[ad_1]
Quando Christopher Nolan ainda não era um diretor celebrado —antes de “A Origem” penetrar na terra dos sonhos, “Interestelar” brincar com as leis da física e “Tenet” distorcer todo senso de cronologia— havia “Larceny”.
Em 1995, Nolan dirigiu “Larceny” com um grupo de amigos que ele havia conhecido através da sociedade de cinema do University College London. O curta tem cerca de 8 minutos de duração, foi filmado em preto e branco com câmeras de 16 mm e envolve o roubo de um apartamento.
Essencialmente, essas são todas as informações públicas sobre o filme. Após uma exibição no Festival de Cinema de Cambridge em 1996, ele desapareceu.
Nas décadas seguintes, Nolan, 53 anos, tornou-se conhecido por sua cinematografia expansiva e enredos complexos em filmes como “Amnésia”, a trilogia “Batman” e “Dunkirk”. Agora, ele venceu seu primeiro Oscar por “Oppenheimer”, um filme biográfico de três horas sobre um físico que arrecadou quase US$ 1 bilhão em bilheteria.
A popularidade do trabalho de Nolan tornou o mistério de “Larceny” enlouquecedor para os fãs que desejam assistir toda a filmografia dele, e talvez obter insights sobre seu desenvolvimento inicial como cineasta.
“Quando eu encontrar Deus, não vou perguntar sobre os pergaminhos da Biblioteca de Alexandria, vou pressioná-lo por este filme perdido”, escreveu Dan DeLaPorte no Letterboxd, um site onde as pessoas avaliam e resenham filmes.
DeLaPorte disse em uma entrevista que ele havia navegado por páginas e páginas de resultados de busca do Google e vasculhado o Reddit, Vimeo e sites de mídia underground para tentar encontrar “Larceny”.
A decisão de Nolan de manter “Larceny” privado enquanto divulgava “Doodlebug”, um curta de três minutos de 1997, alimentou especulações entre seus fãs. Ele está planejando transformar “Larceny” em um longa-metragem? Está envergonhado de seu trabalho como jovem cineasta? Nervoso sobre algum conteúdo?
“Na literatura inglesa, há esse termo, ‘juvenilia’, que se refere aos primeiros trabalhos de grandes artistas, quando eram adolescentes ou aprendizes”, disse Matthew Tempest, ex secretário da sociedade de cinema da universidade quando Nolan era seu presidente. “Pode ser frustrante para os fãs, mas acho que eles [os artistas] têm o direito de destruir ou retirar isso [a obra].”
Em 2021, um fã encontrou uma cópia de outro dos primeiros curtas de Nolan, “Tarantella”, de 1990, com a ajuda de uma estação de televisão pública de Chicago. Depois que o filme foi postado no Vimeo, a produtora de Nolan fez uma reclamação por violação de direitos autorais para removê-lo da plataforma. Mesmo assim, a descoberta renovou a esperança entre os fãs de Nolan.
Será que “Larceny” será desenterrado em seguida?
Um Exercício de Treinamento
Na década de 1990, a sociedade de cinema do University College London se reunia semanalmente em um porão de teatro bagunçado com tiras de filme penduradas do teto. Nolan e os outros membros do grupo, incluindo Emma Thomas, sua futura esposa, tinham acesso a câmeras, tripés, trilhos e outras ferramentas de produção cinematográfica. Ele continuou a usar o equipamento depois de se formar em 1993.
Os filmes estudantis proporcionam oportunidades para que os cineastas iniciantes experimentem sua arte e forjem parcerias com atores e membros da equipe, disse Christopher Chan Roberson, que leciona cinematografia na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova York.
“A ideia de fazer um filme estudantil é ter uma noção de processo”, disse Roberson. “É apenas um processo de dizer, ‘OK, talvez eu não tenha feito o melhor filme, mas eu realmente amo trabalhar com este diretor de fotografia e este é o meu diretor de fotografia para a vida’.”
Jeremy Theobald, que interpretou o ocupante do apartamento em “Larceny”, também estrelou no primeiro longa de Nolan, “Following”, sobre um escritor aspirante que conhece um ladrão profissional. David Julyan, que criou a música para “Larceny”, mais tarde trabalhou com Nolan em “Amnésia”, “Insônia” e “O Grande Truque”.
Theobald disse a Darren Mooney, autor de “Christopher Nolan: Um Estudo Crítico dos Filmes”, que o roteiro de Nolan para “Larceny” diferia dos roteiros surreais da sociedade de cinema que ele havia lido.
“Isso era espirituoso”, disse Theobald. “Era engraçado, era sucinto e era sombrio. Tinha um ótimo desfecho.”
“Larceny” foi filmado ao longo de um fim de semana no apartamento de Nolan, disse Julyan, e apresenta repetições de percussão, piano e beixo elétricos de um sintetizador que Julyan havia emprestado.
Em uma entrevista à Vice publicada em 2014, Nolan lembrou de tratar “Larceny” e “Doodlebug” como oportunidades para experimentar técnicas de produção cinematográfica antes de aplicar essas habilidades em “Following”.
“Você pode criar uma máquina de produção muito enxuta e apertada que seria então aplicada para fazer um longa-metragem?”, disse Nolan. Ele acrescentou: “Quando chegamos para fazer ‘Following’, estávamos meio que filmando um curta-metragem todo fim de semana. Então seria um pedaço de dois minutos, três minutos do filme feito todo fim de semana.”
‘Um Artista Muito Controlado’
“Tarantella” vive nas profundezas da internet, e “Doodlebug” está incluído na edição Criterion de “Following”. Mas muito poucas pessoas viram “Larceny”, e isso parece improvável de mudar. Os diretores às vezes evitam lançar seus primeiros trabalhos por receio de que isso possa refletir mal sobre eles, disse Roberson.
“Acho que Chris Nolan não quer se expor”, disse Roberson, acrescentando: “Por que compartilhar algo incompleto do qual você não se orgulha, em vez de ‘Oppenheimer’?”
No livro de Mooney, Theobald disse: “Acho que Chris achou que era muito parecido com ‘Following’, que as pessoas pensariam que era um laboratório para ‘Following'”.
Um porta-voz de Nolan se recusou a comentar.
“Chris é um artista muito controlado, um cineasta controlado”, disse Nigel Karikari, o assistente de direção de “Larceny”, lembrando como Nolan usava uma filmadora para fazer ensaios antes de filmar. “Ele não querer lançar isso é apenas mais uma extensão disso.”
Para DeLaPorte, há um lado positivo na natureza misteriosa e inassistível de “Larceny”.
“Há uma lenda em torno disso agora”, disse ele. “É quase maior do que seria se estivesse disponível. Há essa coisa inatingível que mantém a busca em andamento.”
[ad_2]
Fonte: Uol