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Natural de Monteiro, Ilmar Cavalcanti é um dos grandes compositores paraibanos, com canções marcantes na música nordestina. llmar Cavalcanti, compositor paraibano natural de Monteiro, PB
Arquivo Pessoal/Ilmar Cavalcanti
Flávio José, Elba Ramalho, Santanna e vários outros nomes da música nordestina. Todos eles têm algo em comum: gravaram canções do compositor paraibano Ilmar Cavalcanti, de Monteiro, Cariri da Paraíba. Em 30 anos de carreira, Ilmar coleciona hinos conhecidos nacionalmente.
O interesse pela música surgiu ainda na infância. Através do pai, que colecionava LPs de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, Ilmar começou a se interessar pelas letras e aos 15 anos compôs a primeira música.
“Comecei a compor através do meu pai. Ele comprava muitos vinis e fui tomando gosto pela boa música. Na minha casa nunca faltava LP de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, e eu sempre ficava curioso pra saber quem era o compositor”, relatou.
Quando decidiu seguir de fato a carreira de compositor, Ilmar se deparou com muitas dificuldades. Em uma época em que não existia internet, o desafio para se chegar aos grandes artistas e apresentar as canções era ainda maior.
“Foi muito difícil porque nesse tempo não tinha internet, não tinha nada. Eu lutei muito para chegar onde cheguei. Foi um começo muito difícil, bati na porta de muita gente para ter minha primeira música gravada”, relata.
O pontapé da carreira de Ilmar aconteceu em 1993, quando uma das letras dele passou a ser conhecida na voz de Egídio Monteiro. Mas foi Eliane, a Rainha do Forró, que primeiro popularizou a poesia do compositor, dando voz à canção “Poucas Palavras”.
Eliane, a Rainha do Forró
Rondinelle de Paula/Arraiá de Cumpade
Até chegar em Eliane, no entanto, o compositor contou com um conterrâneo de Monteiro que tem uma influência importante não apenas em sua carreira, mas na música nordestina: Flávio José. Foi Flávio que levou “Poucas Palavras” para Eliane gravar. A música foi o primeiro sucesso de Ilmar.
“Flávio José foi quem levou essa música para Eliane. Ela gravou, daí em diante o pessoal pegou meu telefone. Depois de Eliane tudo ficou melhor, e Flávio foi um cara muito importante na minha carreira”, afirma.
Depois disso, Ilmar também teve duas músicas escritas em parceria com o compositor Leonardo Alves inclusas no álbum “Tareco e Mariola”, um dos mais importantes da carreira de Flávio José.
“Foi um disco maravilhoso que vendeu bastante, e a partir daí Santanna me procurou, Adelmário Coelho, Mastruz com Leite…”, diz.
Paraibanos Ilmar Cavalcanti e Flávio José
Arquivo Pessoal/Ilmar Cavalcanti
Daí em diante, várias músicas escritas por Ilmar passaram a fazer parte da trilha sonora da vida de muitos nordestinos. “Seu Olhar Não Mente”, gravada por Flávio José no ano 2000, é uma das que atravessaram gerações e em diferentes vozes fizeram história.
“Toda música tem seu momento de importância. Mas eu acho que tem coisa que marca a gente, e a música “Seu Olhar Não Mente” é uma música marcante, porque Flávio gravou no ano 2000, e até hoje é sucesso. Elba também gravou, e acho que ela é importante demais. O compositor fica feliz quando vê sua música sendo gravada”, relata.
Relação com Monteiro
A cidade de Monteiro, no Cariri paraibano, tem uma relação muito forte com a música. Nomes como Flávio José e a banda Magníficos colocaram o lugar em um patamar elevado na cena musical paraibana.
Ilmar Cavalcanti tem uma relação especial com Moteiro, no Cariri paraibano
Arquivo Pessoal/Ilmar Cavalcanti
E é nesse cenário que Ilmar vive até os dias de hoje. A cidade que respira música, inspirou também o compositor em várias de suas canções, e facilitou a logística entre a composição e a venda de músicas que ficaram conhecidas em todo o Nordeste.
Foi em Monteiro que Ilmar recebeu o apoio e o voto de confiança de muitos artistas que eternizaram suas canções.
“Monteiro em si já inspira música. Aqui é um lugar muito musical, tinha a banda Magníficos que estava começando, e a gente aproveitou essa onda. O primeiro disco deles tem quatro músicas minhas. Depois deles, veio Mastruz com Leite, e a coisa foi fluindo”, explica.
Amor pela música nordestina
E o resultado da relação com Monteiro mais as influências de nomes como Flávio José é o amor que Ilmar nutre pela “autêntica música nordestina”. Em suas composições, ele preza por sempre exaltar o que há de melhor no Nordeste, no amor e nas diversas situações da vida.
“O que me faz compor é o dia a dia. Às vezes um amigo da gente falando de uma situação de separação, ou que está feliz… É o dia a dia que faz a gente compor música”, explica.
Ilmar também recorda que já escreveu músicas enquanto estava trabalhando, e até em fila de banco. “Papel Jogado ao Vento”, por exemplo, interpretada por nomes como Santanna, O Cantador, foi escrita por Ilmar após um amigo relatar para ele que estava terminando o relacionamento e pedir uma música.
“O compositor tem que aproveitar o seu tempo. Já fiz música em fila de banco, trabalhando, e teve um dia que um amigo meu me ligou e disse que estava se separando, pediu uma música. Fui para casa e fiz ‘Papel jogado ao vento’, que foi gravada até por Santanna”, relata.
Ilmar Cavalcanti, compositor paraibano
Arquivo Pessoal/Ilmar Cavalcanti
Defensor do “forró raiz”, Ilmar Cavalcanti acredita que o segredo para ter sucesso como compositor de músicas que embalam os festejos juninos de diferentes gerações é “não seguir modismos” e ser fiel aos grandes mestres da cultura nordestina.
“[O segredo] é ser fiel a autêntica música nordestina, é não seguir modismo nenhum, porque modismo passa. Peguei época do pagode, lambada, piseiro, e estou aqui hoje com minha música, que fiz há 30 anos atrás, e o povo ainda gosta. Nunca mudei meu estilo de compor, minha verdade: amor, o Nordeste, e as dores do dia a dia”, finaliza.
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Fonte: G1