[ad_1]
Finalmente, é possível beber vinho pulando carnaval de rua! O vinho em lata e a proliferação dos wine bars abriram um milhão de novas possibilidades para quem, como eu, nunca foi de beber cerveja, especialmente cerveja barata. Sempre tive a impressão de que, antes de a gente nascer, Deus fazia a gente escolher se queria beber vinho ou se queria pular carnaval de rua. As duas coisas, não podia.
Posso contar nos dedos as vezes em que realmente caí na folia de rua: em Salvador e em Ouro Preto, no milênio passado; em Recife, por dois carnavais seguidos na virada do milênio, e no Rio de Janeiro, há uns dez anos mais ou menos. Nessas cinco situações, fui completamente doida e bebi caipirinhas e batidas vendidas por ambulantes, cujo gelo não é o mais confiável do mundo e a cachaça, a gente sabe, corre o risco de ser duvidosa (aquela que tem metanol). Nunca deu nada errado, nem dor de barriga, mas em todas essas situações eu sonhava com uma taça de vinho branco ou um ambulante que vendesse mini Chandon. Agora existe latinha de vinho! Vinho bom. Aleluia!
Ficou tudo mais fácil. A gente pode levar na bolsa umas duas ou três latinhas geladinhas. Sugestão: se você for beber mais de uma latinha, o melhor é levar tudo trincando de gelado. A segunda e a terceira lata melhor serem de vinho tinto, pois elas vão esquentar com certeza. Vá comprando água do ambulante no meio do caminho para beber entre uma lata e outra. Vinho não se bebe na mesma velocidade que cerveja. Três latas são o equivalente a uma garrafa de vinho, mas, claro, se quiser beber mais que isso, fique à vontade. É carnaval! Só que é por sua conta e risco.
Há pelo menos dois eventos (que eu saiba) nos quais serão vendidas latas de vinho neste carnaval. Um é uma parceria do bar Bocca Nera e do vinho Somm, da qual vou falar na próxima semana. O outro é o Bloco Largadinho, da cantora Claudia Leitte, que é sócia da Artse, uma startup que seleciona vinhos de pequenos produtores do sul do Brasil para fazer seus vinhos em lata. Para o carnaval 2024, lançaram uma tiragem de mil latas do Artse Claudia Leitte by Vinícola Jolimont, um moscatel rosé. As latinhas já estão no site da marca a R$ 19,00 e serão vendidas ao mesmo preço na lanchonete do bloco, que sai nos dias 11 e 13 em Salvador.
É provável que um ou outro ambulante também comece a vender lata de vinho, mas isso fica difícil de prever. Vai depender da demanda. No entanto, você não precisa beber na rua para pular o carnaval de rua. As grandes cidades do Brasil estão cheias de bares de vinho por tudo quanto é lado. Você pode fazer um esquenta, um intervalo, terminar a noite ou até dar uma entrada rápida em um deles só para comprar uma taça ou uma garrafa, se estiver em grupo, e seguir pulando (para isso, claro, é bom levar a taça de plástico na bolsa).
Vou deixar aqui sugestões de roteiros que unem os bloquinhos e os bares de vinhos de São Paulo para este fim de semana de pré carnaval. Darei os do carnaval na próxima semana. Essas são apenas algumas possibilidades. Há várias outras na cidade de São Paulo e em outras cidades do Brasil. Os horários e trajetos dos blocos podem, e provavelmente vão, mudar. Eles ajustam essas coisas a toda hora. O mais seguro é checar tudo no Instagram @blocosderuasp e no perfil dos blocos também antes de sair de casa. Lembrem-se sempre que é bom reservar. Hoje tudo funciona com reserva. Acho uma chatice, mas fazer o que?
Eu mesma, infelizmente, não vou pular em lugar nenhum porque estou contundida. Fora de campo. Rompi o menisco. Aproveitem por mim. No próximo, eu vou.
Sábado, dia 3
Está aberto oficialmente o carnaval de rua de São Paulo. Uma forma deliciosa de você entrar nele é seguindo o Bloco da Ritaleena. As músicas, claro, são da cantora Rita Lee. Por 9 anos, mesmo Rita sendo viva e cheia de graça, o bloco desfilou em homenagem a ela. Este ano, o primeiro em que ela “virou perfume”, como eles dizem, a homenagem será especial. O Tema é “Para pintar você no céu”. A concentração é ao meio-dia na praça Márcia Aliberti Mammana, na avenida Paulo VI, perto da estação Sumaré do Metrô. A dispersão, às 18h, um pouco pra frente, na avenida Sumaré 1529.
