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A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, uma das mais importantes da América Latina, está sofrendo um desmonte do governo mineiro e corre o risco de encerrar as suas atividades, tal como o projeto de desenvolvimento musical e artístico foi concebido há 16 anos.
Na última sexta-feira, o Instituto Cultural Filarmônica, organização social que administra a orquestra, foi surpreendido com o anúncio de um contrato firmado entre o Sesi-Minas e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, a Codemg, para uma gestão compartilhada da Sala Minas Gerais, a casa da Filarmônica.
O Instituto Filarmônica não foi consultado durante as negociações e soube da notícia pela imprensa local. O documento prevê que a orquestra desocupe a Sala Minas Gerais até o mês de julho.
“Para onde eu vou levar a orquestra? Eu não sei”, diz Diomar Silveira, presidente do instituto.
Em nota, a secretaria da Cultura, pasta liderada por Leônidas de Oliveira no governo Romeu Zema (Novo), afirma que “a Sala Minas Gerais é de propriedade da Codemge e cabe a ela, na forma da lei, fazer a gestão do espaço”. A nota diz ainda que 60% dos recursos da secretaria são destinados à manutenção das atividades da orquestra.
O acordo de gestão pretende transformar a Sala Minas Gerais em um espaço multiuso, podendo abrigar as apresentações da orquestra do Sesi, além de espetáculos cênicos e eventos corporativos.
Inaugurada em 2015 com recursos da Codemg, a sala foi concebida como sede da Filarmônica de Minas Gerais, que fora criada sete anos antes. Sua arquitetura foi pensada aos moldes da Philharmonie de Berlim e da Sala São Paulo. Por isso, o palco e a acústica foram concebidos para receber programas de música sinfônica, com coro e orquestra.
Nesse sentido, Silveira afirma que está em curso uma descaracterização do projeto da Filarmônica. “As prioridades estão invertidas. Podemos alugar o local para outras atividades, mas o prédio foi construído para ser sede de uma orquestra”, diz ele.
A cada semana, a sala recebe concertos da temporada da Filarmônica, como ocorre com as principais orquestras do mundo. Sendo uma organização social, o Instituto Filarmônica renova, a cada ano, o seu contrato de gestão, firmado com o governo estadual.
Uma reportagem publicada pela Folha, em fevereiro do ano passado, mostrou que os repasses do governo para a orquestra têm caído, ano após ano. Os recursos chegaram a R$ 22,5 milhões em 2014, ficaram em R$ 17,5 milhões em 2017, e o mesmo valor foi repassado nos últimos anos.
Em reação à notícia, um abaixo-assinado contra a nova gestão já soma 35 mil assinaturas.
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Fonte: Uol