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Qual a melhor forma de selar um acordo de exploração de minérios com uma potência econômica e geopolítica após ocorrer um massacre na mina objeto do trato e ainda levar alguma vantagem?
Para a chanceler Elena Vernham, é subir ao palco com um vestido sexy, durante um jantar oficial de Estado, e derreter a plateia cantando a balada “If You Leave Me Now” em tom de quem pede carinho.
Elena não é real, claro, mas, nesses tempos de populismo, autoritarismo e exibicionismo em alta, soa bizarramente verossímil. E, ao mesmo tempo, uma caricatura hilária.
A série é uma obra do roteirista Will Tracy (de “O Menu”, com escalas em “Sucession” e no programa do John Oliver) e Kate Winslet, arrancada do costumeiro registro dramático para fazer comédia em “O Regime”.
Na minissérie, que estreia neste domingo na Max, ela é a líder inescrupulosa, hipocondríaca e intimamente insegura de um país fictício na Europa Central. Governa com seu sex appeal e carisma de palco, chamando eleitores de “meus amores” em um sussurro de amante para elevar suas taxas de aprovação.
Ao mesmo tempo, manda prender ministros, grampear cidadãos e abafar massacres cometidos por seu exército. É quase o oposto da heroína dura e sofrida que viveu em “Mare of Easttown”.
A genialidade de Tracy, que Winslet dá corpo e voz, é ter escolhido a comédia para tratar de algo que exaspera estudiosos e líderes democráticos mundo afora, onde grassam os Trumps, Putins Orbans e Maduros, mas também habitam figuras peculiares como Yulia Timoshenko —a ex-premiê da Ucrânia de cabelos impecavelmente trançados à moda tradicional que sucumbiu sob acusações de abuso de poder— ou mesmo Volodimir Zelensky, o comediante alçado a presidente no mesmo país, agora conflagrado pela invasão russa.
Não é uma alegoria no nível de “Borat” ou “O Ditador”, ambos de Sacha Baron Cohen, mas tem seus momentos desconfortavelmente hilários.
Elena não ouve cachorros, pajaritos nem estrategistas ensandecidos, mas, isolada em suas ilusões, se aconselha com seu novo faz-tudo, Herbert Zubak (Matthias Schoenaerts), um soldado que caiu em desgraça após participar do massacre de mineiros no interior do país.
Sem nada ou ninguém a perder, ele é levado ao palácio de governo para acompanhar a chanceler e aferir, permanentemente, os índices de umidade a seu redor —ela acredita ter uma doença pulmonar, a mesma que matou seu pai, agravada por mofo.
Como tudo e todos à sua volta cheiram a decrepitude, o caso é complicado.
A série tem direção de Stephen Frears (“Ligações Perigosas”) em metade dos episódios e de Jessica Hobbs (“The Crown”) na outra metade, além de uma fotografia de tons sóbrios e enquadramentos opulentos que dão conta da magnificência dos dois, bem como os belíssimos figurinos. O elenco, afinado, inclui gente como Hugh Grant e Martha Plimptom.
É o tipo de banquete visual ao qual se assiste com gosto, e de comédia desbragada que às vezes faz rir alto. É, também, o tipo de sátira que se instala na cabeça e nos faz pensar no tamanho do buraco onde o mundo se meteu.
O primeiro dos seis episódios de ‘O Regime’ estreia neste domingo (3), às 23h, na Max e na HBO
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Fonte: Uol