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Os encantos de uma sala de cinema vão além do conforto de suas poltronas ou do seu aparato técnico. Cinema é também memória, é afeto. Não à toa, há tanta comoção quando um complexo do tipo na cidade é fechado e transformado em outro tipo de estabelecimento.
Para além da eleição desta edição d’O Melhor de São Paulo, convidamos jornalistas cinéfilos da Redação da Folha para contarem qual é a sala paulistana em atividade que mais marcou a história de cada um. Veja a seguir.
Guilherme Genestreti, editor do Guia Folha:
Espaço Itaú – Augusta
“Foi o lugar que firmou a minha cinefilia, para além das videolocadoras da década de 1990. Matei muita aula no começo dos anos 2000 na companhia de gente como Pedro Almodóvar, Olivier Assayas, Michael Haneke, Gus Van Sant e Wong Kar-Wai. Sentado naqueles enormes bancos de madeira, ainda me pego vendo a multidão se armando no Baixo Augusta e pensando que não há como pensar
o cinema sem pensar também no que está fora das salas.”
Hanuska Bertoia, editora da Primeira Página e autora do blog Baú do Cinema:
Espaço Itaú – Augusta
“Alguns cinemas dos meus tempos de faculdade (leia-se juventude) já não existem mais em São Paulo —Gemini, Astor, Studio Alvorada, Metro, Ipiranga. Mas o Espaço Itaú da Augusta, na região central, está entre os sobreviventes. Em seus 30 anos, manteve uma programação certeira —quem chega lá sem saber o que está em cartaz encontrará sempre algo bom para ver. E há ainda o lindo hall, com o banco de madeira e a foto gigante de Grande Otelo e Oscarito, a livraria, o café do anexo… Poderia enumerar vários filmes a que ali assisti. Mas, ao final, para mim, o Espaço Itaú Augusta é aquele lugar em que a gente se sente em casa, a versão em cinema para o bar em
que conhecemos o garçom.”
Henrique-Artuni, editor-assistente da Ilustrada:
Cinesesc
“Seja na primeira fila, no bar dos fundos ou na ideal cadeira do meio, essa telona a poucos quarteirões da av. Paulista me viu em diferentes momentos da vida. Me viu como cinéfilo ainda incipiente, arrastando minha mãe entre um Candeias e um Visconti, pelas seis horas de um Miguel Gomes, ou dormindo num filme inóspito. Depois, dando os primeiros passos com minha, hoje, esposa, ao som de “Amores Expressos”. E, ainda ontem, soube projetar a justa grandiosidade de “Matou a Família e Foi ao Cinema”, de Neville D’Almeida, estrelando Claudia Raia e um cavalo. Entre rumores de caos,
só vejo excitação, sono e paz na poltrona do CineSesc.”
Isabella Faria, repórter da TV Folha:
Reserva Cultural
“Não posso dizer que escolhi minha faculdade por causa do cinema, mas ter algumas salas de projeção bem embaixo de onde eu tinha aulas todas as manhãs não me pareceu uma má ideia. Foi lá que vi meu primeiro ‘filme cult’, foi lá que participei da minha primeira pré-estreia e foi lá que comprei livros de cinema com meu suado dinheirinho de estagiária. Hoje , a qualidade da programação do Reserva continua impecável, mas uma coisa mudou: agora, eles vendem pipoca e, melhor ainda, é boa!”
Leonardo Sanchez, repórter da Ilustrada:
Cine Belas Artes
“Entre uma aula e outra, e depois entre uma aula e a ida para o estágio, gostava de me sentir pequenino diante das telonas do Belas Artes, engolido pela escuridão solitária das tardes dos dias úteis. Se na infância só passava pela frente e ouvia meus pais falarem sobre a importância daquele cinema tão maltratado pela selvageria da metrópole, um pouco mais velho me tornei frequentador. O Belas Artes se tornou aula do cinema além-Hollywood, ponto de romance e até teste de fidelidade para os amigos, que não podiam desistir do Noitão no meio da madrugada. Uma prova de que o cinema, muitas vezes, funciona como crônica da nossa vida.”