A região não é muito rica em wine bars, mas, na Doutor Arnaldo, perto da estação de metrô, está a Confraria do Queijo e do Vinho, um empório bastante tradicional que tem também um bar. Minha sugestão é fazer um esquenta por ali e chegar um pouco atrasado no bloco. Esse bloco desce em linha reta. Não tem como perdê-lo. O empório tem uma variedade grande de vinhos O preço da mesa é igual ao da loja. A garrafa do espumante espanhol Freixenet Cordón Negro, por exemplo, está R$ 89, 50. A empanada sai por R$ 13,00.
Do outro lado da cidade, na Vila Olímpia, uma das bandas mais tradicionais cariocas, a Bangalafumenga (joão ninguém), que participa também do carnaval paulista desde 2012, desfila pela avenida Faria Lima a partir das 13h, saindo do número 4150 e dispersando no 4500. Esse nome era dado às velhas casas de samba do Rio antigo. Minha sugestão para quem quer seguir esse bloco (e está podendo gastar) é abrir o dia com um brunch na Enoteca Saint VinSaint, que fica na rua Professor Atílio Innocenti, bem perto dali, e está aberta desde às 11h aos sábados. Outro bloco que vai em linha reta. Se atrasar um pouco, é fácil de achar. . A enoteca é o templo do vinho natural em São Paulo. Ali, você encontra a maior variedade de vinhos naturais do mercado. Já que é carnaval, ouse. Tome um pet-nat laranja ou até um espumante de outras frutas que não sejam uva!.
Depois que o bloco passar, às 19h, há duas opções muito boas nas redondezas, o Iaiá Cave a Manger e o Bardega, ambos são um pouco distantes dali, o melhor é pegar um táxi ou um uber. O Iaiá, assim como a enoteca, tem várias opções de vinhos naturais, mas tem também vinhos convencionais. Um dos sócios é o chef francês Benoit Mathurin, de quem falei no post passado. Se no restaurante Esther Rooftop ele tem uma carta só de vinhos brasileiros, no Iaiá ele passeia pelo mundo todo, mas mantém uma ênfase bem grande em Brasil. De 12 tintos, por exemplo, tem 5 brasileiros. As taças começam em R$ 40,00.
Já o Bardega é um dos primeiros bares de vinho da cidade e, certamente, o primeiro a investir pesado em máquinas Enomatics, aquelas máquinas que mantêm o vinho aberto sem estragar. Inaugurado em 2012, até hoje ele é a casa que tem o maior número de rótulos nessas máquinas no Brasil. São 96 vinhos de países, estilos e preços diferentes. A máquina oferece doses de 30 ml, 60 ml ou 120 ml. A mais barata sai por R$ 5,00 (30 ml) e a taça mais cara, por R$ 400,00 (120 ml). Para acompanhar, a croqueta de rabada sai por R$ 51.
Na Vila Mariana, o bloco Doentes da Sapucaí simula o desfile de uma escola de samba com bateria, mestre-sala, porta-bandeira e tudo mais. Tudo isso pelas ruazinhas do bairro. O desfile começa às 14h e vai até às 19h. Sai da rua Marrselhesa e volta para ela. A minha sugestão é que você dê uma pernada (ou pegue um táxi/uber) até o GattoFiga Pizza Bar, que fica a umas dez quadras dali. Lá você encontra uma Enomatic pequena, mas com rótulos bem selecionados a partir de R$ 32 a taça. E já deixe anotado, no feriado de carnaval, eles estarão promovendo o CarnaJazz, com música ao vivo.
Se preferir ficar pelo centro, não faltam opções de blocos nem de bares de vinho. A tendência da região é reunir uma população mais alternativa, com alguma inclinação para a esquerda. Isso acaba valendo também para os blocos que passam por ali. No sábado de manhã, saindo da rua Fortunato, 64, às 11h, e voltando para o mesmo ponto às 16h, o bloco Acadêmicos da Ursal é uma grande tiração de sarro da extrema direita que acredita num complô socialista de dimensões continentais. O termo é sigla da União das Repúblicas Socialistas da América Latina, uma entidade fictícia que Olavo de Carvalho tratou como sendo real. Aqui, minha recomendação é o Elevado Bar que fica a umas duas quadras dali. Gosto bastante desse bar. Tem um ambiente descolado, uma boa seleção de vinhos e comidinhas bem gostosas. Peço sempre a tostada de cogumelos na brasa e a pantumaca + anchova.
