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Vilma Piedade não gosta de ser chamada de ativista. Professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e uma das organizadoras do livro “Nós… Mulheres do Século Passado”, ela cunhou o termo conhecido como “dororirdade”, que mistura as palavras dor e sororidade, para descrever a união criada a partir da dor das mulheres negras.
É da vontade de unir, ou aquilombar, nas palavras dela, que nasce “Nós… Mulheres do Século Passado”, lançado no fim do ano passado. Sem rigor acadêmico, Piedade convidou, junto às outras organizadoras Andréa Pacha e Cristina Gaulia, 76 mulheres das mais diversas origens para escrever textos livres.
Valia poesia, prosa, ensaio, o que viesse à mente. O livro traz ensaios sobre feminismos —no plural— feitos por essas mulheres de 32 a 84 anos, que são cozinheiras, artistas, estudiosas, filósofas e até ministras.
São as chamadas mulheres do século passado, ou seja, nascidas no século 20. “Nascemos no século passado, mas nossos problemas, com ou sem solução, acontecem no cotidiano presente, neste século que estamos atravessando, e não poderia ser diferente”, diz Piedade.
Ela cita Elza Soares ao dizer “eu sou now, meu tempo é o agora”. De fato, os problemas levantados no livro são atualíssimos. É o caso do ensaio de Elisabeth Baraúna, advogada e integrante da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, que escreve sobre os impactos da pandemia de Covid nas mulheres negras.
O livro foi concebido nesse contexto. “Tive essa ideia a partir da pandemia. Onde tudo se tornou virtual, inclusive nossos contatos, trabalho, tempo”, diz Piedade.
O texto de Carla Menezes, escrito em primeira pessoa, sobre ser uma mãe solo também é atual em seu diálogo com uma realidade que persiste. O livro traz, ainda, nomes de grife como Zélia Duncan, Maria Elizabeth Rocha —primeira mulher ministra do Superior Tribunal Militar— e Sueli Carneiro.
Os temas são variados. Muita experiência pessoal entra nas narrativas, e vivências de gênero se misturam às de raça e de sexualidade. São tratados temas como envelhecimento, trabalho, reprodução. Mas cabem reflexões bem-humoradas sobre o amor, caso do texto de Pamela Castro sobre um relacionamento com uma inteligência artificial.
“Aprendemos com quem veio antes, aprendemos com quem veio depois e aprendemos com a juventude, nossa continuidade”, diz Piedade.
Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis
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Fonte: Uol