em situação de trabalho análogo à escravidão, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.
O cultivo de café é a quarta atividade econômica com mais empregadores na lista suja do trabalho escravo, atrás apenas da produção de carvão vegetal, da criação de bovinos para corte e de serviços domésticos.
Ainda assim, as grandes empresas têm pouquíssima ou nenhuma iniciativa capaz de rastrear totalmente a produção do grão.
Questionado sobre os planos de descarbonização, Barbieri diz que a fábrica em que são produzidos os filtros de papel da empresa substituiu a caldeira a gás natural por uma de biomassa. Com isso, o executivo diz que a empresa “reduz cerca de 70% de emissão CO2 em comparação com a operação anterior, e uma redução estimada de 30% na pegada de carbono da empresa, no Brasil”.
MELITTA | RAIO-X
Fundação: 1908, na Alemanha. No Brasil, começou a operar em 1968 como uma subsidiária da empresa alemã-Sede
Sede: Alemanha (Melitta Group) e São Paulo (Melitta Brasil)
Área: café em grão, pó, solúvel, além de filtros, máquinas e acessórios
Principais produtos/rótulos: Tradicional, Extraforte, Regiões Brasileiras, Sabor da Fazenda e Compagnia Dell’Arabica
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Fonte: Folha de São Paulo