Vamos para Pinheiros! Com um núcleo formado por moradores do bairro, o Bloco do Binguelo é uma boa escolha para quem está querendo se enturmar no Carnaval de Pinheiros, que é um dos melhores da cidade. ´Bastante familiar, reúne pessoas de todas as idades e é conhecido por dar espaço para as marchinhas. Este ano, ele desfila só na rua Mateus Grou, uma rua um pouco mais calma no burburinho de Pinheiros. A concentração é às 13h na altura do número 600 e a dispersão, às 19h na altura do 159.
Que tal fazer um esquenta no wine bar da Vinícola Campestre na avenida Pedroso de Morais? A Campestre é a maior produtora de vinhos do Brasil. Boa parte da sua produção é de vinhos populares, feitos de uvas de variedades não viníferas, vinhos como o Pérgola, que vende milhões de garrafas. Agora, no entanto, eles estão também investindo em vinhos finos com o nome de Vinícola Zanotto. Estão fazendo coisa boa. Capital para isso não falta. Na frente do bar, tem uma loja onde você encontra todas as linhas a preços bastante convidativos. No bar, você também pode petiscar.
Depois do bloco, eu daria uma passada no Sede 261 e terminaria no Huevos de Oro. Ou escolheria um dos dois para ir e ficar. As duas casas são da dupla de sommelières Daniela Bravin e Cássia Campos, duas craques das taças. O Sede 261 é uma portinha, dentro tem só um pequeno balcão central e algumas adegas climatizadas. A maior parte dos clientes se distribuem pela calçada em cadeiras de praia. Se você estiver de melindrosa, ninguém vai reparar. A cadeira pode ser de praia, mas as taças são de cristal de ótima qualidade. Elas não servem comida e os vinhos mudam quase todos os dias. As taças começam em R$ 28,00.
O Huevos de Oro é um bar de tapas no mais puro estilo espanhol. Tem patatas bravas, croquetas, tortillas de patatas, huevos rotos, etc. Tem também a melhor carta de jerezes da cidade. Tem jerez de todos os tipos, se você, como eu, é fã, aproveite. Se não conhece, tente um fino para começar. Há também uma boa lista de vinhos espanhóis e alguns brasileiros, que são chamados de vinhos da casa e estão bem mais em conta. As taças de jerez começam em R$ 30,00.
Domingo, dia 4
Domingão de carnaval, não consigo nem pensar em acordar cedo para sair pulando. Então, sugiro o primeiro bloco seja à tarde. Chega já alimentado, carregando umas latinhas para descer a rua da Consolação (que de rua só tem o nome, é avenida) com o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que parte às 14h. Esse é o bloco das celebridades que são gente como a gente (ou, pelo menos, tentam ser). A Alessandra Negrini é a rainha da bateria, o Marcelo Rubens Paiva é porta-estandarte, o Simoninha canta, o Criolo também, a Marisa Orth e o André Frateschi desfilam. É um bloco bastante diverso, que agrada tanto o público gay quanto o hetero. Ele começa na frente do Belas Artes e desce a Consolação.
Está previsto para terminar às 18h. Eu sugiro que você acelere o passo e chegue umas 17h no À Mercê, na Praça da República. Misto de mercearia, café e bar de vinhos, essa casa pequenininha tem uma seleção ótima de vinhos por preços muito interessantes. O espumante argentino Cave Amadeu Brut, por exemplo, está R$ 120. O branco argentino Cara Sucia, que na opinião é quase um laranja, sai R$ 150. As taças começam em R$ 30,00.
O À Mercê pode servir de esquenta também para o Bloco da Salete Campari, um dos preferidos da comunidade LGBTQIA PN+ e agregados. Salete é uma drag queen bastante famosa e traz convidados de peso, como Rita Cadillac. Esse bloco já terá desfilado no sábado, mas no domingo vem com DJs diferentes. Parte da Vieira de Carvalho às 13h e chega ao Largo do Arouche às 19h.
[ad_2]
Fonte: Folha de São Paulo