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É cedo para comemorar, eu sei.
O filho de 11 anos encara um furacão de mudanças.
Mudou de estágio na vida. Tornou-se, clara e evidentemente, um pré-adolescente.
Mudou de cidade. Passou os últimos três anos no interior, indo e vindo para a minha casa em São Paulo. Agora voltou para ficar.
Mudou de fase na escola. Passou para o fundamental 2, que exige mais leitura, mais organização, mais autonomia.
Mudou de escola, pois veio de outra cidade. Novos colegas, novo ambiente, pouca coisa familiar –ele retornou à escola onde fez um mês presencial em 2020, antes de a pandemia fechar tudo.
Depois de semanas de ansiedade (dele, minha e da mãe), o rapaz começou a frequentar as aulas no primeiro dia do mês de fevereiro. Da entrada na hora do almoço à saída no fim da tarde, vivi horas de tensão e expectativa.
Do lado de fora do portão da escola, vi o filhote chegar com um sorrisão escancarado. Empolgado com a nova vida. Foi o ufa mais ufa que já ufei.
O jogo pode mudar na segunda-feira, mas deixem-nos lutar uma batalha por vez. Esta foi vencida e deve ser celebrada.
O filho percebeu que o crescimento vem com uma pilha de cobranças, mas também abre possibilidades que ele não imaginava por acomodação infantil.
É fofo ver como ele se encanta com algo absolutamente banal: poder escolher a própria comida na cantina da escola, sendo as moças atrás do balcão os únicos adultos do recinto.
Sim, muita gente rompeu essa etapa numa idade mais jovem, mas ele é um filho da pandemia. Quando estava para ganhar alguma independência, foi trancado em casa.
Depois, por força da lei ou sensatez sanitária, cada aluno levava o próprio lanche de casa, fosse qual fosse a idade. Na escola da outra cidade, a cantina não havia sido reaberta até o ano passado.
De repente o pivete tem, diante de seus olhos no intervalo das aulas, um universo de esfihas, empanadas, pão de queijo, tapiocas e sanduíches. Mais umas tranqueiras nós pais lhe vetamos desde o nascimento.
Agora é ele com a própria consciência. O diabinho num ombro e o anjinho no outro. O “não deveria desobedecer” contra o “nunca vão saber”.
Nas priscas eras da minha infância, numa portinha sob a escada da escola, dona Nena vendia refrigerantes. Ela os sacava de uma pilha de engradados de madeira armazenados lá mesmo, no calor.
Era horrível, mas tinha o prazer de beber refrigerante sem a mãe por perto.
A escola do meu filho não vende refri, mas vende isotônico e aquele guaraná sem gás no copo plástico. Já o avisei que não é para comprar. Ele disse que não gosta, mesmo,
Sei.
Pensei em escrever esta coluna assim que ele entrou na escola, e pensei em falar da esfiha porque, até onde eu sei, meu filho é fanático por esfiha. A escolha, porém, era do carinha. Esperei até ele voltar.
Aí perguntei: “O que você comeu hoje?”. A resposta, como o antecipado, foi “esfiha”.
Ufa, mais uma vez. Ufei não por causa da esfiha, mas porque ainda conheço as preferências do meu filho.
O jogo pode mudar na segunda-feira. Até lá, sigo comemorando.
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Fonte: Uol