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As Olimpíadas de Paris já estão a todo vapor e, nas próximas semanas, vou publicar apenas receitas francesas.
A França, que estabeleceu as bases da culinária ocidental, é alvo de algumas ideias pré-concebidas.
Uma delas: é uma cozinha que pega pesado na manteiga e no creme de leite. Bem, não dá para refutar demais isso – como vocês podem perceber na receita que vem a seguir.
Já outro preconceito bastante comum, o de que a culinária francesa é um monstro de sete cabeças, não faz sentido.
Claro que há receitas muito complexas, em especial as da alta gastronomia, mas a cozinha da França é tão vasta que acomoda de tudo.
A receita desta semana, o filé com pimenta-verde, é 200% francesa e 500% moleza. Pela minha matemática, vale 1.000% fazê-la.
Leva apenas estes ingredientes: carne, creme de leite, pimenta-verde, manteiga e algum tipo de bebida alcoólica (ou mais de um). Aqui, como em todo conteúdo de receitas, a gente trapaceia de leve e não contabiliza como ingrediente o sal, a pimenta preta, água e ervas em geral.
Não tem alho nem cebola, o que me deixa meio sem chão. Mas não precisa. Mesmo. A pimenta-verde é uma bomba de sabor.
Ela é a pimenta-do-reino colhida antes de amadurecer. Uma baga verde que explode na mordida, mais intensa do que a versão seca da pimenta. É vendida em conserva, geralmente uma salmoura.
A carne para este prato é preferencialmente o filé mignon, por causa da maciez. Eu ia fazer com filé bovino, mas ele custava mais de 70 contos o quilo. Comprei filé de porco, que estava por 20 e poucos –e eu gosto mais.
Dá para fazer também com cortes do contrafilé, alcatra ou fraldinha. O importante é ter uma carne macia.
A bebida alcoólica varia de receita a receita. Na minha pesquisa, encontrei vinho branco, conhaque, uísque e licor Grand Marnier. Usei vinho tinto, que era o que tinha aberto na geladeira. E um xablau de uísque.
No que tange ao creme de leite, as receitas francesas pedem crème fraîche, um creme bem gordo e ligeiramente fermentado, que não existe por aqui. Das opções disponíveis, a melhor é a nata –que, além de tudo, é bem mais barata do que o creme de leite fresco.
O creme UHT tá valendo. Só não use o creme de leite em lata, que talha quando ferve.
Use uma frigideira de ferro ou inox, pois você deve fazer déglaçage –nome francês e besta para o ato de jogar um líquido na frigideira e raspar os sólidos do fundo.
Como acompanhamento, proponho batatas –outra onipresença na cozinha francesa. Podem ser fritas, cozidas ou amassadas em purê.
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Fonte: Folha de São Paulo