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O dado é referente até o começo de abril. O número é 50% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Hospital de Trauma de João Pessoa
Reprodução/Secom
De janeiro até abril de 2024, o Hospital de Trauma de João Pessoa registrou 28 casos de crianças e adolescentes baleados. Como os dados das vítimas são apenas de atendimentos realizados em um hospital, os números podem ser maiores se considerarmos que as vítimas podem ter sido socorridas e levadas para outras unidades hospitalares da região de João Pessoa.
Nesta semana, duas crianças foram vítimas de arma de fogo com uma diferença de 48 horas de um caso para o outro. As vítimas são Gabriel dos Santos Silva, de 3 anos, que morreu na terça-feira (2) após receber um tiro na cabeça, em Santa Rita, e um menino de 10 anos atingido com um tiro de raspão no braço, em Bayeux, na madrugada da quinta-feira (4).
Gabriel de 3 anos foi morto em ataque a tiros, em Santa Rita
Reprodução/TV Cabo Branco
No caso de Gabriel dos Santos Silva, ele foi socorrido e levado para a Maternidade Flávio Ribeiro Coutinho, em Santa Rita, que constatou o óbito.
O menino de 10 anos foi encontrado chorando pela Polícia Militar, que prestou socorro e o encaminhou para o Hospital de Trauma de João Pessoa. A vítima passou por procedimentos médicos de emergência e recebeu alta na manhã da quinta-feira (4). No mesmo crime, duas mulheres foram mortas, sendo uma delas a mãe da criança.
10 crianças foram baleadas em março de 2024
A Região de João Pessoa registrou 28 casos de crianças e adolescentes atingidos por tiro, entre janeiro e abril de 2024. O número é 50% maior em relação ao mesmo período do ano passado, que aponta 18 casos, sendo todas as vítimas identificadas como adolescentes.
Até 4 abril de 2024, o maior número de vítimas são adolescentes, representando 25 casos. Outras três crianças foram atingidas por tiro.
Março foi o mês mais violento de 2024, registrando 10 casos de vítimas de arma de fogo.
Em 2023, o número total de baleados é 78 casos, sendo os meses de outubro e novembro os mais violentos, contabilizando 10 casos cada. São 71 vítimas identificadas como adolescentes e 7 crianças baleadas.
Os efeitos profundos da violência
Em entrevista à CBN João Pessoa, o psicólogo Vinícius Gouveia afirma que as crianças e adolescentes vítimas de tiros podem sofrer com efeitos psicológicos profundos e duradouros, resultado do contato com a violência. Eles podem ser diagnosticados, principalmente, com estresse pós-traumático.
“O que a gente entende por estresse pós-traumático é justamente a criança estar revivendo a experiência, esse estresse, então tendo picos de tensão e de ansiedade, que aí vão provocar sintomas de flashback, de reviver, de pesadelos, de ansiedade extrema, medo constante, essa criança vai perder o senso de segurança dela a partir do momento que vive algo assim”, afirma o psicólogo.
O especialista em segurança pública, Gustavo Batista, também considera que somos resultado da nossa socialização, por isso, é importante criar contextos de promoção à cultura, esporte, lazer e educação, com objetivo de evitar um “aprendizado social acerca da violência”.
“Aquilo que se aprende dentro desse contexto de violência acaba se reproduzindo na relação doméstica, na relação de trabalho e em outras relações, em outros contatos sociais”, afirmou.
Gustavo Batista também comenta que vêm se repetindo no Brasil os casos de crianças e adolescentes vítimas de balas perdidas em zonas periféricas.
“É uma bala que não é tão perdida assim porque ela encontra quase sempre aqueles mesmos alvos: pessoas pobres, negras, periféricas, de bairros mais afastados dos serviços públicos e de acesso também a todos os outros bens inerentes de uma vida social adequada, que envolve também áreas de lazer, centros comunitários, a presença de escola e etc”, explicou.
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Fonte: G1