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No primeiro dia de março chega às lojas e plataformas um álbum que, ao mesmo tempo, vai conseguir aplacar as saudades de dois ícones do rock britânico: Oasis e Stone Roses. Com o nome simples e direto, “Liam Gallagher & John Squire”, o disco reúne em dez faixas o vocalista do Oasis com o guitarrista do Stone Roses.
As duas bandas são essenciais na cena roqueira de Manchester. Em 1989, o Stone Roses lançou seu primeiro e homônimo álbum, que levou o grupo direto ao estrelato. A repercussão foi tanta que era correto imaginar que o grupo criaria uma onda gigantesca de sucesso mundial.
Mas a banda se perdeu em excessos variados, levou cinco anos para um segundo disco e ele se mostrou um fiasco, decretando o fim do Stone Roses, exceto uma breve volta sem força e sem discos na década passada.
Todo o Olimpo que parecia aguardar a banda de Squire foi cair nas mãos do Oasis, que lançou seu álbum de estreia em 1994 e se transformou em inegável mania, comandada por Liam e seu irmão Noel, guitarrista e principal compositor da banda.
Depois do último álbum do Oasis, “Dig Out Your Soul”, de 2008, Gallagher formou a Beady Eye, que lançou “Different Gear, Still Speeding” em 2011 e “BE” em 2013. A partir daí, prosseguiu em carreira solo bastante ativa. São três álbuns de estúdio, incluindo “As You Were”, de 2017; “Why Me? Why Not”, de 2019; e “C’mom You Know”, de 2022.
Embora boa parte da crítica não dê o braço a torcer e diga que seus discos soam como reuniões das faixas menos criativas do Oasis, sem o talento do irmão, “C’mon You Know” liderou as paradas britânicas e foi seguido por uma turnê consagradora, que incluiu um show para mais de 100 mil pessoas em Knebworth, em 2022.
Squire seguiu rumo bem diferente. Lançou apenas um álbum com a banda Seahorses, ainda nos anos 1990, e não fez nada depois de seu segundo álbum solo, “Marshall’s House”, de 2004. Tocou aqui e ali, mas passou mais de cinco anos longe dos palcos, quebrando esse jejum justamente como convidado de Gallagher em Knebworth, onde os dois ofereceram à multidão uma performance incrível de “Champagne Supernova”.
Dois singles muito bons foram lançados nas últimas semanas como aperitivo para o álbum. O primeiro, “Just Another Rainbow”, parece uma música do Stone Roses com o vocal de Gallagher. Enquanto o Oasis tinha uma preocupação harmônica típica dos Beatles, o ex-grupo de seu parceiro criava atmosferas de viagem, quase hipnóticas.
Distribuído em seguida, “Mars to Liverpool” se aproxima mais do que o Oasis fazia, com refrão grudento para sair assobiando.
E então chega o álbum, e o resultado é bem melhor do que o esperado. “Raise Your Hands”, que abre o disco, é Oasis em estado puro. A mesma definição serve para “Love You Forever”, que tem todas aquelas pegadas de hard rock setentista que Noel Gallagher adora enxertar em suas composições. No solo, é um momento Hendrix de Squire, que casa muito bem com a canção.
Se alguma faixa pode apontar para uma sonoridade original da dupla, a principal candidata pode ser “Make It Up as You Go Along”, que consegue inovar mesmo num caminho que lembra os típicos singles que as bandas de garagem britânicas gravavam nos anos 1960, tentando ser Beatles ou Rolling Stones.
Ou então “You’re Not the Only One”, com um piano martelado freneticamente como soam as melhores canções agitadas de Elton John em sua juventude. Um dos raros momentos do álbum em que Gallagher e Squire parecem estar se divertindo, já que a dupla não é só carrancuda no palco, também quer ser levada a sério no estúdio.
Também há espaço para Squire provar, pela enésima vez, que é um dos maiores guitarristas da história do rock britânico. O riff criado por ele para “I’m So Bored” é matador, num rock acelerado com a letra mais engraçada do disco, dando chance para Gallagher expor a persona pretensiosa que o marca para todas as gerações de fãs do Oasis: “Eu sou um imperador/ Eu sou um deus/ Eu sou um monstro… E estou enjoado de seus beijos”.
“Mother Nature’s Song” é a quase balada que fecha o disco e já teve uma definição disparada pelo próprio Gallagher: “Poderia entrar em qualquer disco solo de John Lennon”.
Bem, certamente não seria destaque em nenhum deles, mas é até compreensível a brincadeira. Há algo nessa canção um tanto ingênua que lembra o ex-Beatle nos momentos mais pueris.
Em sua conhecida e descontrolada arrogância, Gallagher disse que este é o melhor álbum de rock desde “Revolver”, que os Beatles lançaram em 1966. Depois de dar gargalhadas da empáfia sem tamanho do cantor, é preciso reconhecer que se trata de um ótimo disco, bom apanhado de canções rock and roll como há muito tempo o pop parou de produzir.
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Fonte: Uol