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O café é o principal responsável pelo atual crescimento global da Nestlé. Com isso, a gigante de alimentos aumenta as compras no mercado brasileiro, de olho nas suas próprias metas de redução de emissões de carbono.
A empresa reportou no balanço do primeiro semestre deste ano que teve um crescimento orgânico de 2,1% e que o café foi o maior responsável pela alta. A companhia é dona de marcas gigantes, como Nescafé, Nespresso e Starbucks.
Entre outros fatores, o crescimento tem a ver com as ambições da empresa na área de sustentabilidade. Pressionada pelas demandas do mercado por práticas mais sustentáveis, a companhia se comprometeu com seus acionistas e com o público que reduziria em 20% suas emissões até 2025 e em 50% até 2030 —tendo como base os patamares de 2018.
A empresa é uma das grandes poluentes do mundo e, em 2018, emitiu 113 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa.
Nessa corrida contra o tempo, a Nestlé descobriu no café brasileiro um dos principais aliados para alcançar essas metas. Estima-se que cerca de 70% da pegada de carbono do café esteja concentrada na agricultura. Por isso, a empresa aumentou a compra de cafés brasileiros provenientes de agricultura regenerativa —alguns deles, inclusive, carbono neutro ou até carbono negativo.
Assim, ao adquirir grãos que recorrem a essas práticas agrícolas, a empresa consegue reduzir significativamente sua pegada de carbono.
A Nestlé traçou como meta que, até 2025, 20% de todo o café que adquire mundialmente seja proveniente de agricultura regenerativa. No Brasil, a empresa subiu a régua e decidiu ampliar essa meta para 30%, com o objetivo de alcançar 50% em 2030.
O foco na agricultura regenerativa chegou a ser criticado por pesquisadores, segundo os quais o plano de descarbonização da companhia é demasiadamente dependente desse tipo de manejo, enquanto que deveria prever ações mais sólidas, por exemplo, para lidar com suas emissões de metano —gerado a partir da pecuária para produção de laticínios.
O CEO global da Nestlé, Mark Schneider, chegou a visitar, em agosto de 2023, uma fazenda que cultiva café por meio de práticas regenerativas no cerrado mineiro, como uma sinalização de que a empresa está priorizando os agricultores que recorrem a essas técnicas que emitem menos carbono.
Com isso, a companhia se consolida como uma das principais compradoras das mais de 50 milhões de sacas de café que o Brasil produz anualmente.
EMPRESA DESENVOLVE ATÉ NOVA VARIEDADE
A empresa chegou a desenvolver uma variedade de café mais resistente a pragas, cujo cultivo emitiria menos gás carbônico, e decidiu iniciar a plantação dessa varietal justamente no Brasil, na região de Franca (SP), na Alta Mogiana.
A planta, criada a partir de melhoramento genético em parceria com a Fundação Procafé, foi batizada de Star 4 e surgiu a partir das variedades Typica e Catimor.
Testes de campo demonstraram que os rendimentos da Star 4 são mais altos em comparação com algumas das variedades locais brasileiras mais usadas, como Catuaí e Bourbon. Assim, isso reduziria a emissão de gases de efeito estufa entre 36% e 41%, segundo cálculos da companhia.
A aposta da Nestlé no setor de cafés fica evidente em eventos dos quais a empresa participa, sobretudo quando é instada a falar sobre sustentabilidade e tendências para o futuro do planeta.
Na última edição do HackTown, um dos principais eventos de inovação do Brasil, que acontece em Santa Rita do Sapucaí (MG), a Nestlé foi uma das principais patrocinadoras e levou à cidade uma programação na qual o maior destaque era a Trilha Café do Futuro, em que divulgava as ações da empresa na área de agricultura regenerativa e sustentabilidade socioambiental.
APOSTA NA GOURMETIZAÇÃO
Enquanto traça esses planos para o Brasil como fornecedor de matéria-prima, a Nestlé também está atenta ao consumidor brasileiro. Um dos maiores mercados do mundo, o Brasil vive um momento de gourmetização –filão por meio do qual a gigante suíça pretende ampliar sua participação.
Isto porque o café já é um produto presente em quase todos os domicílios do país. Logo, não há muito espaço para conquistar novos consumidores. A saída, então, é investir em produtos gourmet, a fim de se diferenciar e fisgar essa crescente parcela dos consumidores com paladares mais exigentes.
A companhia informou que planeja investir cerca de R$ 1 bilhão no Brasil até 2026, a fim de expandir sua capacidade de produção e as vendas fora do lar.
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Fonte: Folha de São Paulo