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A Premium Wines, importadora de Belo Horizonte voltada para vinhos boutique que tem um portfólio muito bacana, está completando 25 anos e, para comemorar, está organizando uma feira de vinhos aberta ao público que passa por Belo Horizonte e São Paulo. Com ingressos a R$ 150,00 e servindo provas de vinhos até de milhares de reais, essa feira é uma ótima oportunidade para aprender um pouco mais sobre vinhos de qualidade.
O gosto pela comida e pela bebida é uma das poucas coisas no mundo em que a grande maioria das pessoas é autodidata. Tirando a ajuda fundamental de nossos pais nos primeiros anos de nossa vida, seguimos sozinhos pela vida descobrindo aromas e sabores, decidindo se gostamos ou não deles, classificando quais são os melhores e quais os piores. Alguns têm oportunidades muito maiores do que outros, claro. Enquanto uns podem viajar o mundo e provar comidas exóticas, outros mal têm dinheiro para um pacote de Miojo. Oportunidade, no entanto, não é tudo. Há muitos que a têm e não a usam. Por outro lado, há quem saiba aproveitar toda e qualquer oportunidade que apareça. Interesse é fundamental. Coragem para provar do novo também.
Se você realmente se interessa por vinhos e gostaria de um dia ser capaz de não só beber grandes vinhos, mas saber de fato apreciá-los, sentir todo o prazer que eles podem oferecer, é preciso treinar. É preciso beber muitos vinhos, de diferentes estilos, e fazer isso de forma consciente, entendendo por que gosta ou não de cada um deles. O ideal é provar também (mas não apenas) vinhos caros, vinhos considerados como especiais por quem entende do assunto. Como fazer isso sem gastar fortunas com vinhos que, de início, você nem vai saber aproveitar? Frequentando feiras e encontros de vinho.
Já escrevi sobre isso em outubro passado no texto Dez vinhos para você pôr no seu currículo. Volto a insistir, pois tenho certeza de que uma visita a esta feira da Premium pode abrir seus horizontes. Você vai poder conversar pessoalmente com 14 produtores de várias partes do mundo. Terá à sua disposição mais de 100 vinhos para provar. Claro que não conseguirá degustar todos. Então, proponho aqui um roteiro com sete vinhos de regiões e castas que todo apreciador de vinhos deve conhecer.
Estou publicando aqui os nomes dos vinhos mais caros de cada desses sete produtores, para você ter uma ideia do nível da degustação. Prove-os com atenção, mas antes prove com a mesma atenção os vinhos mais baratos de cada um desses produtores. Converse, faça perguntas para o produtor e especialmente escute o que ele ou ela tem a dizer. Depois desses sete, siga sua curiosidade, explorando outras garrafas, regiões e estilos. Você deve encontrar ótimos vinhos de bom preço para levar pra casa. Tente fazer como os profissionais: cuspa o vinho depois de sentir suas características. Se quiser beber alguns, tudo bem, mas não beba todos. Você vai ficar bêbado e não vai aprender mais nada.
Jean Collet Chablis Grand Cru Les Clos 2021
Chablis é uma sub-região da Borgonha que fica ao norte, um pouco separada das outras sub-regiões. Produz apenas vinhos brancos.Como em toda a Borgonha (quando se trata de brancos), a uva aqui é a chardonnay. Mas os chablis (os nomes das regiões costumam ser usados para se referir aos vinhos ali produzidos) são únicos, muito diferentes dos brancos do resto da Borgonha e ainda mais diferentes dos chardonnays do novo mundo. São super secos, com aromas minerais e bastante acidez. Essas características costumam ser atribuídas a seu solo, que já foi fundo do mar e é cheio de fósseis (conchas e ossos, ou seja, cálcio).
Como na Borgonha, os vinhos se dividem em genérico, quando a uva vem de várias partes de Chablis, village, quando vem de um dos seus 20 vilarejos, premier cru, quando vem de vinhedos especiais, e grand cru, quando vem de vinhedos ainda mais especiais. Em Chablis, há uma categoria extra, o petit chablis, um vinho ainda mais simples do que o genérico. Quando falo simples, é relativo. Um petit chablis já é um vinho muito bom, um vinho muito elegante.
Este vinho que você vai provar (vamos, porque eu também quero) é um grand cru. Ou seja, o topo de gama. Custa R$ 1.488,00. Jean Collet trará também outros quatro vinhos.
Koehler-Ruprecht Kallstadter Saumagen Riesling Spätlese Trocken 2018
Das uvas brancas, a riesling é considerada como uma das mais nobres, senão a mais nobre. No entanto, não a imagino como uma princesa ou uma rainha, imagino como uma daquelas duquesas tão elegantes quanto mordazes das quais a literatura tanto fala. Elegante é a palavra que mais a define. É bastante aromática, mas não é enjoativa em nada. Tem frutas nos aromas, mas a mineralidade dá o tom. A acidez é gigante, mas não incomoda. Seus vinhos muitas vezes apresentam alto grau de açúcar, mas até isso lhe cai bem, se equilibra com o açúcar.
