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São Paulo
Victor Liam estava “apenas existindo, tranquilo, de boa” quando foi chamado, via mensagem direta no Instagram, para um teste na TV. Após algumas etapas de seleção, o ator trans de 22 anos foi escolhido para viver Ícaro em “Da Ponte Pra Lá”, que estreia na Max nesta quinta-feira (4).
Victor fez teatro na infância e sempre se interessou pela área, mas até poucos meses atrás, trabalhava como caixa de supermercado. “São muitas emoções de uma vez. Ainda não sei como lidar”, diz, em entrevista ao F5. “Saí de um supermercado e, do nada, eu estava na frente de uma câmera.”
Na série, Victor dá vida a Ícaro, jovem que enfrenta os percalços de uma transição de gênero em meio a uma adolescência marcada pela violência e pela luta de classes.
“O Ícaro já traz em si a verdadeira história de uma pessoa trans, preta e da quebrada. Ele luta contra coisas que nós lutamos todos os dias, mas ele sabe lidar com isso do jeito dele”, diz ele, que se sente inspirado pela força do personagem, que enfrenta as dificuldades com sabedoria e leveza.
“Acho que o Ícaro vai ajudar muitas pessoas trans a se sentirem bem. Eu demorei para aceitar meu jeito, amar meu corpo. Tudo o que a gente quer é se sentir bem”, diz ele, que se entendeu como homem trans aos 16 anos. “Tinha a sensação de não caber em mim. As roupas não cabem, você se olha no espelho e não é você”, conta. “Acho muito legal a forma como o Ícaro supera tudo isso. Ele fala: ‘Eu caibo e vou fazer acontecer'”.
Morte na Ponte Estaiada
Ambientada em uma São Paulo jovial e hiper-realista, “Da Ponte Pra Lá” é um thriller no estilo “quem matou?”. Logo nos primeiros minutos de tela, Ícaro morre na Ponte Estaiada. O enredo se desenvolve a partir dessa morte cercada de mistérios e o telespectador é convidado a investigar o assassinato, enquanto a trajetória de Ícaro é narrada em flashbacks nas memórias da melhor amiga, Malu (Gabz).
O diretor Rodrigo Monte diz ter “Euphoria”, fenômeno adolescente da HBO, como inspiração fotográfica. “A nossa São Paulo é um pouco descolada da realidade, não é exatamente crua, tem um hiper-realismo de leve que ‘Euphoria’ faz super bem”, diz.
Segundo o diretor, a ideia da série era contrastar os dois mundos de São Paulo: a quebrada e a elite, tendo a escola como um ponto de encontro desses jovens de realidades tão diferentes. “É um suspense focado na busca por um criminoso tendo como pano de fundo o ‘coming of age’, os desafios da geração Z e o hip hop”, completa a produtora Silvia Fu.
A partir da morte de Ícaro, a jovem aspirante a rapper Malu (Gabz) embarca em uma investigação particular enquanto tenta decolar em sua carreira no hip hop. Gabz, 25, também é rapper, poeta e foi parar nas telinhas após se destacar nas batalhas de slam.
“A Malu é diferente de mim, mas nós viemos do mesmo lugar. É interessante saber que nós, mulheres negras periféricas, temos muita história coletiva para contar e ao mesmo tempo somos muito diferentes”, diz.
‘Conheço vários Enzos’
Veterano entre os colegas, João Guilherme vive o playboy Enzo: mimado, misterioso, de temperamento explosivo e com ares de vilão. O ator diz ter se inspirado em muita gente que conheceu nos círculos sociais da elite paulistana.
“Conheço vários Enzos. Pessoas próximas, pessoas de quem me afastei. Foi uma honra poder ser esse cara, um cara que a gente luta para não ser, dentro de uma realidade muito parecida com a que eu vivo”, conta o ator.
Nascido e criado em São Paulo, João Guilherme diz também ter se apaixonado pela ambientação da série, que leva uma referência à Ponte Estaiada no título. “O que me fez me amarrar nessa série é a identidade de São Paulo estar tão presente, os jovens fazendo racha na ponte. Desde que nasci faço o caminho da ponte para ir para casa”, conta.
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Fonte: Uol