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Morreu na manhã desta segunda-feira aos 71 anos o professor, sociólogo e cartunista carioca Bonifácio Rodrigues de Mattos, mais conhecido como Ykenga Mattos. Vítima de um infarto fulminante, ele morreu em casa, na cidade fluminense de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde ocorreu seu velório e sepultamento.
Nascido em 1952, Ykenga formou-se desenhista técnico, mas deixou a profissão para militar no jornalismo ilustrativo, ao ingressar, na década de 1970, n’O Pasquim, onde iniciou sua carreira.
Depois, migrou para outras publicações, como jornal Extra, O Dia, O Povo, Última Hora, O Fluminense e Jornal dos Sports, além de publicações do movimento negro, como o jornal Maioria Falante.
Seus trabalhos, sempre em tom muito cheio de humor e deboche, tratavam do racismo na sociedade brasileiro.
Em 2015, Ykenga publicou o livro “Casa Grande & Sem Sala”, pela editora Nitpress, uma paródia bem-humorada ao livro de Gilberto Freyre, “Casa-Grande & Senzala”, com prefácio do colega e amigo Chico Caruso.
A sátira visava através dos quadrinhos combater o mito da democracia racial, referência do pensamento do sociólogo pernambucano.
Ao jornal Extra, sobre o livro, ele declarou: “Tinha muitas charges sobre a questão do preconceito racial, mas é difícil conseguir espaço para publicá-las, nem sempre elas cabiam. Fui juntando algumas e resolvi fazer um livro”, contou o artista. “O livro é uma paródia do ‘Casa-Grande & Senzala’, a bíblia da sociologia, do Gilberto Freyre. Parti para o contraponto, botando o dedo na ferida.”
Três anos depois, voltou ao livro com a obra “Humor à la Carte” e em texto de Haroldo Costa, ilustrou o romance gráfico “A História do Samba Contada em Qaudrinhos”. No ano de 2021, recebeu o prêmio Ângelo Agostini de mestre do quadrinho nacional.
Os trabalhos do cartunista são espalhados em países como o Japão, onde participou de exposições no Yomiury Shimbum, na França, na galeria Angulenie, no Canadá, no São Internacional de Caricatura.
Ilustrou também livros do parceiro Martinho da Vila, a quem incentivou para se candidatar para a Academia Brasileira de Letras e divulgou muitos trabalhos autorais.
Militante do movimento negro, o material de trabalho de Ykenga foi a denúncia do racismo na sociedade brasileira. O artista reencena nos seus traços a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares e liga, de forma crítica, os navios negreiros aos camburões da atualidade.
Ykenga foi diretor da Associação Brasileira de Imprensa e membro da Academia Brasileira da Cachaça.
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Fonte: Uol