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A indústria de café do Brasil disse que as declarações do presidente Lula “estão em consonância com a percepção dicotômica que existe em relação ao café brasileiro”.
“O Brasil, maior produtor e responsável pela produção de 40% do café consumido em todo o mundo, fica com uma fatia de apenas 16% do mercado global no comércio do café, enquanto a Suíça e a Alemanha têm, respectivamente, 9% e 8%”, diz a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) em nota enviada ao Café na Prensa.
“Para que haja uma mudança significativa nesse cenário, a Abic entende que é necessário investir ativamente na promoção e no marketing do café brasileiro”, diz a entidade que representa os industriais.
Nesta quarta (13), em evento de inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro, o presidente afirmou que o café brasileiro “ainda precisa de mais divulgação, de mais qualidade e de mais preparo”.
“Porque o Brasil, embora seja o maior produtor de café, quem ganha muito dinheiro com café são Itália e Alemanha, que fazem mais torrefação e vendem as máquinas mais modernas e fazem o café espresso, que todos nós adoramos”, afirmou.
“Nós precisamos então dar um salto de qualidade para que a gente possa fazer jus ao grau de investimento que a gente fez em tecnologia, ciência e genética”, disse Lula.
Apesar disso, o presidente afirmou que houve um avanço no café brasileiro. “Não da capacidade produtiva, mas da qualidade do café”, disse.
“O mundo precisa aprender que o Brasil é um produtor de café de muita qualidade. Porque ainda hoje o café colombiano é mais divulgado do que o nosso, embora a gente seja o maior produtor de café do mundo.”
A Abic reconhece que a Colômbia utilizou uma forte campanha de marketing para promover o seu café ao longo de décadas, “o que resultou em uma percepção de qualidade maior em comparação com o café brasileiro”.
“O resultado deste investimento bem feito no marketing do café colombiano fez com que o país, mesmo produzindo seis vezes menos que o Brasil, tenha 8% da fatia do comércio global”, diz a Abic.
A internacionalização do café torrado, pronto para consumo, de fato é uma das prioridades da indústria cafeeira do Brasil, como havia noticiado o Café na Prensa.
O país é o maior produtor mundial do grão. É também o líder global na exportação do grão verde, que é industrializado —torrado, moído e embalado— por empresas no exterior.
O case da Colômbia é frequentemente apontado como exemplo para o setor. Apesar de ter uma produção muito menor do que a do Brasil, o país conseguiu criar uma imagem internacional de excelência do seu café.
Agora, a indústria brasileira tenta levar para o mundo a mensagem de que o Brasil não tem apenas quantidade, mas também qualidade.
De fato, o Brasil sempre foi visto internacionalmente como produtor de café commodity –de qualidade inferior–, e não de bebidas sensorialmente complexas –fama que acabava ficando com Colômbia e Etiópia, por exemplo.
A realidade, no entanto, vem mudando. Atualmente, o Brasil tem um cultivo enorme de cafés especiais com elevadas pontuações na escala de avaliação sensorial da SCA (Specialty Coffee Association), considerado o principal padrão de verificação de qualidade do setor.
CERRADO
O presidente ainda afirmou que, na década de 1970, segundo ele, o cerrado era visto como “terra imprestável”. “Depois, com o manejo daquela terra, o cerrado passou a ser a região mais produtiva desse país”.
Procurado pelo Café na Prensa, Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, destacou a importância da presença de Lula na região, mas afirma que “‘dentro da porteira’ o produtor brasileiro cumpre muito bem com seu dever de casa, produzindo com alta qualidade como também sustentabilidade”.
“O atual campeão mundial em qualidade pela globalmente conhecida Illy Café é um produtor brasileiro aqui do Cerrado Mineiro”, diz Tarabal.
“Concordo com o presidente que precisamos divulgar mais. Na verdade, o Brasil enquanto país não possui uma estratégia de marca e um plano de longo prazo que considere toda a cadeia, como também não utilizamos de forma estratégica para promoção os cerca de R$ 6 bilhões do Funcafe”, diz.
Veja abaixo as notas da Abic e de Tarabal ao Café na Prensa:
Abic:
As observações feitas pelo Presidente da República estão em consonância com a percepção dicotômica que existe em relação ao café brasileiro. Ao longo dos seus mais de 50 anos de atuação, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) trabalha em defesa da qualidade do café nacional e em prol do aumento no consumo per capita. A entidade foi pioneira na implementação da certificação da indústria nacional. O aumento no consumo per capita dos brasileiros saiu de 2,2 kg em 1989 para 5,12 kg em 2023, uma média de quatro xícaras por dia, o que materializa o trabalho promovido pela ABIC e seus associados na entrega de um café cada vez melhor à mesa dos brasileiros.
O Brasil, maior produtor e responsável pela produção de 40% do café consumido em todo o mundo, fica com uma fatia de apenas 16% do mercado global no comércio do café, enquanto a Suíça e a Alemanha têm, respectivamente, 9% e 8%. Para que haja uma mudança significativa nesse cenário, a ABIC entende que é necessário investir ativamente na promoção e no marketing do café brasileiro. A Colômbia utilizou uma forte campanha de marketing para promover o seu café ao longo de décadas, o que resultou em uma percepção de qualidade maior em comparação com o café brasileiro. O resultado deste investimento bem feito no marketing do café colombiano fez com que o país, mesmo produzindo seis vezes menos que o Brasil, tenha 8% da fatia do comércio global.
A ABIC reafirma o seu compromisso diário com a promoção da qualidade do produto nacional e o apoio incondional à indústria cafeeira brasileira, e reitera o seu posicionamento de que parte dos fundos do Funcafé devam ser destinados para promover a marca Cafés do Brasil no Brasil e no mundo. Dessa forma, é possível fazer com que uma justa parte da riqueza promovida pelo café no mundo fique nas mãos dos nossos produtores, das nossas indústrias e do nosso país.
Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado:
Muito importante a presença de Sr. Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil na região do Cerrado Mineiro nesta inauguração da Eurochem. No que tange às declarações do presidente em relação à cafeicultura, entendemos que “dentro da porteira” o produtor brasileiro cumpre muito bem com seu dever de casa, produzindo com alta qualidade como também sustentabilidade. O atual campeão mundial em qualidade pela globalmente conhecida Illy Café é um produtor brasileiro aqui do Cerrado Mineiro. No que tange à sustentabilidade, nosso país também é líder mundial em área certificada, e temos um movimento crescente em agricultura regenerativa, onde aqui no Cerrado Mineiro já temos quase 30.000 hectares certificados. Concordo com o presidente que precisamos divulgar mais. Na verdade, o Brasil enquanto país não possui uma estratégia de marca e um plano de longo prazo que considere toda a cadeia, como também não utilizamos de forma estratégica para promoção os cerca de R$ 6 bilhões do Funcafe. Fica esta sugestão ao sr. presidente, para qual nós do Cerrado Mineiro e as demais 14 Regiões do Brasil que possuem Indicação Geográfica em conjunto com demais instituições representativas estamos à disposição em colaborar e construir uma agenda coletiva e progressista.
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Fonte: Folha de São Paulo