[ad_1]
Uma região entre o sul de Minas Gerais e o nordeste de São Paulo tem chamado atenção por cultivar cafés que produzem bebidas com notas sensoriais complexas e muito valorizadas.
Localizadas no entorno de uma cratera de vulcão extinto há milhões de anos, as fazendas dessa área têm conquistado prêmios e concursos de qualidade, o que chamou atenção para aquilo que a diferencia das demais regiões produtoras de café do Brasil: o solo vulcânico.
Ainda faltam estudos mais aprofundados para explicar com precisão as razões de a região produzir cafés de tamanha qualidade, mas hipóteses apontam para o fato de que o diferencial está mesmo na combinação da altitude com o solo vulcânico.
Como se sabe, o café da espécie arábica demanda grandes altitudes para produzir bons frutos. Nessa região, os cafezais ficam situados nas elevações criadas naturalmente no entorno da caldeira vulcânica.
Isso resulta em bebidas com sabor doce e a acidez cítrica, segundo o pesquisador Leandro Carlos Paiva, do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais.
“Terras mais altas são mais frias à noite, e de dia ainda mantêm uma temperatura quente o suficiente para manter um desenvolvimento adequado do café. E nas noites frias, o café respira mais e produz mais ácido cítrico. Então existe um balanço entre a acidez e a doçura, e o café é muito equilibrado, muito encorpado, muito doce, porém com equilíbrio perfeito de acidez”, diz.
Outra razão reside nas propriedades do solo em si. “Ele não é considerado um vulcão extinto; é uma caldeira vulcânica que se formou, mas não explodiu. Então nosso solo não é aquele solo de basalto. É um solo de formação vulcânica, mas tem uma formação rochosa muito diversificada, porque é uma elevação que veio de baixo para cima, do magma. Então tem uma complexidade de solos muito maior”, afirma Paiva.
É claro que o sabor final do café depende de inúmeros fatores, como a variedade, a altitude, o processamento pós-colheita, a torra etc. Mas, de modo geral, um café da região vulcânica remete a sabores de frutas amarelas, caramelo e chocolate, com corpo sedoso e acidez cítrica e intensa.
No ano passado, um café da região bateu recorde de preço. Cultivado pela Orfeu em São Sebastião da Grama (a cerca de 250 km de São Paulo), os grãos da variedade gesha cultivados a 1.570 metros de altitude foram vendidos pelo equivalente a R$ 84,5 mil por saca de 60 kg –ou cerca de R$ 1.410,00 por quilo. Foi o maior valor já pago em leilão por um café de processamento natural brasileiro.
O sucesso obtido pelos cafeicultores tem atraído outras culturas e empresas para a região. A própria Orfeu começou a cultivar oliveiras e, com isso, produz azeites que já conquistaram prêmios internacionais. Investidores chineses começaram a testar o plantio de avocado, e o resultado tem agradado.
Para agregar valor ao café, os fazendeiros decidiram se associar, a fim de delimitar a área que de fato está situada no terroir vulcânico. Ao todo, a chamada região vulcânica abrange 12 municípios, sendo oito em Minas –Andradas, Bandeira do Sul, Botelhos, Cabo Verde, Caldas, Campestre, Ibitiúra de Minas e Poços de Caldas– e quatro em São Paulo –Águas da Prata, Caconde, Divinolândia e São Sebastião da Grama.
Agora associados, os produtores pretendem pleitear junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) o reconhecimento da denominação de origem –selo que designa um produto cujas qualidades se devam ao meio geográfico, como o que ocorre na Europa com o espumante da região de Champagne, na França, ou os queijos parmigiano reggiano, na Itália.
O jornalista viajou a convite da Orfeu.
Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo X (ex-Twitter) @davidlucena
Qual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para [email protected]
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
[ad_2]
Fonte: Folha de São Paulo