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Presente na forma de pasta, ganache ou cobertura, o pistache não é apenas lembrado como sabor de sorvete. Ele alcançou o status de queridinho nos ovos de Páscoa e até mesmo no panetone.
Dados do Google Trends confirmam o interesse entre os brasileiros. As buscas pela castanha atingiram o maior interesse em abril de 2023 e tiveram patamar semelhante em dezembro. Com a proximidade da Páscoa, as pesquisas seguem em curva de ascensão, segundo dados que compreendem o período dos últimos cinco anos.
Outra prova do favoritismo é que o ovo de Páscoa de pistache ficou em oitavo lugar em um ranking das dez comidas mais buscadas no Google no ano passado.
A castanha atingiu a marca de US$ 8,8 milhões em importações no Brasil em 2023, equivalentes a 608 toneladas, e teve um crescimento de 97% em relação a 2022. Os dados são de estudo realizado pela Vixtra, fintech de comércio exterior, com base em dados disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior, e compreendem as últimas duas décadas, a partir de 2003.
Os três principais exportadores para o Brasil são, nesta ordem: EUA com 77,7% (US$ 6,8 milhões) das exportações, seguido pela Argentina com 18,2% (US$ 1,6 milhões) e Irã com 4,1% (US$ 0,4 milhões).
Este último faz parte da história do pistache, que tem origem asiática.
A iraniana Nasrin é a cadbanou (equivalente a chef em farsi) do Amigo do Rei, cozinha em sua própria casa na zona sul de São Paulo, onde serve a culinária persa, conhecida por seus pratos com pistache.
No menu do seu estabelecimento há a sobremesa ranguinak, que consiste em tâmara recheada com nozes, coberta por uma massa de cereais com especiarias e uma pitada de pistache em pó. Nasrin diz que o bolo de pistache também é um sucesso entre os clientes.
Ela vive no Brasil desde 1991 e afirma que quando chegou aqui, ninguém sabia o que era pistache. Achavam parecido com o amendoim, conta.
Nasrin diz que o pistache apresenta uma variedade de tipos semelhante à banana. “Tem banana da terra, banana nanica. No Irã, tem pistache com uma massa maior, um gosto mais suave ou tem mais óleo”, diz a chef, que considera o pistache iraniano o melhor do mundo.
A cor dessa castanha não é esse verde que estamos acostumados, mas sim um verde amarelado, o que para Nasrin seria o pistache de verdade. “No Irã, comemos esse pistache fresco, não tem sal nem açúcar, completamente natural”.
Moda do pistache veio para ficar?
Para Salvador Lettieri, chef executivo de pâtisserie e boulangerie do Instituto Le Cordon Bleu em São Paulo, esse boom não é passageiro, especialmente porque há uma demanda por produtos com pistache de boa qualidade, diferente do passado.
Lettieri afirma que, há quatro anos, a pasta de pistache mais comum no mercado era feita com corante, açúcar e com alguns pistaches quebrados ou essências. “Para a pessoa que comia, não havia diferença. Não tinha um sabor característico de pistache. Sentia-se um gosto doce e nada mais, um sabor artificial”, diz o chef.
O cenário atual é diferente, e como exemplo ele cita a Bacio di Latte. “A marca se destacou no mercado de gelatos, em shoppings e em supermercados. Quando você prova um gelato de pistache, a sua referência era algo doce e colorido, você pensa: ‘eu não estava comendo pistache. Isso sim é pistache’. As pessoas têm mais acesso a um produto que está mais democratizado”, diz Lettieri.
Os produtores de chocolate, gelato, pâtisserie agora se animam a trabalhar mais com esse produto de qualidade. Algo que marca um momento em que as pessoas estão mais dispostas a pagar pela qualidade, afirma o chef.
Marcas estão aderindo à moda do pistache
A Bacio di Latte tem como sabor do coração o pistache, segundo Fábio Medeiros, diretor de marketing da marca. Em agosto do ano passado, a sorveteria fez um festival com sorvetes e doces feitos com pistache, e oferece diversos produtos que contém a castanha, como pavê e chocolates.
“O evento durou dois meses, e percebemos que estávamos realmente dentro de uma febre que já vinha acontecendo, mas entendemos que impulsionamos ainda mais ao trazer outros sabores como uma casquinha especial e milkshake”, diz Medeiros.
Para continuar na onda da castanha, a companhia lançou neste ano pela primeira vez um ovo de colher para a Páscoa feito com casca de chocolate branco, recheado com creme e cobertura de pistache.
O ovo custa R$ 128,00 e, de acordo com Medeiros, eles não estão dando conta do volume de vendas, tanto que em algumas unidades da loja em SP (como na República ou em Perdizes) não há disponibilidade do produto para pedido por delivery no Ifood.
“Diferente do avelã e da gianduia, o pistache tem um equilíbrio entre o doce e o salgado também. Essa é uma experiência sensorial que as pessoas valorizam bastante”, diz Medeiros.
Com o ovo LaNut Pistache (R$ 129,99), a Cacau Show entrou na onda no ano passado. Deu certo, tanto que a empresa é o segundo principal assunto relacionado a pistache na busca do Google Trends. Devido ao sucesso, a companhia transformou esse ovo em uma barra de chocolate.
“[Tivemos] o feedback muito positivo de nossos consumidores em relação ao ovo LaNut Pistache e lançamos a barra de pistache justamente para ser um produto disponível o ano inteiro, e não apenas sazonalmente”, diz Lilian Rodrigues, diretora de marketing da Cacau Show.
Para este ano, a companhia lançou o Duo Gourmet (R$ 84,99), que são duas cascas de chocolate ao leite recheadas com creme de pistache, pistaches torrados com gianduia com amêndoas caramelizadas.
“A realidade é que o brasileiro descobriu o pistache e não largou mais. Por ser o sabor do momento, todos estão com anseio por produtos com pistache”, afirma Rodrigues.
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Fonte: Folha de São Paulo