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Remexendo nos favoritos que vou salvando para ler depois (o que, na maioria das vezes, esqueço de fazer), topei com uma resenha que Los Angeles Times fez para um bar de coquetéis chamado Stay.
É um lugar lindo. Fica na Chinatown angelena, numa casa feita nos moldes de um pagode chinês. Os drinques são igualmente elegantes e bonitos, sendo vendidos por preços que variam de US$ 18 a US$ 24 (R$ 90 a R$ 120).
Toda a carta de bebidas segue um denominador comum: nada tem álcool.
O Goat, que custa US$ 20 (R$ 100), leva gim sem álcool, chás earl grey e english breakfast, xarope de amêndoas e creme de coco, servido morno com espuma de amêndoas e zimbro.
Além dos coquetéis, o bar oferece vinhos e cervejas zero álcool ou com até 0,5% de teor alcoólico, o que dá na mesma para fins legais.
É, como eles chamam nos Estados Unidos, um bar “zero proof”.
Num primeiro exame, um bar sem álcool pode ser posto na mesma categoria dos restaurantes veganos. Equívoco.
Um restaurante vegano ainda é um restaurante que cumpre a finalidade dos restaurantes: alimentar pessoas, ainda que sem produtos de origem animal.
Já a finalidade do bar, creio que os abstêmios concordam, sempre foi servir bebidas alcoólicas. Removê-las por completo rouba do bar sua essência, fica só um bar cênico, cheio de gente sóbria tomando suquinho em taças de cristal.
Um bar de coquetéis com todos os clientes na mesma frequência mental da galera do Starbucks é uma visão do inferno. Melhor bater um açaí com banana na Oakberry.
Nada contra os coquetéis não alcoólicos. Mesmo quem bebe às vezes quer ou precisa pisar no freio, sem apelar para as horrendas cervejas zero ou refrigerantes.
Por que tirar a birita da equação? Religião? Duvido muito. Nos EUA, às vezes é difícil ou caro demais obter um alvará para vender goró, mas tampouco parece ser este o caso.
É puro conceito, pura proposta, puro marketing, pura espuma.
Não apostaria meu dedo mindinho na longevidade desse lugar, mas às vezes acontece. Ainda mais na Califórnia.
No Brasil, um lugar desses fecharia em dois meses.
Não.
Espera.
Acabo de me lembrar que em São Paulo faz sucesso um cabaré sem garotas de programa. Retiro o que disse.
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Fonte: Uol