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Último ativo estatal ligado à energia no estado de São Paulo, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) recebeu três propostas para seu processo de privatização, cujo leilão ocorrerá nesta sexta-feira (19) na B3, a bolsa de valores de São Paulo. O grupo EDF, líder francês em geração e transmissão de energia; a Matrix Energia, comercializadora de energia brasileira que possui um fundo de investimento suíço por trás; e o fundo Phoenix entregaram envelopes com as informações exigidas no edital.
De acordo com fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, o empresário Nelson Tanure, um dos acionistas de referência da empresa de energia Light, está por trás de um dos fundos que apresentaram proposta de compra da Emae. O governo do estado de São Paulo mostra-se otimista com a venda do ativo e espera um leilão disputado.
“A gente teve três propostas entregues, isso já é um sinal de sucesso. Esperamos muita competição e até leilão de viva-voz, e que o resultado seja muito bom”, disse Rafael Benini, secretário de Parcerias em Investimentos do governo do Estado de São Paulo, à Gazeta do Povo.
A venda da Emae será um aquecimento importante para a privatização da Sabesp.
“Depois de fazermos PPP e concessão, essa é a nossa primeira privatização, a primeira venda de empresa do governo. Faz sentido porque está mais do que provado que o governo não tem papel na geração de energia elétrica”, avalia Benini, se referindo às dezenas de ativos ligados ao setor elétrico que foram vendidos nos anos 1990, entre eles a CPFL, a Eletropaulo e a Light.
Apesar do recebimento das três propostas e os indicativos de que será um leilão disputado, nos últimos dias o valor das ações da Emae na bolsa de valores vem oscilando. De acordo com Werner Roger, diretor da Trígono Capital, que possui mais de R$ 3 bilhões sob gestão, isso ocorre porque existem muitos fatores permeados por incertezas que podem influenciar na avaliação futura da empresa.
Emae é avaliada em R$ 2,3 bilhões
Tendo como principal atividade a geração de energia, a Emae é avaliada em R$ 2,3 bilhões e possui quatro unidades de produção. A primeira delas contempla as Usinas Hidrelétricas Henry Borden, complexo localizado na Serra do Mar, em Cubatão; a Usina Porto Góes, na margem do Rio Tietê, na cidade de Salto; a Usina Rasgão, também na margem do Rio Tietê, mas no município de Pirapora do Bom Jesus; e a Pequena Central Hidrelétrica Pirapora, na mesma cidade.
A Emae também é responsável pela operação do serviço de travessias em três pontos da Represa Billings, na zona sul de São Paulo: as balsas Bororé, Taquacetuba e João Basso. De acordo com o edital, o serviço se manterá gratuito após a privatização. O Trígono Capital aponta que há, ainda, um patrimônio imobiliário localizado em frente ao shopping Cidade Jardim e no qual o entorno está sendo alvo de especulação imobiliária.
“Em cima do rio Pinheiros, bem em frente ao shopping Cidade Jardim, há um prédio da Emae que vai virar centro cultural com restaurante gourmet, exposição. Ele foi arrendado por 25 anos para a JHSF. Eles vão fazer uma passarela ligando esse complexo ao shopping Cidade Jardim. Quem comprar a Emae vai levar isso incluído, é uma área que faz parte de todo um desenvolvimento que está ocorrendo em torno do rio Pinheiros, com clubes e até surfe artificial”, diz Werner Roger.
Riscos e potenciais da privatização da Emae
De acordo com o diretor da Trígono Capital, uma das complexidades em se avaliar a Emae é a falta de informações sobre o valor desse patrimônio imobiliário. “É uma empresa com grande patrimônio imobiliário que não se tem a menor ideia de seu valor. Tudo é valor contábil antigo, a empresa tem mais de 100 anos”, diz ele.
Outro fator que, segundo ele, dificulta ao mercado de capitais avaliar os papéis são as incertezas em relação à vazão da água que será disponibilizada para a ativação das usinas hidrelétricas pertencentes à Emae. Já com sistema de geração e transmissão construídos, a usina hidrelétrica Henry Borden, por exemplo, tem capacidade instalada para gerar 900 megawatts com uma queda de mais de 600 m de água, conseguindo gerar energia em 6 segundos. Porém, está contratada para apenas fornecer 110 megawatts ao ano em caso de falta de energia.
