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A criatividade é uma das grandes marcas de chefs envolvidos na alta gastronomia e em restaurantes estrelados. Em São Paulo, parte da expectativa de quem vai a lugares como os premiados D.O.M., Evvai e Maní é se surpreender com combinações e sabores inesperados (além do serviço de luxo e dos altos preços que acompanham).
Isso não é necessariamente o que se espera ao ver uma garagem transformada em um pequeno restaurante bem simples em uma região de galpões industriais como a Barra Funda. Mas o Mescla é consistente em entregar uma comida autoral inspirada e surpreendente, ainda que com cara de pê-efe de bairro, com pratos de metal e sem muita pompa.
A casa do boliviano Checho González se estabeleceu pouco antes da pandemia com um foco em mistura de referências latino-americanas cruzadas com influências europeias, asiáticas e africanas. Parece ousado, mas é uma indicação de que não há muitos limites para a criatividade oferecida ali, e quase tudo funciona bem
Com uma comida autoral e um menu que se transforma com frequência, ele consegue surpreender com preparos inovadores e de qualidade a preços acessíveis.
Os pratos servidos com a ideia de serem compartilhados por toda a mesa eram um dos focos logo após a inauguração, mas acabaram se consolidando mais como entradas –mas ainda são uma área de exploração de novas receitas.
Se na estreia do restaurante uma das surpresas era a combinação de lulas com coração de galinha, agora há um prato de lulas recheadas (R$ 39), que vem empanada com presunto cru e cogumelo em brioche tostado com maionese e vinagrete. É crocante, é macia e equilibra bem os diferentes sabores. Outras boas opções para começar costumam ser os bolinhos de lentilha (R$ 31), como uma reinterpretação de um faláfel, e o peixe empanado (R$ 36).
Em seguida, a cada dia há um novo “mesclinha”, prato em oferta no almoço. Em uma visita no fim de março era um excelente frango com molho de amendoim (R$ 41), com tempero delicado e interessante que entrega bem essa mistura de influências. Com duas coxas cozidas, vem com batatas douradas, milho torrado e uma salada de cebola roxa que deixa mais refrescante.
Mas há também uma série de opções de pratos com presença mais fixa no menu. O pirarucu assado (R$ 64) é um preparo de peixe menos comum na cidade. Consegue conquistar ao ser servido com virado de feijão, vinagrete e folhas amargas grelhadas. Combinação inesperada e muito interessante.
As costelas de porco (R$ 57) não são exatamente uma invenção da casa, mas são servidas bem macias e com ótimo tempero, com feijão-fradinho, banana-da-terra, tomate e batatas.
E o arroz de camarões (R$ 68) é descrito quase como uma releitura de um bobó, com creme de mandioca e dendê, mas é completamente diferente. Tem um caldo leve e equilibrado, com sabor marcante de legumes, além de camarões tenros e pedaços de lula bem macios.
A identidade criativa aparece também nas sobremesas (ainda que sejam apenas duas). A musse de chocolate (R$ 20) é oferecida com este nome simples, mas entrega um preparo que vai com caramelo de manga, maracujá e farofa de castanha de caju. E para reforçar os laços latino-americanos há o três leches (R$ 20), doce bem comum no resto do continente que vem com um bolinho branco mergulhado em uma poça de leite gelado bem refrescante, uma colherada de ótimo doce de leite e raspas de limão.
Em constante mudança, o Mescla faz bem a sua parte ao apresentar sabores novos com simplicidade.
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Fonte: Folha de São Paulo