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São Paulo
Há duas semanas no ar, “Renascer”, atual ocupante da faixa das 21 horas da Globo, já conseguiu uma façanha e tanto. Sua primeira fase, assim como a da versão original de 1993, entrou para a história como um dos melhores produtos da TV brasileira de todos os tempos.
Foram 12 capítulos e meio praticamente impecáveis. Texto refinado, direção criativa, atores em estado de graça. Tenho um único senão, que revelarei mais adiante.
Diversas vezes, me pareceu que eu estava vendo uma novela adaptada de um grande clássico da nossa literatura. Só que não: “Renascer” nasceu na televisão, comprovando que o meio de comunicação mais popular do Brasil também é capaz de produzir entretenimento da mais alta qualidade.
A primeira fase deu a muitos integrantes do elenco o melhor papel que eles já tiveram na vida. Humberto Carrão subiu de patamar, criando um José Inocêncio mais do que determinado, mas também um pouco dúbio. Maria Fernanda Cândido surpreendeu como Cândida, apesar de aparecer apenas no primeiro episódio. E Juliana Paes se mostrou madura e pronta para voos maiores, com sua inesquecível Jacutinga.
Sem falar nos novatos. Duda Santos, a Maria Santa, apresentou um repertório emocional imenso para sua tenra idade. Adanilo, que já havia brilhado no filme “Noites Alienígenas”, encantou um público muito maior como Deocleciano. Evaldo Macarrão, que já tem algum tempo de carreira, fez um Jupará envolvente e engraçado. O ator sabe usar bem seu rosto, um dos mais expressivos da TV brasileira.
Soluções como a compilação de vídeos caseiros, exibida para marcar o passar dos anos no capítulo de sexta (2), confirmaram que a direção da novela não brinca em serviço.
E ainda teve o excepcional capítulo de terça passada (30/1), com as mortes dos coronéis Firmino (Enrique Díaz) e Belarmino (Antonio Calloni). Este último matou o primeiro numa sequência digna da trilogia “O Poderoso Chefão”. Já Bellarmino foi morto por um atirador cuja identidade permanece em segredo, com direito a sangue escorrendo num fruto de cacau ainda na árvore.
Mas foram justamente essas mortes que provocaram, no meu entender, um furo no maravilhoso roteiro de Bruno Luperi. Por que tais crimes não atraíram a atenção da polícia? Não tem delegacia na vila sem nome próxima às fazendas? Não apareceu um único investigador disposto a descobrir o(s) culpado(s), mesmo com uma prova óbvia à mão: um rifle, deixado pelo assassino de Belarmino no local do crime.
Bastou o “coronelzinho” Zé Inocêncio afirmar que não tinha nada a ver com aquilo para todo mundo acreditar. Justo ele, a única pessoa interessada em eliminar Belarmino.
A transição da segunda para a primeira fase aconteceu nesta segunda (5). Ainda não ficou claro em que época ela se passa. Na casa de Jacutinga, há um modelo de televisor típico da virada do século, e ninguém tem celular.
Mas tudo isso é o menos. As primeiras cenas da nova etapa não ficaram nada a dever às da fase anterior.
No entanto, é bom não nutrir expectativas muito altas. Ainda há mais de 150 capítulos pela frente, e é simplesmente impossível manter a pegada de minissérie. Vêm aí nossas velhas conhecidas: muita enrolação, subtramas deixadas em banho-maria, capítulos em que nada de relevante acontece.
Novela é assim mesmo, todos sabemos, e pelo menos o público fiel ao gênero não costuma se incomodar com a chamada “barriga”. De qualquer forma, “Renascer” ainda promete grandes momentos. Tomara que cumpra.
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Fonte: Uol