“A Emae utiliza bem menos que sua capacidade de geração na energia, na minha visão porque a Sabesp se apropriou indevidamente dos dois reservatórios, de Guarapiranga e Billings, para suprir o consumo de água da cidade de São Paulo. A Emae, que construiu todo esse complexo, não recebe nada por isso”, diz Werner Roger.
De acordo com o secretário Benini, a Emae é responsabilizada pelo controle de cheia do rio Pinheiros, cujas regras são contempladas em um contrato com o governo federal. “Como isso é uma coisa importante pra gente dentro do nosso contrato de compra e venda, deixamos bem claro as responsabilidades dela e como vamos fiscalizar isso, porque a pior coisa que pode acontecer é a Emae deixar o Pinheiros sem a cheia, um problema que não ocorre há anos”, diz ele.
Emae tem capacidade de expansão em energia solar e térmica
O grande potencial da Emae é, segundo o secretário Benini, a capacidade de expansão da geração de energia pela empresa. “Tivemos as primeiras usinas com 130 megawatts de energia solar instalada. Só no lago da Billings há 1 gigawatt, sem contar o Guarapiranga. Há muita capacidade de exploração, sendo que já está contratado 130 megawatts”, diz ele.
Além da energia solar, há a capacidade de geração de energia térmica. “Há um contrato de construção de uma térmica a gás de 2,5 gigawatts em Piratininga, e há capacidade de expandir a capacidade hidrelétrica na usina de Edgard de Souza. Tem muita possibilidade de crescimento da Emae, isso que atraiu tanta gente para o leilão”, diz Benini.
O diretor da Trígono Capital, chama a atenção para um projeto com tecnologia da Siemens, chamado Gazen, que prevê a construção de uma nova termoelétrica de última geração muito eficiente em termos de emissão de energia. “Tem todo um reaproveitamento do gás das turbinas, uma eficiência que pode gerar 2,5 gigawatts. Para você ter uma ideia, é do tamanho de uma Eneva. Você pode ter isso aqui dentro de São Paulo usando um gás que pode vir de várias fontes, da Bolívia, da Petrobras, do pré-sal de importação, pode trazer gás lá de Vaca Muerta, na Argentina”.
Venda de ações para a privatização da Emae será em lote único
As ações serão vendidas em lote único no leilão, com oferta de 14,7 milhões de ações ordinárias de classe única. Desse total, 14,4 milhões são de titularidade do estado de São Paulo e outras 350 mil são da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
Há ainda 50.981 ações preferenciais de classe única, pertencentes ao estado de São Paulo. Aos funcionários da Emae serão ofertados 10% do capital social, o que corresponde a aproximadamente 3,6 milhões de ações no valor do preço mínimo, em atendimento à lei que instituiu o Programa Estadual de Desestatização (PED).
Cada ação tem o valor mínimo de R$ 52,85, de maneira que a oferta arrecadará no mínimo R$ 779 milhões. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, entre os possíveis interessados estão a Âmbar, do Grupo J&F, a geradora Auren, a CPFL, a chinesa CTG e a francesa EDF.
A Secretaria da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo detém 97,61% das ações ordinárias da Emae, ou 38,99% do capital total, enquanto a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) possui 2,39% das ações ordinárias, ou 0,95% do capital total. Outro acionista importante é a Eletrobras, com 64,82% das ações preferenciais da empresa e 39,02% do capital total. De acordo com o site da B3, os 21,05% restantes do total da companhia pertencem a outros acionistas.
A abertura do envelope com as ofertas de preço será às 15h desta sexta-feira, na sede da B3, em São Paulo. Vencerá o leilão o consórcio que ofertar o maior valor por ação, acima do preço mínimo definido. Caso haja algum lance até 20% inferior à melhor proposta apresentada, poderá haver viva-voz durante a sessão.
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Fonte: Notícias ao Minuto