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Primeiro, achei que era eu. Depois, que era a minha bolha. Agora vejo que a turma do vinho branco está em todos os lugares e não para de crescer.
O Brasil sempre amou tintos. Produtores estrangeiros, que chegavam aqui para divulgar suas bebidas, estranhavam a preferência deste país tropical por vinhos tânicos, encorpados e alcoólicos. (Talvez também fosse reflexo de um trauma, afinal, nos anos 1980 e 1990, circulou por aqui um vinho branco alemão de garrafa azul que deu muita dor de cabeça e sujou a reputação da casta riesling para quase todo o sempre.)
Mas, agora, verões infinitos como os que temos vivido, um amadurecimento natural do paladar do bebedor de vinho e certa tendência mundial de preferir tudo o que é mais leve mudaram o que queremos para encher nossas taças.
Das importadoras grandes às pequenas, dados confirmam que o consumo de vinho branco só cresce. Otavio Lilla, da Mistral, conta que vê o movimento como uma tendência saudável de longo prazo, não uma moda passageira. Ele aponta o protagonismo de vinhos do oeste da Europa, além dos sul-americanos.
Áustria e Alemanha, produtores consagrados de brancos, ainda não conseguiram capturar os brasileiros por uma questão de letramento (muitos termos esquisitos em alemão designam a gradação de açúcar, por exemplo. E aqui sugiro que se guarde um na cabeça: trocken, que significa seco).
Adilson Carvalhal Júnior, da Casa Flora, apresentou a tendência em números: a importação dos brancos subiu 11% no ano passado, enquanto os rosados caíram 15% e os tintos 10%. Sua importadora tem vendido mais brancos nos últimos dois anos, embora a maior parcela do mercado ainda seja de tintos. Já na Belle Cave, vendem-se mais brancos e o best-seller é o italiano Tornicola Pinot Grigio.
Para quem quer explorar os brancos, sugiro ir além das variedades mais famosas, como chardonnay e sauvignon blanc. Se você pensa que vai encontrar sempre uma bebida magra e tediosa, hoje temos um imenso espectro de aromas, sabores e texturas, indo do salino ao cremoso, do floral ao mineral, do pungente ao redondo; é mais que um mundo, é um universo.
De Portugal, vale ficar atento aos brancos do Douro, que costumam trazer uma acidez natural maravilhosa, concentração e muito prazer; não desperdice nenhuma oportunidade de conhecer a encruzado, do Dão; e jamais dispense a alvarinho, que é bastante presente nos Vinhos Verdes.
Na França, atenção aos vinhos do Loire, que trazem bom custo-benefício. Da Itália, a pinot grigio faz um belo vinho de piscina, muito agradável, adorado pelos norte-americanos. Mas amo também a vermentino que vem da Sardenha e também os Soave, feitos com a uva garganega, que são frescos e cítricos.
E não despreze a austríaca grüner veltliner, que tem uma acidez pontiaguda que vai te fazer salivar horas depois do gole.
Já do Novo Mundo, vale se jogar no albariño uruguaio, que é mais cheio e volumoso que o português. Da Argentina, a questão é menos a variedade da uva e mais a região: fuja das mais quentes e procure altitude para ter mais elegância. Do Chile, as regiões de Leyda e Casablanca fazem brancos vivos e brilhantes. E, no Brasil, temos experimentações interessantes com variedades que vão da trebbiano à gewürztraminer, passando pela viognier.
Vai uma taça?
Um dos melhores custo-benefício que provei no último mês foi o uruguaio Cisplatino Albariño 2023 (Mistral, R$ 119), feito pelos irmãos Pisano, que une frescor à untuosidade e deixa um gostinho de sal na boca. Se você quer algo bem diferente, o chileno Lazy Winemaker Viognier (Domínio Cassis, R$ 120) não é filtrado e, portanto, dá sensação de ser mais encorpado. Traz umas notas deliciosas de laranja e um toque floral e acompanha bem pratos mais substanciosos. Já o italiano ZioBaffa Pinot Grigio (Evino, R$ 85), tem uma nota de maçã mais adocicada, que é convidativa para os novatos e vai bem com pratos asiáticos apimentados.
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Fonte: Folha de São Paulo