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O café que bateu um recorde no fim do ano passado e se tornou o grão natural brasileiro leiloado pelo valor mais alto da história chega agora ao mercado nacional.
Trata-se de um café da variedade geisha cultivado pela Orfeu em São Sebastião da Grama (a cerca de 250 km de São Paulo). Ele foi um dos vencedores da edição brasileira do Cup of Excellence, concurso que é considerado um “Oscar dos cafés” (veja na galeria de imagens abaixo como é feita a avaliação e escolha dos vencedores).
O leilão dos grãos verdes que foram finalistas do Cup of Excellence ocorreu no fim do ano passado. Na ocasião, cada saca de 60 kg desse café foi vendido pelo equivalente a R$ 84,5 mil, o que corresponde a um valor de R$ 1.410 por quilo.
Trata-se do maior valor já pago por um café natural brasileiro. Natural quer dizer um café que teve um processamento pós-colheita no qual ele secou ainda na casca. Em 2018 um grão de Minas Gerais chegou a alcançar um valor ainda maior, mas na categoria “Via Úmida”.
As três sacas leiloadas no ano passado foram adquiridas pela empresa japonesa Sarutahiko Coffee. A Orfeu, contudo, conseguiu manter uma pequena parte desse café no Brasil.
Agora, esse café campeão é lançado em uma embalagem comemorativa. A data e os detalhes de um dos lançamentos mais importantes da história da Orfeu foram antecipados com exclusividade ao Café na Prensa.
Ele será vendido em conjunto com outro microlote, um café da variedade arara que venceu outro prêmio no ano passado –o prêmio Aroma, que não tem o prestígio do Cup of Excellence, mas que também elege alguns dos melhores cafés da safra brasileira.
O kit comemorativo trará duas garrafas de vidro, com o vencedor de cada um dos concursos. Cada garrafa tem 210 g de café em grãos. Ao todo, serão comercializadas 200 unidades do conjunto, todas numeradas.
Elas estarão disponíveis a partir desta sexta (28), somente pelo e-commerce da marca e no empório Santa Luzia, em São Paulo. O conjunto custará R$ 450.
O geisha vencedor do Cup of Excellence é cultivado em uma altitude de 1.570 metros e tem notas de mel, maracujá, caramelo, jasmim, mamão, ameixa e erva-cidreira.
Já o arara fica em uma altitude de 1.350 metros e tem acidez elevada e notas sensoriais de limão, rapadura e hortelã. Os grãos dessa variedade estão constantemente entre os mais aclamados das fazendas da Orfeu. Em 2022, outro lote dessa mesma variedade ganhou o prêmio Aroma.
Ambos os café são cultivados na fazenda Rainha, em São Sebastião da Grama, que fica na chamada região vulcânica –área entre os estados de São Paulo e Minas Gerais na qual o cultivo ocorre no entorno de uma caldeira vulcânica. Conheça mais sobre essa região na galeria de imagens abaixo:
POR QUE É TÃO CARO?
O lote cuja saca bateu recorde de valor foi o campeão do Cup of Excellence Brasil na categoria “Via Seca”, que se destina aos grãos naturais (colhidos e secos com casca).
Ele é da valorizada variedade geisha (ou gesha), tipo de café arábica que surgiu no vilarejo de Geisha, na Etiópia –não tem, portanto, nenhuma relação com as gueixas da cultura japonesa. Foi no Panamá, porém, que esta variedade de fato encontrou solo fértil e alcançou uma qualidade reconhecida mundialmente. Recentemente, ela foi introduzida no Brasil.
Geralmente, esse tipo de café produz uma bebida muito aromática, com notas florais e acidez balanceada —atributos muito valorizados no mercado de cafés especiais.
É também da variedade geisha o recorde de café mais caro do mundo. Ele foi estabelecido em um leilão realizado em setembro de 2022, quando um lote do produtor panamenho Lamastus Family Estates foi arrematado por cerca de R$ 65 mil o quilo.
É claro que a variedade não é o único fator decisivo para a qualidade do café. Muitas questões interferem na qualidade final da bebida, como terroir, manejo, processamento pós-colheita, torra etc. Logo, não basta ser de uma variedade considerada nobre. É preciso que o café passe por um tratamento qualificado ao longo de toda a cadeia.
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Fonte: Folha de São Paulo