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O setor sucroenergético cresceu ao longo da safra 2023/24 (que se encerra oficialmente em março de 2024) e se fortaleceu em meio ao cenário um tanto quanto desfavorável e desafiador que se desenhou, e se prepara agora para a nova temporada 2024/25, em que a moagem de cana deve ser antecipada.
Até há pouco tempo, a receita das unidades produtoras da região Centro-Sul se restringia à venda de açúcar e etanol de diferentes tipos e mercados e outros produtos secundários, como bagaço, levedura e óleo fúsel. Nos últimos anos, contudo, o leque se ampliou de maneira substancial, já que a atividade deixou de ser protegida por políticas públicas, passando a viver em maior grau a realidade dos riscos de mercado, além do tradicional risco de produção.
Neste ponto, em 2005, a publicação de um artigo de pesquisadores do Cepea sobre diversificação de atividades como gerenciamento de risco na agricultura buscava compreender melhor o comportamento do empreendedor enquanto responsável por organizações agropecuárias – neste caso, de regiões de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. O estudo mostrava como a racionalidade envolvida com a diversificação, enquanto estratégia de gerenciamento dos riscos na empresa agrícola, leva os empreendedores a comportamentos distintos.
No setor sucroenergético, a diversificação do portfólio de produtos em âmbito geral também tem origem a partir da geração de estratégias eficazes na redução da exposição aos riscos. Esse setor passou e passa por mudanças e rearranjos por estar tão engajado nos aspectos de ordem político-legal, econômica, tecnológica, social e, sobretudo, ambiental.
Além disso, os insights que se observam nas plantas industriais caminham na direção de soluções aos problemas decorrentes das mudanças climáticas, com o Brasil ocupando um posicionamento estratégico nesse contexto. A descarbonização do setor de transportes se tornou prioridade ao redor do mundo, principalmente com o consenso da necessidade de se avançar na substituição dos combustíveis fósseis, altamente poluentes.
O biometano é um exemplo, que, na onda da transição energética mais sustentável, surge como alternativa. Com características semelhantes ao gás natural, é produzido a partir do material orgânico residual (vinhaça e torta de filtro da cana-de-açúcar) e de outras fontes vindas do setor de pecuária de corte e de gado leiteiro, suinocultura, além do lixo e esgoto urbano. Segundo a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), 11 novas plantas estão em implantação e/ou esperam aval da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para os próximos anos, além das seis geradoras do biocombustível.
Também nessa linha, a venda de Crédito de Descarbonização (CBIO) passou a integrar a receita dessas empresas. Emitidos por produtores e importadores de biocombustíveis certificados pela ANP, os CBIOs integram o programa do RenovaBio, instituído em 2017 por meio da Política Nacional de Biocombustíveis. Em contrapartida, as distribuidoras de combustíveis fósseis possuem metas anuais de descarbonização baseadas na proporção de combustíveis fósseis que comercializaram e devem adquirir CBIOs para atingir essas metas.
Ainda nessa pegada ambiental, algumas usinas têm comercializado CO2 verde a partir da purificação do biogás e da fermentação do etanol que é utilizado pelas indústrias de bebidas e refrigerantes.
Outro mercado que está sendo observado de perto pelo setor é o de aviação, por meio do Combustível Sustentável de Aviação (SAF, sigla em inglês). Essa demanda ainda é incipiente, mas algumas plantas industriais no Brasil já receberam a certificação mundial ISCC (International Sustainability & Carbon Certification) para a comercialização desse combustível.
Esse novo portfólio, fundado em avanço tecnológico, vem gerando parcerias entre empresas que estão situadas em outros setores da economia, mas que estão inseridas num contexto de preocupação ambiental. Assim, o setor sucroenergético segue em transformação e tomando outras formas em meio às forças internas e externas que a economia determina.
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Fonte: Cepea