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A história faz parte da mitologia do rock: em 4 de dezembro de 1971, durante um show de Frank Zappa no Casino Barrière de Montreux, às margens do Lago Genebra, na cidade suíça de Montreux, um espectador disparou uma arma de sinalização dentro do cassino, causando um incêndio que destruiu o prédio. O local, desde 1967, abrigava todos os anos o Festival de Jazz de Montreux, um dos mais famosos do mundo.
Do outro lado do lago, os cinco integrantes da banda de hard rock inglesa Deep Purple —Ian Gillan (vocal), Ritchie Blackmore (guitarra), Roger Glover (baixo), Ian Paice (bateria) e Jon Lord (teclados)— viram o incêndio das janelas do hotel onde estavam hospedados.
No dia seguinte, eles entrariam no cassino para gravar o sexto LP da banda, “Machine Head”, usando o estúdio móvel que pertencia aos Rolling Stones.
Impactados pela imagem catastrófica do prédio em chamas, escreveram uma música que relatava o incidente e que se tornaria não só a mais famosa do repertório do Deep Purple, mas uma das mais icônicas canções do rock: “Smoke on the Water”.
A música foi o destaque do LP “Machine Head”, que seria gravado no Grand Hotel, também em Montreux. O disco saiu em março de 1972 e, para muitos, é o maior momento da carreira do Deep Purple.
Após 52 anos, “Machine Head” é relançado em edição de luxo. São três CDs, LPs ou Blu-Rays, com um novo remix do álbum original, feito por Dweezil Zappa —músico e filho de Frank Zappa. Além disso, o lançamento contém gravações de um show da banda em Londres, em março de 1972, e um registro até hoje inédito: o concerto do Deep Purple no cassino de Montreux, realizado oito meses antes do incêndio que destruiria o local.
“‘Machine Head’ nasceu de uma catástrofe, mas acabou se tornando um momento único na carreira do Deep Purple” diz, por telefone, o cantor Ian Gillan. “Era o terceiro disco com a nova formação da banda, que incluía Roger Glover e eu, e estávamos num momento maravilhoso, compondo e tocando como nunca. A banda nunca estivera tão afiada.”
Gillan diz que a banda decidiu gravar o disco em um cassino porque a grande maioria dos estúdios da época não eram adequados para uma banda como o Deep Purple.
“Os estúdios usados no início dos anos 1970 foram, com raras exceções, construídos para abrigar equipamento pequeno e artistas que tocavam em volume baixo. A acústica era ruim, e os engenheiros de som, metaforicamente falando, estavam acostumados a jogar um cobertor’ por cima dos artistas, tornando o som abafado e sem impacto”, afirma Gillian.
“O Deep Purple era o oposto disso: uma banda pesada, que tocava alto e gostava de gravar todos os instrumentos ao mesmo tempo, como num show ao vivo. Precisávamos de um espaço amplo, e por isso acabamos optando pelo cassino.”
Gillan acha que os dois discos anteriores da banda, “Deep Purple In Rock” (1970) e “Fireball” (1971), prepararam o terreno para “Machine Head”: “O disco que gravamos na Suíça combinava o melhor daqueles dois discos. Em ‘In Rock’, quebramos todas as barreiras, fazendo um disco super forte e pesado, e em ‘Fireball’ usamos mais elementos orquestrais, misturando também jazz, blues e country, resultado num som mais funkeado.”
O cantor acredita que a banda construiu uma sonoridade muito pessoal, composta pela mistura das influências individuais de seus integrantes. “A praia de Jon [Lord, tecladista] era a música orquestral e o jazz, Ritchie [Blackmore, guitarrista] era um grande músico de estúdio que tocava de tudo. Roger [Glover, baixista] era um especialista em música folk e Ian [Paice, bateria] adorava jazz e o som das big bands dos anos 1940.”
Ele, por outro lado, sempre foi mais do rock. “Tudo isso veio junto na equação humana que resultou no som do Deep Purple. Foi uma coisa fascinante, os elementos estavam alinhados, e obtivemos um resultado que não conseguiríamos individualmente. Com ‘Machine Head’, forjamos nossa identidade. É um disco que mostra influências individuais de cada um de nós, mas nenhuma delas foi dominante no resultado. É um trabalho do qual me orgulho muito.”
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Fonte: Uol