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A Serra da Mantiqueira se transformou no Napa Valley dos paulistanos. A cada ano que passa, o enoturismo se torna mais comum nessa região que fica a duas ou três horas da cidade de São Paulo. A região não apenas produz vinhos, como produz grandes vinhos. Em junho de 2023, o vinho Picant Soléil Syrah 2022, da Vinícola Ferreira, de Piranguçu, Minas Gerais, recebeu 95 pontos e ganhou a medalha de ouro no concurso Decanter World Wine Awards 2023, da revista inglesa Decanter, considerado o Oscar do vinho do mundial.
Piranguçu está a cerca de uma hora de Campos de Jordão, o ponto mais agitado e com melhor infraestrutura turística da Mantiqueira. Portanto, fica muito fácil conhecer de perto a vinícola que produz um dos melhores vinhos do mundo (não sou eu quem diz, é a revista Decanter). O que eu digo é que a visita vale a pena.
Visitei pela primeira vez a Vinícola Ferreira, em 2019. Na época, já pude constatar que os vinhos eram muito bons e achei o passeio bonito. No entanto, eles ainda não tinham nem o restaurante e nem a loja. A própria vinícola funcionava num espaço improvisado. Voltei no ano passado, logo depois do prêmio da Decanter. Agora a vinícola já está toda equipada, há uma loja e um restaurante ótimo na propriedade.
Os paulistanos, com condição financeira para isso, há décadas fogem para a Serra da Mantiqueira nesta época do ano. Lá faz calor de dia e frio à noite. Não chove. Dá para pegar piscina à tarde e tomar um vinho tinto bem encorpado na frente da lareira à noite. Foi justamente por conta dessas condições climáticas que a Mantiqueira se tornou também uma região produtora de vinho, a partir do momento em que se descobriu como transferir a colheita das uvas do verão para o inverno. Nos pontos mais altos, como Campos do Jordão ou Piranguçu, no entanto, isso não funciona, porque é muito frio e a uva não amadurece no inverno. Contudo, por ali é possível colher no verão, época em que chove muito, devido a uma cobertura de plástico que protege as uvas contra as chuvas.
Confesso que não acho essa cobertura plástica a coisa mais linda do mundo, mas o entorno é tão lindo, as videiras de perto também tão bonitas e o restaurante tão gostoso que isso não chega a atrapalhar. A comida é ótima. O chef Gabriel Oliveira, ex-aluno do curso de gastronomia do Senac de Campos de Jordão, trabalha com ingredientes locais. Os pratos são fartos.
O restaurante funciona de quinta a domingo das 10h às 16h, tem menu a la carte e trabalha só com reservas. Os pratos individuais ficam em torno de R$ 100,00 e os para duas pessoas vão de R$ 200,00 e R$ 300,00. Há a opção do menu harmonizado em seis tempos. Para cada etapa, você experimenta um vinho, entre eles os tintos SF Trompete (cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot) e São Bernardo (cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot, marselan, syrah e petit verdot), que ganharam a medalha de prata no concurso da Decanter. O menu sai por R$ 545,00 por pessoa.
Para quem não quer almoçar, há algumas opções de degustação. A Premium inclui cinco doses de 100 ml dos seguintes vinhos: Fumé Blanche, São Bernardo, SF Trompete, Arcanum da Serra e Montês. Sai por R$ 282,00 o kit, que vem nuns tubinhos de aço, então, é possível dividir. Se incluir a lata do Rosé Lavande de Montagne, o valor o valor sobe para R$ 330,00, mas fica mais interessante para 2 pessoas. Os vinhos são acompanhados de pães caseiros, azeite e queijo (cobrado à parte de acordo com as opções do dia). Há ainda a degustação simples, que é no mesmo formato, mas inclui apenas três vinhos escolhidos pelo sommelier de acordo com o dia. Custa R$ 165,00. Sempre é preciso reservar.
Agora, se quiser provar o vinho que ganhou o Oscar dos vinhos, terá de comprar uma garrafa, que custa R$ 499,00. Eu provei junto com o proprietário. É ótimo. Um vinho tem corpo e ao mesmo tempo frescor, muito aroma de fruta fresca. Uma delícia, mas os outros vinhos dele são muito bons também. Se fosse para comprar, eu compraria o RV Pinot Noir, por exemplo, que custa R$ 200,00. Mas, se você quiser apenas comprar uma latinha do rosé (R$ 48,00) e caminhar pelos vinhedos, também pode.
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Fonte: Folha de São Paulo