A vinícola é uma das mais antigas e renomadas de Pfalz, a segunda maior região vinícola da Alemanha, na fronteira com a Alsácia, na França. É um pouco mais quente que outras regiões alemãs, o que resulta em vinhos um pouco mais opulentos. Prove os três rieslings deste produtor e verá do que estou falando. Trocken significa seco em alemão. Este rótulo é o mais seco dos três e custa R$ 520,00.
Villa Oliveira Encruzado 2018
A Encruzado é uma uva branca portuguesa com potencial para produzir grandes vinhos. Não faz muito tempo que ela começou a aparecer e brilhar. Na verdade, até bem pouco tempo atrás os vinhos portugueses eram quase sempre blends, ou seja, misturas de diferentes castas. Ainda hoje há bastante blends, mas algumas uvas têm se destacado e os produtores começam a apostar em varietais.
Originária do Dão, a encruzado costuma render vinhos de guarda. Este mesmo já tem quase 6 anos. O vinho encruzado costuma ser untuoso, ter peso, e ao mesmo tempo fresco. Tem aromas de frutas claras, abacaxi, algo de cítrico. É comum eles passarem por barricas de carvalho, já que têm estrutura para isto. Este é do mesmo produtor da reconhecida Casa da Passarella. As duas vinícolas devem estar uma do lado da outra, mas, se não estiverem, vale a pena andar e provar das duas (aqui você já pode partir para os tintos). Custa R$ 1.050,00.
Rippon Pinot Noir 2016
A Premium é conhecida por sua ótima seleção de vinhos neozelandeses. Por isso, inclui este vinho nesta lista, embora não esteja confirmada a vinda do produtor e só tenha este vinho deles para provar. A Nova Zelândia é um país bastante frio e isso propicia a produção de uvas brancas. E a pinot noir se dá bem onde as brancas se dão bem. Tem casca fina e ciclo vegetativo de médio para curto, o que combina mais com temperaturas amenas.
Não sei se vocês lembram, mas ela costuma render vinhos bastante leves. Quando jovens, eles têm aromas frutados e florais. Este já tem uns aninhos, já deve estar com aromas de couro, tabaco, terrosos, mas ainda deve ter frutas no nariz. Estou curiosa! Custa R$780,00.
Monteleone Rumex Etna Rosso DOC 2020
A Sicília não é a região vinícola mais famosa da Itália, mas tem crescido muito em prestígio. Em especial, a área ao redor do vulcão Etna. Esse vulcão ainda está ativo. Eu mesma já vi ele entrar em erupção. Os solos vulcânicos estão até na superfície, isso rende vinhos menos carnudos, mas bastante estruturados. A grande estrela da região é a uva tinta nerello mascalese. Este é um 100% nerello mascalese. Um complexo e nítido, como diz o guia Gambero Rosso. Levou 94 pontos do crítico Robert Parker. Custa R$ 985,00. Os outros dois tintos que o produtor vai apresentar têm uma grande porcentagem de nerello mascalese e levaram 92 e 93 pontos RP.
Tiberini Campaccio Vino Nobile Di Montepulciano Riserva DOCG 2013
Já ouviu falar de Vino Nobile Di Montepulciano? Não tem nada a ver com Montepulciano D’Abruzzo. No caso deste último, montepulciano é o nome da uva. Trata-se de um tipo de vinho muito gostoso, mas simples. No caso do vino nobile, Montepulciano é o nome da cidade onde ele é produzido. A uva aqui é a sangiovese (prugnolo gantile). No caso deste rótuo, com 5% de canaiolo nero e 5% de mammolo. O vino nobile em geral é um vinho sofisticado, complexo, que ficou meio apagado pelo seu vizinho mais famoso, o brunello di Montalcino. Custa mais barato que esse e, para mim, tem o mesmo nível. Tem aquela rugosidade que eu adoro na sangiovese, as frutas vermelhas e escuras. Evolui para aromas terrosos, animais, de tabaco. Este rótulo já tem 11 anos, deve estar fantástico. Eu certamente vou prová-lo. Custa R$ 728,00. Não é barato, mas um brunello riserva dessa idade certamente seria mais caro.
Brezza Barolo Riserva DOCG Sarmassa Vigna Bricco 2017
Barolo é meu vinho do coração tanto que, na pandemia, fui fazer home office lá da região onde ele é produzido, no Piemonte. Amo a uva nebbiolo. E não estou sozinha. Há uma legião de fãs. Se você nunca provou um, prove todos os cinco que o Brezza estará servindo. Barolo é um dos maiores vinhos do mundo. Bastante tânico, nem sempre é fácil para iniciantes. Para mim, sempre foi, amo seu aroma de rosa, sua fruta negra e, quando começa a envelhecer, a carne que aparece como num brodo. Esta garrafa custa R$ 1.440,00. Prove também o nebbiolo d’Alba, que é mesma uva tratada de uma maneira mais descompromissada. Em geral, vinda de videiras mais jovens. É muito gostoso também.
Premium Wines 25 anos – Belo Horizonte, dia 1 de maio, ingressos esgotados. São Paulo, dia 2 de maio, das 18h às 21h, na Janela, rua Mateus Grou, 458. Ingressos pelo sympla.
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Fonte: Folha de São Paulo