Luciana Coelho, secretária-assistente de Redação:
Cine Marquise
“Meu cinema favorito morreu discretamente em 2020, com a chegada da pandemia, e renasceu como Cine Marquise no mesmo Conjunto Nacional, mas para mim vai ser sempre o Cinearte das sessões de sábado de manhã, organizadas pela escola onde estudava, das maratonas da Mostra Internacional de São Paulo e um e outro blockbuster. De Tarantino a Miyazaki, do americaníssimo ‘Titanic’ ao romeno ‘4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias’, tanto me chegou por ali. Adorava a escadaria (que eu descia correndo, frequentemente atrasada). Adorava tudo. A bombonnière com mesinhas, a sala imensa, a (também finada) Livraria Cultura ao lado para fazer hora até o filme começar e a Paulista toda para passear depois.”
Naief Haddad, repórter especial:
Cinesesc
“Dos clássicos, como ‘A Moça com a Valise’, de Valerio Zurlini, e ‘Os Fuzis’, de Ruy Guerra, aos lançamentos mais inovadores, essa sala da rua Augusta tem sido uma escola de cinema. Vale pela programação regular e pelos festivais bem organizados, mas não só por isso: tem a tela de grandes dimensões (16 m x 8 m) e o bar simpático, separado da sala só
por um vidro —foram muitos filmes tomando café.”
Priscila Camazano, repórter de Política:
Cine Belas Artes
“O cinema de rua guarda um espaço especial na minha memória afetiva. Lá, para mim, a sessão começa muito antes do filme. Comprar o bilhete, a pipoca e sentar no janelão no andar de cima observando o movimento de dentro e de fora já faz parte do passeio. Também tenho a lembrança de pegar um Noitão com amigos e do quanto era divertido.”
Roberto de Oliveira, editor de Projetos e Parcerias:
Cinesesc
“Confortável, espaçoso, tela gigante, som incrível, tudo ali exalta as qualidades incomparáveis de assistir a um filme no cinema. Nasceu e resiste na rua, coisa rara numa cidade cada vez mais refém de espaços de exibição em shopping, com gente mastigando pipoca, sugando o refri em copos gigantescos e olhando a tela do celular. De Arnaldo Jabor a Lina Wertmüller, de Cacá Diegues a Rainer Werner Fassbinder, não há lugar mais propício para homenagear grandes cineastas, exibir filmes esnobados pelos barões das distribuidoras e fazer a gente se enamorar pela sétima arte.”
Sandro Macedo, colunista da Folha:
Cinesesc
“Sempre me senti à vontade ali, como se o cinema pertencesse a mim. E foi o lugar que me deu a chance de rever alguns dos filmes preferidos da minha vida, como ‘O Poderoso Chefão’, ‘Lawrence da Arábia’, ‘O Sétimo Selo’. Sem falar que a sala sempre esteve envolvida com as principais mostras da cidade.”
Teté Ribeiro, repórter especial:
Shopping JK Iguatemi – Sala Imax e Cinesala
“Deu empate no meu coração. Ir ao cinema é uma experiência indissociável da tecnologia, portanto a sala com a melhor projeção, o melhor som, o maior tamanho de tela, e, por que não, o conforto da cadeira, a temperatura do lugar, a limpeza do banheiro. Tudo isso é melhor na Sala Imax do Shopping JK Iguatemi, adoro ir lá. Mas passar a pé na frente do Cinesala, voltando da aula de dança e ver que só tem filme bom em cartaz, comprar ingresso na bilheteria e entrar no cinema sem pensar (nem gastar) muito é uma das cinco coisas que mais adoro na vida.”
Walter Porto, editor de Livros:
Cine Belas Artes
“Se for para escolher só um lugar de boas lembranças, tem que ser esse cinema que já teve tantas fachadas (hoje, é verde e tem prenome Reag). Mas lembro quando vi, atordoado, a fronte vermelho-escura do prédio do ponto da Consolação, onde esperava o ônibus após uma sessão desestabilizadora de ‘Bravura Indômita’. Ou quando, ainda adolescente de All-Star no pé, encarei um Noitão que me mergulhou pra sempre em Paul Thomas Anderson.”
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Fonte: Uol