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Quando soube que o Festival de Vinhos do Santa Maria Empório tem entrada gratuita, custei a acreditar. Neste evento, que acontece de 5 a 8 e de 12 a 15 de junho, em São Paulo, você pode provar vinhos de trezentos, quinhentos, mil reais. Dentro da loja, um empório butique do grupo St. Marché, foram instaladas algumas mesas de importadoras e produtores nacionais que oferecem vinhos (em taças de qualidade) para qualquer cliente da loja que queira provar. São vinhos incríveis de todos os tipos e preços. Durante esse período, 162 vinhos da loja estarão com descontos bem bacanas.
Como eu sempre digo, essas feiras são uma grande oportunidade de ampliarmos nosso repertório. Aqui os vinhos que serão abertos vão variar a cada dia, mas a maioria das importadoras abre três ou quatro garrafas, no mínimo. No dia em que eu fui ao festival, por exemplo, entre outros vinhos, a Cantu abriu o Albert Bichot Petit Chablis (de R$ 269,00 por R$ 199,90). Delicioso. Chablis é uma sub região da Borgonha, na França, muito conhecida pela elegância e o frescor de seus vinhos, sempre brancos, sempre de chardonnay. Quem quer entender de vinho, ter um padrão do que é um bom branco, tem de tomar um chablis ao menos uma vez na vida. O petit chablis é o mais simples dos vinhos de Chablis, mas já mostra a que a região vem. Albert Bichot é um bom produtor. Se a garrafa estiver aberta quando você for, prove. Se não estiver, mas você tiver duzentos contos para gastar, compre.
A mesa do Santa Maria Adega (vinhos de importação própria do grupo St. Marché) abriu um Catello Della Peneretta Chianti Classico Riserva (de R$ 229,00 por R$ 189,90). Chianti Classico é uma denominação independente de Chianti. Seus vinhos costumam ser bem mais caros (este está com bom preço mesmo fora da promoção). Pessoalmente, gosto muito de ambos, mas Chianti Classico costuma ser mais potente. Ali, à diferença de Chianti, que é a região que fica a seu redor, além das uvas tradicionais são permitidas as francesas cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e syrah. Este rótulo, no entanto, é só de sangiovese e canaiolo. Prove e memorize o estilo. Goste ou não goste (acho difícil, mas acontece), quando alguém falar em Toscana, você já vai poder citar o Chianti Classico como exemplo.
Já tomou um vinho da Sardenha? Imagino que a maior parte dos leitores responderá que não. Essa ilha italiana ainda é pouco conhecida no Brasil por seus vinhos, mas produz rótulos de bastante prestígio. No dia que visitei o festival, a Ravin abriu um dos mais caros para o público provar, o Agripunica Barrua (de R$ 971,00 por R$ 749,00). Na ficha técnica desse vinho, aparece que ele é feito com 85% de uvas locais e 15% de uvas de origem francesa. A tinta local mais importante é a cannonau, que é o nome local para a garnacha ou grenache, uva típica do Mediterrâneo. Aqui ela costuma ter potência. Outra importante é a monica nera, que não tem outro nome mais conhecido. Pensava-se que ela era parente da listán prieto, que é a país chilena, mas análises genéticas mostram que essa tese estava errado. No entanto, como a país, ela costuma render vinhos leves. E a terceira mais usada é a carignano ou carignan, outra uva mediterrânea que costuma render vinhos bastante frutados.
Nesse dia, a Mistral abriu também uma garrafa do champanhe Pol Roger Brut (de R$ 828,55 por R$ 669,00), um dos mais bem conceituados entre quem entende de vinho. Acabou rapidamente. Eu não tomei. Sugiro que vocês os procurem logo de cara. No entanto, como trabalho com isso, já provei antes. Realmente é um exemplo de elegância e complexidade.
Imagino que alguém já queira reclamar que os vinhos são caros, apesar de que o leitor que se dispuser a ir ao festival poderá bebê-los de graça. Reclamaram quando o ingresso era R$ 300,00, reclamaram quando era R$ 150,00. Acredito que alguns leitores possam pagar o preço que for por um vinho, mas sei que isso é uma minoria, como tudo no mercado de luxo. Não pensem que eu não entendo o lado dos consumidores com menos poder aquisitivo. Eu mesmo não tenho muita bala na hora de comprar. Porém, acredito que mesmo quem não tem dinheiro suficiente para vinhos caríssimos possa querer saber qual o gosto deles. Então, quando vejo uma oportunidade desta, eu aviso. Para os maldosos, garanto que nada do que escrevo aqui é pago, nunca, o que é raro hoje em dia no jornalismo de vinhos.
Fica aqui uma lista de rótulos até R$ 150,00, seguindo o padrão que estabeleci no texto Na minha sacola: três tintos frescos. O espumante espanhol Cava Bonaval Rosado Brut (de R$ 62,90 por R$ 52,90), o branco francês do Languedoc Marius by Michel Chapoutier (de R$ 139,00 por R$ 109,90), o alemão branco e seco Dr Loosen Trocken Riesling (de R$ 139,00 por R$ 109,90), o argentino tinto Cobos Felino Malbec (de R$ 169,90 por R$ 129,90) e o italiano da Toscana, Argiano NC (de R$ 190,00 por R$ 149,90), do mesmo produtor cujo Argiano Brunello di Montalcino 2018 foi considerado o melhor vinho do mundo pela revista americana Wine Spectator
Festival de Vinhos Santa Maria – Santa Maria Empório – Avenida Cidade Jardim, 790, Jardim Paulistano – SP, 5 a 8 de junho e 12 a 15 de junho, 16h às 21h de quarta a sexta-feira, 12h às 20h de sábado, entrada gratuita.
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Fonte: Folha de São Paulo